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De tentáculo a alien 'XXG': os sextoys monstruosos que atiçam a curiosidade

A loja Monster D vende o que chama de "fantasy sex toy", com direito a tentáculos, chifres de unicórnio e mais - Divulgação
A loja Monster D vende o que chama de 'fantasy sex toy', com direito a tentáculos, chifres de unicórnio e mais Imagem: Divulgação

Martina Colafemina

Colaboração para Universa, em São Paulo

08/08/2023 04h00

Lily, da série "Sex Education", não é a única que cria cenários eróticos com aliens e monstros. Prova disso é que esse universo está cada vez mais presente nos sex shops. Os fantasy toys ou monster toys são dildos, vibradores e masturbadores que evocam o mundo surreal com tentáculos, chifres de unicórnio, formas "alienígenas" e tudo o que a imaginação permitir.

A variedade de tamanhos, com os mais avantajados chegando a 35,5 cm de comprimento e 10,7 cm de diâmetro, contempla também quem busca por desafios e não encontra brinquedos eróticos adequados para isso com facilidade.

A Monster D é a primeira loja especializada em sex toys de fantasia do Brasil. Os sócios Renata Padovez e Henry Oliveira tiveram a ideia durante a pandemia, quando notaram a falta desses produtos no mercado local. Padovez trabalhava no mercado editorial e depois da última experiência, partiu para uma temporada no exterior. Lá, percebeu que os fantasy toys eram muito populares.

Marcas como a americana Bad Dragon e a australiana Geeky Sex Toys foram a inspiração para que Oliveira começasse a criar seus protótipos. O engenheiro de produção já tinha no currículo equipamentos desenvolvidos para Volkswagen e Embraer.

Vimos que tudo fugia do comum. Não só os formatos diferenciados e funcionais, mas também a matéria-prima, a forma de se comunicar com os clientes, de falar sobre sexualidade sem tabus. Padovez

As ideias chegam, principalmente, pelos clientes. O processo de concepção de um novo produto dura de 3 a 6 meses, entre o primeiro rascunho em 3D até os testes e feedbacks dos próprios seguidores.

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Brinquedos eróticos nem sempre precisam do formato fálico para dar prazer; estes 'monstros' provam isso
Imagem: Divulgação

A maioria já chega às redes sociais deles - o Instagram, por exemplo, soma 40 mil seguidores - sabendo o que quer, o que se reflete nas sugestões.

Monstro de silicone

Todos os produtos da Monster D, exceto o vibrador bullet da marca, são fabricados do zero pela equipe. O silicone platinum foi a matéria-prima escolhida após as primeiras pesquisas de mercado, em que os sócios identificaram queixas dos empresários da área.

"Por aqui, não há nenhuma regulamentação específica para os produtos eróticos. Isso resulta em toys feitos de materiais que podem causar alergias, como PVC, cyber skin e jelly. Outros lojistas compartilhavam das nossas queixas quanto à qualidade do material e variedade dos tamanhos", diz a publicitária.

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A loja Monster D vende o que chama de 'fantasy sex toy', com direito a tentáculos, chifres de unicórnio e mais
Imagem: Divulgação

Público desconstruído e não só feminino

A maioria dos clientes da Monster D é jovem, apesar da diversidade de orientações sexuais e gêneros. Adeptos do fisting (introdução da mão toda no parceiro), de troca de casais, produtores de conteúdo do Onlyfans e pessoas trans e não-binárias são grupos fiéis à marca, segundo Padovez.

"Nossos clientes gostam de compartilhar suas experiências e vontades, muitos entram em contato só para contar o que acharam do toy que compraram, alguns até postam nas redes sociais", diz.

Séxologa explica o fetiche

A sexóloga Michelle Sampaio relata que, em seu consultório, o desejo por cenários e brinquedos de fantasia está mais presente em pacientes na faixa dos 20 a 35 anos. Isso pode ser reflexo de uma geração que está mais habituada a universos paralelos, avatares e ficção científica.

"Essa geração vê o sexo de forma mais desconstruída. Com isso, não há necessidade, por exemplo, do sex toy ter formato de pênis ou vagina", explica ela.

O público masculino, tanto gay quanto hétero, é expressivo - cerca de 50%, de acordo com Padovez. "Atendo muitos maridos que buscam os toys e nosso lubrificante para potencializarem as experiências com as esposas."

Liberdade e, para homens, quebra de tabu

Padovez e Sampaio concordam que os formatos não-convencionais fazem com que mais pessoas se sintam livres para experimentar. "Nem todos gostam do formato realístico [de um pênis]. Temos clientes lésbicas e não-binários que preferem o toy com essa outra percepção. Até mesmo os homens héteros preferem, porque não veem o formato convencional como um aliado na cama", diz a empresária.

Na opinião da sexóloga, os tentáculos e criaturas não trazem uma identidade de gênero ou de orientação sexual como um falo, por exemplo. E, por isso, fazem tanto sucesso. "Eles são diferentes e chamam a atenção, mas também permitem que pessoas com interesses diversos se sintam representadas", ressalta.

Os formatos também causam sensações específicas. Os modelos Reaper, Osh e Dom têm um nó - alargamento entre a ponta e a base - que dá a experiência de preenchimento.

Já o Steam Punk é super alongado e a versão GG chega a 35,5 centímetros.

O Scylla, um tentáculo de duas pontas, foi feito para a dupla penetração.

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O modelo Scylla, um tentáculo duplo
Imagem: Divulgação

Os próximos lançamentos da marca são um dildo ejaculador - que funciona por um mecanismo parecido com uma seringa, em que se coloca o lubrificante que fará o papel de sêmen - e o grinder, um vibrador externo.

Além da higienização, Sampaio esclarece que a melhor dica para usar os sex toys mais extremos é explorar.

Entenda se você vai realmente estar confortável em ser penetrado com um sex toy que tem um diâmetro ou comprimento maior. Se for usar com um parceiro, experimente primeiro sozinho.

O uso de lubrificantes também é importante. Testar posições e usar durante o sexo para ver como funciona melhor influencia no resultado. "O mais legal é que eles permitem a fantasia, uma construção, a possibilidade de se fingir um personagem ou brincar, simplesmente", diz.