'Todo mundo dizia que seriam prematuros; nasceram com 38 semanas e 3,5 kg'

"Eu já tinha quase cinco anos de casada e, quando completei 35 anos, falei para o meu marido: 'Ou eu engravido agora, ou não engravido mais'. Começamos a tentar em março e em julho o resultado foi positivo. Foi no primeiro ultrassom que descobri que teria gêmeos: meu marido amou a notícia, pois é filho único e queria muito que nosso filho tivesse um irmão. A médica disse para voltarmos à recepção da clínica para pagar o segundo ultrassom. Desde então, descobri que gastaria tudo dobrado.

Na gestação, eu me senti muito bem, sem enjoos, com pressão normal, tudo perfeito. A sensação era de felicidade o tempo todo por ter sido um período em que só recebi amor e carinho das pessoas, mesmo as desconhecidas. E na família, todo mundo estava muito feliz.

Porém, era difícil carregar tanto peso — os meninos eram grandes — e eu tinha muita dor na pelve. Chegou um ponto em que eu não conseguia fazer nada da barriga para baixo. Depois do banho, meu marido tinha que secar minhas pernas. Quando ia me deitar, sentava na cama e ele levantava minhas pernas. No final, muita azia e desconforto para dormir — cheguei a dormir com nove travesseiros.

Em geral, eu e meu marido curtimos muito. Ele conversava muito com os meninos. E esse era um momento difícil, pois os dois queriam se mexer e pular, e não tinha muito espaço para isso.

Todo mundo me dizia que seriam bebês prematuros, algo comum em gêmeos. Eu pensava que deveria segurar pelo menos até eles pesarem 2,5 kg. Quando tinha muita dor na pelve, pensava que todo sacrifício era feito pelos bebês e valeria qualquer coisa para eles nascerem saudáveis.

Trabalhei até dez dias antes do parto, quando o médico achou melhor me dar licença. Estava muito pesada e inchada e ainda era o fim do verão. Nesse dias, eu ficava no sofá e só levantava para ir ao banheiro e comer, pois tudo era muito custoso pelo peso da barriga.

No dia marcado para minha cesárea, na 38ª semana, havia mais de 60 partos acontecendo no hospital. O meu atrasou em uma hora e eu tive um pouco de medo de a anestesia não pegar, mas foi tudo tranquilo e mágico. Pura emoção. Os dois nasceram com 3,5 kg e 3 kg e ficaram o tempo todo no quarto, pertinho de mim.

Hoje, quase seis anos depois, fico admirada como eu e meu marido conseguimos e continuamos conseguindo educá-los. Sou muito grata a Deus por essa bênção concedida e tenho certeza de que Ele nunca nos dá algo que não conseguiremos carregar.

Acredito que a maternidade desperta um instinto diferente na mãe e transforma a mulher. É um processo solitário, ainda que você esteja rodeada de pessoas. É preciso ser forte e confiante para passar por todas as fases. Comigo funcionou."

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Angela Azevedo Sivoto, 41 anos, bancária, mãe de Matheus e Diego, 5 anos

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