'Consequências devastadoras': organização pede apoio psicológico para pais com bebês prematuros
Instituição sediada na Inglaterra aponta para suporte 'irregular' às famílias e alerta que pessoas nessa situação podem ter maior propensão à depressão pós-parto e ao estresse pós-traumático.
Quando Ceri Roberts viu o filho recém-nascido pela primeira vez, não foi da forma que imaginava.
Seth nasceu nove semanas antes do esperado e só podia ser visto em meio a tubos, fios e uma máscara de oxigênio dentro de uma incubadora.
"Foi uma montanha-russa de emoções", lembra Ceri, 35 anos, moradora de Bangor, no País de Gales, Reino Unido.
Seth hoje tem seis anos, é saudável e está indo à escola, junto com o irmão Aron, 4 anos, que também nasceu prematuro. O caçula nasceu com 35 semanas, graças à intervenção de especialistas, já que Ceri entrou em trabalho de parto com 27 semanas da gravidez de Aron.
A Bliss, uma organização sediada na Inglaterra e dedicada aos cuidados de bebês nascidos prematuros ou doentes, está se mobilizando para alertar sobre a atenção que famílias como a de Ceri devem ter.
"Quando um bebê nasce prematuro ou doente e precisa de cuidados neonatais, os pais costumam vir até nós, na Bliss, e descrever que seu mundo virou de cabeça para baixo", disse a diretora de pesquisa e políticas da organização, Josie Anderson.
"Isso traz um enorme volume de ansiedade e estresse às famílias."
A Bliss classifica como "irregular" o suporte psicológico dado aos pais nestas situações e aponta que famílias com nascimentos prematuros podem ter maior propensão à depressão pós-parto e ao estresse pós-traumático.
"As consequências de longo prazo para as famílias podem ser realmente devastadoras."
'Muito assustador'
Ceri Roberts concorda que famílias nestas circunstâncias necessitam de atenção especial. Ela e o marido, por exemplo, viveram dois delicados meses morando em acomodações no hospital, enquanto o primogênito Seth estava internado.
"Senti que a gravidez, o parto e o nascimento prematuro de Seth e Aron, que ter passado um tempo no hospital, foi difícil e diferente dos meus amigos e parentes que têm filhos", diz a mãe.
"Eles podiam voltar para casa (depois do parto), as pessoas podiam ir na casa deles visitá-los, enquanto nós estávamos no hospital, restritos a horários de visita."
"Ao ver Seth pela primeira vez, ele era um pacotinho em uma incubadora enorme, cheio de tubos, fios e uma máscara. Foi muito, muito assustador."
"Eu estava muito feliz por ter um filho e queria compartilhar isso com o mundo. Mas então vinha a preocupação: 'Ele vai ficar bem? Terá algum problema?'"
"Quando Seth ficou na unidade semi-intensiva por algumas semanas, apenas os avós podiam ver-lo. Então, isso foi muito difícil."
Ela elogiou o apoio que recebeu da equipe do hospital, mas diz que poderia haver uma maior estrutura de apoio, como clubes de pais e filhos que tenham nascido prematuros.
No País de Gales, onde Ceri vive, cerca de 8% dos nascimentos são prematuros, segundo a organização Bliss.
No Brasil, uma pesquisa com dados referentes a 2010 estimou que 11,7% dos partos foram de crianças prematuras. O levantamento foi realizado pela Universidade Federal de Pelotas com outras 12 universidades brasileiras, além do apoio do Ministério da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Em sua difícil jornada, Ceri Roberts aprendeu que celebrar alguns marcos é importante.
"Comemoramos quando ele (Seth) conseguiu dormir sem máscara de oxigênio ou quando consegui vesti-los pela primeira vez."
"Pequenos marcos como esse foram grandes conquistas para nós como família."
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