19 peças de roupas por R$ 590: repórter dá dicas para comprar no Brás

Quantas peças de roupas você acha que é possível comprar com R$ 590? Alguns amigos se surpreenderam quando disse que consegui 19 itens no Brás, um dos bairros de comércio popular mais famosos de São Paulo, onde lojistas do Brasil todo compram para abastecer suas lojas.

As compras foram:

  • 4 bermudas de academia
  • 4 blusas de academia
  • 4 croppeds
  • 1 body
  • 2 saias
  • Um conjunto (colete e saia, ou seja, 2 peças que podem ser vestidas separadamente)
  • 1 coleção de 6 calcinhas (se contasse individualmente, seriam 24 peças!)
  • 1 maiô

Além de ficarem chocados com os preços, alguns relataram que era muito difícil andar pelas diversas ruas do local e ainda encontrar as lojas certas para comprar algo bom e realmente barato.

Como frequentadora assídua (vou pelo menos duas vezes ao ano) há mais de 20 anos, separo no mínimo R$ 500 e sigo para minhas compras de um modo estratégico. Por mais que esse valor pareça pouco, eu garanto que é possível comprar peças diversificadas e de qualidade.

Quando contei para uma colega quanto havia gastado, ela não acreditou e até perguntou se as roupas "prestavam". Como esse questionamento não partiu só dela, resolvi montar um guia com todos os "truques" e dicas para quem deseja renovar o guarda-roupa por lá.

Vá com roupa de academia

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Imagem: Getty Images

Uma das dicas fundamentais de quem compra no local é ir com roupas mais coladas no corpo. Muita gente pode achar estranho, mas um das desvantagens desse centro comercial é que nem todas as lojas permitem provar as peças. Algumas sequer têm provador. Ou seja, tem que vestir a roupa por cima da sua.

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Recomendo sempre ir com bermuda ou calça legging, top de academia e uma blusa fresca, que pode ser tirada, caso faça muito calor. Alguns lojistas são mais rigorosos e não permitem que você prove por cima. Por isso, o ideal é pedir com jeito e, às vezes, dar uma insistida.

Peças brancas também são mais difíceis de serem provadas. O meu conselho é sempre vestir a colorida e ter certeza de que determinado modelo caiu bem no corpo.

Quando não é permitido vestir por cima, mas há opção de troca, compro a peça (caso tenha gostado muito), procuro um banheiro próximo e provo ali mesmo. Dessa forma, é mais fácil ver se ficou bom e, caso não tenha ficado da forma que esperava, consigo trocar no mesmo dia.

Escolha os melhores dias e horários

Cropped custou só R$ 25
Cropped custou só R$ 25 Imagem: Priscila Carvalho

Não é todo mundo que tem CNPJ e pode comprar uma grande quantidade de roupa a preço de atacado. Para isso, a dica é sempre ir às sextas ou sábados e garantir os preços do varejo. Geralmente, são nestes dias da semana que os lojistas abrem para quem também deseja comprar somente algumas peças, mas ainda assim com bons valores.

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Nos demais dias, há lojas que também vendem no varejo, mas as quantidades são mais escassas e os preços costumam variar muito.

Outra alternativa é ir com uma ou duas amigas, seja durante a semana ou no fim de semana. Muitas lojas não exigem que o cliente compre uma quantidade mínima de peças iguais e, a partir de seis peças, paga-se o valor de atacado. Dessa forma, é muito mais fácil economizar e ainda garantir a peça de que gostou.

Brás em dezembro de 2023: se optar por ir no fim do ano, saiba que enfrentará multidões por lá
Brás em dezembro de 2023: se optar por ir no fim do ano, saiba que enfrentará multidões por lá Imagem: Edi Sousa/Ato Press/Folhapress

O ideal também é ir cedo, independentemente do dia escolhido. Algumas lojas funcionam, inclusive, na madrugada e costumam fechar entre 10h e 14h. Já outras abrem a partir das 8h e fecham às 17h. Portanto, caso não queira ir antes do nascer do sol, tente chegar cedinho.

A melhor opção para ir até o Brás é de transporte público. Há opções pela linha três vermelha do metrô e também pelas linhas de trem da CPTM. Ir de carro só funciona caso queira comprar muitas coisas e seja impossível carregar as sacolas na volta para casa. Se optar ir com veículo próprio, o ideal é pagar pela diária do estacionamento e andar muito pelas ruas.

Os preços compensam mesmo?

Às vezes é difícil acreditar em preços tão competitivos como os que são encontrados no Brás. Os valores das peças que eu comprei variam muito e, se comparados a grandes fast fashions, valem muito a economia.

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Um bom exemplo é o conjunto com colete e saia de alfaiataria (veja na foto), em que paguei somente R$ 60. Em lojas como a Zara, somente o colete sai por R$ 279. Até mesmo na queridinha da internet, Shein, um conjunto como esse não sai por menos de R$ 107.

Conjunto comprado no Brás saiu por R$ 60
Conjunto comprado no Brás saiu por R$ 60 Imagem: Priscila Carvalho

Um cropped em linho também foi um grande achado. Paguei apenas R$ 25 e o mesmo modelo em uma loja de grife no shopping Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, custava R$ 99,90.

Sem contar as roupas de academia que também estavam com um preço excelente. Uma bermuda saiu por R$ 20, outra por R$ 25 e a mais cara foi R$ 30. Em lojas de departamento como Renner e C&A, somente um top sai, em média, por R$ 89,90 e as bermudas mais de R$ 99,90.

Além dos preços, a qualidade do material de cada peça é semelhante a de marcas famosas e caras. Aliás, o que muitos lojistas contam é que pessoas do Brasil inteiro vão até o local para comprar e depois revender a preços mais caros em outras regiões do país.

E para garantir peças com boa qualidade, recomendo ir às ruas com lojas boas. Indico as ruas Miller e Oriente para comprar roupas femininas no geral, além dos shoppings All Brás e Vautier. Para moda íntima e de bebê, indico as ruas Maria Marcolina e Barão de Ladário.

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Imagem: Arte/UOL

Pix, cartão ou dinheiro?

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Imagem: iStock

Antes da existência do Pix, era muito comum encontrar pessoas com um "bolo" de dinheiro na mão andando pelas ruas do bairro. De fato, era uma das melhores formas de pagamento, mas longe de ser segura.

Algumas lojas também não aceitavam cartão de crédito ou débito, ou cobravam uma taxa a mais para esse tipo de pagamento, o que não compensa. Atualmente, muitas lojas já aceitam pagamento no Pix ou à vista.

Eu recomendo levar uma pequena quantia de dinheiro em espécie e o celular para fazer o pagamento no Pix. Dessa forma, é possível negociar, pedir desconto e ver qual a melhor possibilidade de pagamento.

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Ah, conselho de uma experiente compradora: nunca fale "me dá um desconto ou tem desconto?", prefira a abordagem "se eu levar X peças de roupas, é possível dar R$ 20 de desconto ou 20%?".

Em lojas maiores e de marcas próprias e famosas, como outlets da Hering e a loja Líquido, é possível pagar com cartão de crédito (sem taxa extra) e ainda parcelar. Portanto, nesses casos levar um cartão de crédito também pode ser boa opção.

O que não fazer

Para fazer compras no Brás, vá de tênis confortável
Para fazer compras no Brás, vá de tênis confortável Imagem: iStock

Na sua primeira ida ao Brás, saiba que é preciso ficar atento e não cometer erros de principiante. Abaixo, algumas dicas certeiras para não cair em roubadas (literalmente) ao andar por ali:

Não vá com bolsas grandes ou que chamem atenção. Opte por doleiras, pochetes ou bolsas pequenas transversais.

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Vá com tênis confortáveis. Não opte nunca por chinelos ou rasteiras.

Tenha paciência para andar, pesquisar e perguntar. Não desista na primeira loja.

Esteja preparado para muitas pessoas, comércio e multidões. Se você não gosta de lugares cheios e com "muvuca", evite.

Não vá em dias de chuva. Quando chove é um dos piores cenários na região.

Não leve crianças pequenas ou animais para fazer compras com você. Pode ser extremamente cansativo e estressante para ambos.

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