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Rico Vasconcelos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O que você precisa saber sobre o monkeypox no Brasil para esse Carnaval

Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo
Imagem: Ronaldo Silva/Photopress/Estadão Conteúdo

Colunista de VivaBem

17/02/2023 04h00

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O Carnaval chegou! Mais esperado do que o habitual pelos dois anos sem folia, a festa desse ano promete ser memorável. Junto com os blocos e escolas de samba, voltaram também as campanhas sobre cuidados com as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) durante e depois do carnaval.

Reforçar a comunicação sobre prevenção de ISTs em um momento de mais festas e encontros sexuais é fundamental, no entanto, percebo que deixamos de falar de um personagem dessa história que teve um enorme protagonismo em 2022: o monkeypox.

Parte importante desse esquecimento se deu devido a queda do número de casos da doença diagnosticados no país. Depois do primeiro caso identificado em junho de 2022, o Brasil viveu uma explosão de diagnósticos de monkeypox entre julho e agosto, seguida de consistente queda da incidência a partir de setembro.

A queda, entretanto, não foi suficiente para se declarar que a epidemia terminou. Depois da virada do ano, semanalmente casos esporádicos da doença continuam sendo notificados nas localidades que seguem divulgando boletins epidemiológicos de Monkeypox, como São Paulo e Brasília, duas das cidades que concentraram as maiores taxas de incidência do país.

Em todo o Brasil, desde o início da epidemia foram notificados 10.808 casos confirmados de monkeypox, dos quais 4.326 foram no estado de São Paulo. Somente a capital paulista contabilizou 2.952 deles. Apesar de a maioria dos casos terem sido autolimitados, foram registrados no país 15 óbitos em decorrência da doença.

A queda do número de casos pode ser parcialmente explicada pelo fato de a infecção por monkeypox induzir uma imunidade robusta e duradoura contra reinfecções, tornando cada vez mais difícil do vírus encontrar na comunidade uma pessoa suscetível para infectar. Mas, certamente, a redução das notificações pode também estar relacionada ao fato de não se pensar nem suspeitar de monkeypox diante de um determinado quadro clínico.

Basta pensar que, ainda que tenha ocorrido enorme subnotificação, os quase 3.000 casos da doença identificados na cidade de São Paulo correspondem a uma parcela ínfima de uma população de mais de 12 milhões de habitantes.

Em outubro de 2022, o então ministro da saúde Marcelo Queiroga anunciou a chegada ao Brasil de um lote de 50 mil doses da vacina dinamarquesa Jynneos contra o monkeypox. De lá para cá, não se teve conhecimento do desembarque no país de nenhum outro lote da vacina, seja para a rede pública ou para a privada, tampouco do destino das doses do primeiro lote.

O que se sabe, apenas, é que parte das doses será utilizada em um projeto de pesquisa e que a autorização emergencial concedida pela Anvisa para o uso da vacina termina na semana após o Carnaval.

Voltando ao assunto Carnaval, uma vez que teremos a partir de amanhã um gigantesco fluxo de turistas e foliões entre as diferentes regiões do país, desejo inicialmente que todos tenham uma excelente folia, mas também que não se esqueçam da prevenção das ISTs. E depois do retorno, estejam atentos a eventuais sintomas de monkeypox.

A presença de sintomas como febre, aumento de gânglios e lesões de pele não habituais, sendo os três associados ou isolados, deve servir como um alerta para a suspeita da doença e ser suficiente para a procura por atendimento médico.

Sem uma campanha de vacinação e com uma enorme parcela da população ainda suscetível ao monkeypox, esse primeiro Carnaval desde a chegada da covid-19 será uma prova de fogo para as duas epidemias.

Bom carnaval a todos!