'Sangramento, fissura e mais: Matteo foi o milagre da minha vida'

"Eu tinha um filho de 2 anos, Lucca, quando descobri que estava grávida de Matteo. Dias depois da descoberta, senti dores abdominais fortes e conversei com a médica, que estava em um congresso nos Estados Unidos. Ela orientou que, que caso de emergência, era importante ir até o hospital, mas disse que voltaria na mesma semana.

Newsletter

Materna

Conteúdos sob medida, com a curadoria de Universa. Semana a semana. Para você viver a maternidade do seu jeito.

Tempo de gestação
Selecione

Ao assinar qualquer newsletter você concorda com nossa Política de Privacidade.

Conheça os conteúdos exclusivos de Materna com acesso ilimitado.

Alguns dias depois, no Dia das Mães, ao completar cinco semanas, tive um sangramento forte na madrugada de domingo pra segunda e fui até a maternidade conforme orientação da médica. Cheguei lá, fiz mil exames, fiz ultrassom e tive o diagnóstico que estava tudo ok com o feto. Ele ainda não tinha batimentos cardíacos, mas isso era supernormal para essa fase. Os médicos do hospital ligaram para a obstetra, e ambos decidiram que era bom ficar afastada por mais alguns dias, até que ela voltasse do congresso para o Brasil.

Dois dias depois, estava no consultório da obstetra e fiz ultrassom. A expressão dela não foi nada animadora. Ela disse que eu tinha um descolamento muito grande e que nunca havia visto uma gestação nesta fase com um descolamento deste tamanho evoluir bem. Pediu que fosse para casa, fizesse o repouso absoluto o máximo que pudesse — já que, com um filho de 2 anos, não há mãe que consiga fazer repouso algum.

A decisão era acompanhar com ultrassons semanalmente e ficar afastada do trabalho. O período coincidiu com uma promoção do meu marido, que assumiria uma chefia no Rio de Janeiro. Só nos veríamos aos fins de semana. Triste, eu não entendia por que o hospital não havia comunicado sobre o descolamento dois dias antes. Dei a notícia para meu marido por telefone da maneira mais otimista possível pois não queria que ele largasse tudo. Ele já havia ficado resistente a aceitar o cargo, quase não tinha ido de tão preocupado que estava. Insisti muito para que ele aceitasse aquela oportunidade. Era muito merecida.

Sozinha, segui naquela semana eterna fazendo o repouso mais absoluto possível, tendo que cuidar do Lucca. Eu tinha muito sangramento, muito! Todas as vezes que sentava e fazia o Lucca dormir, tinha de colocar duas toalhas gigantes para conter e não sujar a poltrona que ficava do lado do bercinho dele. E assim passou a primeira semana.

Ao chegar à consulta, na semana seguinte, a médica colocou o ultrassom e começou a chorar. Ela é a médica mais sensível e humana que já conheci. Aumentou o som quase que no último volume e disse: você está ouvindo isso? São os batimentos cardíacos do bebê! Ele se desenvolveu muito bem nesta semana, milagrosamente seu descolamento diminuiu consideravelmente!

Também chorei. O acompanhamento seguiria sendo semanal até a 12ª semana, mas o bebê estava bem e os batimentos estavam de acordo com a fase. A semana tinha sido muito difícil, mas estava tudo evoluindo bem! Na 12ª semana, a médica me disse que o meu filho era um milagre e que Deus tinha um propósito lindo na vida da minha família. Ela falou que, se naquela segunda-feira na maternidade eles tivessem visto o tamanho do descolamento com o sangramento que tinha, ficaria totalmente a critério do médico do plantão me encaminhar para curetagem. E ele não teria nascido.

Novo sangramento e muito enjoo

A gestação ia bem, apesar de ter vomitado em ambas as gravidezes pelos nove meses inteiros. Com 20 semanas, novo sangramento. Corri para a maternidade e descobri um descolamento de placenta considerável também. Tive mais um afastamento do trabalho: na época, era secretária executiva e tinha regime CLT. Voltamos a acompanhar a gestação semanalmente... O sangramento era grande, mas parecia que Matteo não sentia absolutamente nada do que eu sentia. Seguia pleno e se desenvolvendo perfeitamente.

Continua após a publicidade

Com 24 semanas, tive alta novamente. Lucca, o mais velho, se desenvolveu muito no período, virou um mocinho. Ele sabia que eu não podia pegá-lo no colo. Entrava no carro sozinho, subia na cadeirinha dele e aguardava eu fechar o cinto. Era um parceirão que me ajudava em tudo. Quando eu ia dar banho, ele entrava no ofurô de bebê e eu sentava em um banquinho. Ficava um tempão dando banho nele e contando como Matteo estava na minha barriga. Ele conversava com o irmão e falava que tudo ia ficar bem. Meu anjo, o primogênito.

Dois dias depois de completar 31 semanas, tive uma infecção na laringe e faringe, com febre de 40 graus de madrugada. Não tinha como sair correndo para o hospital com o Lucca, então esperei amanhecer, levei pra escola e nem sei como fui dirigindo sozinha para o hospital.

Lá, fiz exames e fui internada. Tinha perdido muito líquido amniótico e os médicos achavam que ele teria que nascer naquele dia. A médica foi até o hospital, analisou todos os exames e decidiu que poderia ir pra casa, desde que tomasse pelo menos três litros de água por dia. Dia sim, dia não, ia para a maternidade controlar o líquido.

Na consulta de 36 semanas, estava com tudo certo e a possibilidade de parto normal. Ele estava em posição ótima, piscininha cheia e tudo caminhando pra que minha vontade se realizasse. Meu marido tiraria férias em 23 de dezembro, três dias antes de completarmos 38 semanas. Deu certo, Matteo estava indo muito bem. O Natal foi ótimo e dia 26 fomos para a consulta. Ali, descobriram uma fissura na bolsa e decidiram que o parto seria ali mesmo. Estava com um ótimo peso, já não era mais prematuro. Acho que apenas estava com pressa para vir ao mundo. De lá, fomos para a maternidade e às 22h do dia 26 chegou esse figura que mata todo mundo de amor, na cesárea mais humanizada de que já tive notícias. Foi o maior milagre da minha vida!"

Daniela Feixas Molinaro, 41 anos, empresária, é mãe de Lucca, 8, e Matteo, 6

Deixe seu comentário

Só para assinantes