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Maratona da Fashion Week começa ofuscada por coronavírus e cerimônia do Oscar

Desfile da estilista Gabriela Hearst na última Semana de Moda de Nova York - Getty Images
Desfile da estilista Gabriela Hearst na última Semana de Moda de Nova York Imagem: Getty Images

Da RFI

06/02/2020 18h18

A temporada de desfiles outono-inverno 2020-21 começou hoje em Nova York com o desafio de driblar o clima de apreensão ligado à epidemia de coronavírus, que tem um impacto direto no setor da moda.

A semana de apresentações de Nova York, que dá o pontapé inicial à maratona fashion, também coincide com os preparativos finais da 92ª cerimônia do Oscar, que pode ofuscar o evento da Big Apple.

Em uma indústria globalizada como é a da moda, uma epidemia de coronavírus representa um verdadeiro pesadelo. Muitas marcas já preveem atrasos nas entregas de seus produtos confeccionados na China em razão do fechamento de muitas fábricas por medida de precaução, enquanto grandes centros de compras, como Hong Kong, já calculam o prejuízo em razão da queda no número de turistas — e consumidores potenciais — que adiaram suas viagens com medo da epidemia.

No caso da fashion week a situação não é muito diferente. A temporada de desfiles, que atrai jornalistas, compradores, celebridades e influenciadores do mundo todo para Nova York, Londres, Milão e Paris — o chamado big four da moda — já espera sofrer o impacto do coronavírus, principalmente em razão da ausência dos asiáticos, cada vez mais presentes no evento.

Em Nova York, que vinha abrindo suas portas para os estilistas chineses nas últimas temporadas, a tensão é palpável. Mesmo se nenhuma marca anulou seu desfile até agora, há temores de que a frequentação do evento despenque.

Holofotes estão na Califórnia

A decisão dos organizadores do Oscar de antecipar a cerimônia deste ano de março para fevereiro também não ajuda os atores da moda nova-iorquina. Afinal, tradicionalmente os desfiles são abrilhantados pela presença das estrelas da 7ª arte nas primeiras filas e, desta vez, muitas delas estarão em Hollywood, se preparando para a festa do cinema mundial, que acontece no próximo domingo (9).

Algumas marcas chegaram a mudar seus planos e transferir suas apresentações para Los Angeles. É o caso de Margherita Missoni ou ainda Scott Studenberg. Mas o principal ausente na Fashion Week de Nova York é Tom Ford, que também leva seu desfile para a Califórnia.

"Não há nada realmente mais visível que Los Angeles no momento do Oscar", explicou o estilista. Detalhe: ele é diretor do Conselho de Designers de Moda dos Estados Unidos (CFDA, na sigla em inglês), a poderosa entidade que organiza os desfiles em Nova York. Uma decisão que pode ser vista como a de um capitão que abandona o barco na hora do naufrágio.

Desfiles de Londres e Milão também podem ser afetados

Mesmo tom do lado de Londres, onde a Conselho da Moda Britânica (BFC, na sigla em inglês) indicou que já espera uma "redução considerável" dos chineses no evento que acontece entre 14 e 18 de fevereiro. Já a Câmara da Moda Italiana (CNMI, na sigla em italiano) preferiu adotar um discurso otimista, oferecendo opções para os habitués do evento.

A entidade anunciou que compradores, jornalistas e estilistas poderão acompanhar os desfiles, ao vivo, via internet. "Nós faremos tudo o que for possível para transmitir aos que estarão longe das passarelas a emoção da moda", declarou Carlo Capasa, o presidente da CNMI.

Três marcas chinesas já avisaram que não vão desfilar em Milão. Elas não conseguiram terminar suas coleções por causa do fechamento de fábricas e ateliês na China. Como medida simbólica, a fashion week italiana decidiu abrir a sua semana da moda com uma marca chinesa. O nome do estilista escolhido ainda não foi divulgado.

Após Milão, a maratona de desfiles segue para Paris, entre 24 de fevereiro e 3 de março. Os organizadores da principal fashion week do calendário informaram que até agora "nenhuma medida especial foi tomada" ligada ao coronavírus.