Ela se apaixonou por padrinho de casamento: 'Tentei afastar, mas era amor'

Quando Carolini Melo, de 35 anos, conheceu Jeferson, ele era apenas um amigo do seu marido. Com o tempo, eles ficaram próximos, e o homem se tornou padrinho de seu casamento e do segundo filho dela.

Até que, após o fim de seu casamento, Carolini passou a enxergar Jeferson com outros olhos — e foi recíproco. Mas os comentários de quem via a situação de fora eram ácidos o suficiente para que eles questionassem seus sentimentos.

Depois de muito "negar as aparências e disfarçar as evidências", os dois resolveram ignorar os boatos e dar uma chance ao amor. A Universa, ela conta sua história.

Amigo do ex-marido

"Eu tinha uma filha recém-nascida e morava junto com o pai dela. Conheci o Jeferson quando ele foi visitar o bebê. Ele fazia parte de um grupo de amigos do meu ex, jogava bola com ele.

No final de 2009, descobri que estava grávida de novo e encontrei com o Jeferson, por acaso, na rua. Eu precisava muito conversar com alguém.

Parei ele e perguntei: 'Você não é aquele moço que foi lá em casa?'. Nós conversamos, ele me levou até o portão e nos tornamos amigos também.

Nesta época, eu morava com o pai da minha filha, mas não éramos casados. Esse grupo de amigos ia sempre em casa porque estávamos passando por um momento bem turbulento. Eles estavam junto com a gente, ajudando no que era necessário, com as crianças.

Depois de um tempo, meu segundo filho nasceu. Quando fomos decidir os padrinhos, sabia que queria a minha irmã como madrinha. E decidimos que o Jeferson seria o padrinho.

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Em 2013, eu e meu ex resolvemos nos casar depois de uma crise. Escolhemos os padrinhos entre a nossa família e amigos, e lá estava o Jeferson e a mãe dele. Como nos mudamos, passamos a nos ver menos.

Com um ano de casada, meu ex-marido foi embora e minha vida virou de ponta-cabeça. Eu entrei em depressão, comecei a ter problemas psicológicos.

'Pensei: não deveria fazer isso'

Tenho asma desde criança, mas, nesta época, tive muito mais crises. Tinha de ir ao hospital duas, três vezes por semana. E sempre quem ia comigo era o Jeferson.

Ele me levava, buscava, ficava com as crianças. Ele foi um amigo muito presente neste sentido. Ficamos mais próximos, conversamos mais. Neste meio tempo, me converti ao cristianismo.

Comecei a conversar com ele sobre a igreja, sobre o que estava acontecendo na minha vida, e em um determinado momento ele resolveu ir à igreja e se converteu também.

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No final de 2014, a gente se beijou. E, na minha cabeça, pensei: não deveria estar fazendo isso. Comecei a me questionar.

Começamos a nos relacionar e [as pessoas] começaram a tirar conclusões de que já estávamos juntos [antes da separação]. Fiquei totalmente assustada.

Me preocupava com o que os outros falariam. Via pessoas o agredindo não de forma física, mas se afastavam e evitavam contato. Isso me feria também. Eu queria estar com ele, mas não suportava os outros falando.

'Vivia falsa ilusão'

No dia 9 de dezembro de 2014, tive uma parada cardiorrespiratória [pelo agravamento da asma]. Cheguei ao hospital e fui ressuscitada. Naquele dia, fiquei mal no hospital e, quando voltei, falei: 'acho que é hora de resolver'. Na minha cabeça, ainda tinha de preservar meu casamento, mesmo que ele já estivesse afundado há muito tempo.

Imaginei que as coisas iam mudar, que ia acabar voltando para o meu marido.

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Nem falei com o Jeferson, pedi para a minha mãe avisar que não queria mais vê-lo. Que era para ele sumir, desaparecer, não ter mais contato com as crianças.

Mas não foi assim que aconteceu, porque não era para ser assim. [Meu casamento] já tinha terminado, já tinha acabado. Mas, às vezes, a gente vive com a falsa ilusão de que o que agrada os outros é o certo.

Uns três meses depois, procurei o Jeferson. Eu estava com saudade dele, ele também estava com saudade de mim. Conversamos e falei que queria vê-lo. E ele disse que não queria me ver desse jeito. Que, se eu quisesse ficar com ele, teria de ser de verdade.

'Coloquei status de noiva no Facebook'

Ele avisou que faria um almoço para o sobrinho na casa dele e que eu estava convidada. Mas que só era para eu ir se fosse como namorada dele.

Falei que ia pensar, mas decidi ir. Cheguei e dei um beijo nele. Ele sempre falava que eu nunca o beijava assim, na rua, que estava sempre constrangida e com medo do que os outros iam falar da gente.

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Neste mesmo dia, eu destravei meus medos e coloquei meu status como 'noiva' dele no Facebook, sem ele saber. Foi uma surpresa.

A gente ainda teve episódios de dificuldades, problemas com o que os outros falavam. Fiquei abalada de novo, tentei me afastar dele, mas a saudade era muita.

Eu o queria perto de mim, mas estava difícil encarar as coisas que os outros falavam. Meus filhos chegavam em casa me questionando, e era muito doloroso.

No final de 2015, a gente conversou e decidimos nos casar. No dia 30 de janeiro de 2016, a gente se casou com festa, na igreja.

'Não foi uma paixão avassaladora'

De muitos convidados, recebemos umas 20 pessoas. Teve gente da família que não foi. Mas superamos. Em 2017, engravidei da minha terceira filha.

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A gente fala que ela é o nosso elo. Ela veio para dar uma guinada nas nossas vidas. Minha saúde foi se restaurando, compramos a nossa casa.

Meu amor pelo Jeferson não foi uma paixão avassaladora. Foi tijolinho por tijolinho, a gente constrói todos os dias.

Sou muito feliz e hoje não ligo mais para a opinião dos outros. Tem pessoas que aprenderam a conviver e compreendem, outras simplesmente não falam mais com a gente.

Quem nos ama teve a capacidade de perguntar o que aconteceu. A gente não pode deixar de ser feliz porque o outro se sente triste."

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