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'Medo de ter convulsão no parto': epiléptica, Camila Coelho lembra gravidez

De Universa, em São Paulo

19/10/2022 04h00

Acostumada a compartilhar a vida com seus quase 10 milhões de seguidores, a empresária e influenciadora Camila Coelho, 34, agiu diferente quado descobriu que estava grávida. Foi só com 23 semanas, quase cinco meses, que dividiu a novidade em suas redes sociais. O tempo de espera foi um pedido de seu médico por causa de sua epilepsia.

O anúncio da gestação, que se tornou parte de uma série sobre sua gestação no seu canal no YouTube, trazia também uma esperança. Diagnosticada com a doença desde os 9 anos, ela enfrentou o desafio de gerar um filho sem deixar seus remédios de lado. Casada desde 2010 com o empresário Ícaro Coelho, ela sempre quis ser mãe. "Era meu maior sonho e isso já me causava uma ansiedade muito grande. Tive que me preparar muito psicologicamente. Não tem receita mas acredito que, pra mim, a positividade foi chave", diz Camila com exclusividade para Universa.

Camila já tinha ouvido de muitos médicos que para engravidar sendo epiléptica teria que parar de tomar os remédios. Mas com as medicações mais modernas, fez substituições nas drogas e dosagens para que isso trouxesse menos risco ao bebê.

"Foi um longo processo que passei antes de engravidar. E mesmo assim tive muito medo. E se eu tiver convulsão? Grávida, eu poderia perder o bebê. E se o remédio for um risco para meu filho? A cada ultrassom que mostrava que ele estava bem era um alívio", relembra.

Kai Coelho nasceu dia 5 de agosto deste ano depois de um parto que durou quase 24 horas, com alguns sustos e complicações. Camila e o marido moram em Miami, nos Estados Unidos, e, diferentemente do que acontece no Brasil, os partos cesarianas não são comuns em outros países e usados apenas como recursos finais, por isso, Camila passou por muitas fases para ter Kai em um parto normal, como era seu sonho, mas infelizmente não conseguiu.

Relato de parto

Camila começou a ter contrações às 21h do dia 4. Ainda em casa, percebeu que a intensidade da dor estava maior do que as que já tinha sentido anteriormente, por isso decidiu ir para o hospital.

"Estava começando a ter dilatação. Eu tinha certeza que ia ter um parto perfeito. Coloquei na minha cabeça que seria normal e lindo. Queria que o Kai viesse ao mundo quando estivesse pronto", diz. Com apenas dois centímetros de dilatação, Camila achou que seria enviada de volta para casa - a orientação médica nos Estados Unidos é internar somente quando passam os quatro centímetros de dilatação.

"Eu estava com muita dor. Fiz todos os exames e minha pressão estava altíssima. A médica falou que eu poderia ter uma convulsão a qualquer momento, mesmo se eu não fosse epiléptica. Mas o meu risco era maior". Após mais cinco horas de contrações a empresária esperava que sua dilatação evoluísse. Porém isso não estava acontecendo naturalmente.

Camila Coelho pretende voltar trabalhar em breve, mas viajar só depois dos seis meses do Kai Imagem: Reprodução/Instagram

Camila evitou ao máximo receber anestesia, mas com seis horas de trabalho de parto e a pressão ainda muito alta, aceitou receber uma dose baixa da analgesia. "Eu não conseguia aguentar mais a dor. A epidural aliviou um pouco", lembra. Mais tranquila, ela achou que a partir dali daria tudo certo. A dilatação aumentaria e o filho nasceria. Mas em mais quatro horas, evoluiu apenas um centímetro.

Para piorar, Camila começou a sentir os efeitos colaterais da anestesia. "Comecei a me tremer inteira, a boca, os braços. Como se eu estivesse com frio. Foi mais um medo que tive de ter uma convulsão durante o parto. Só pedia proteção para meu filho. Falei com as enfermeiras e elas me disseram que isso normal com a epidural. Podia ser normal, mas assusta".

Deram à Camila remédios para acelerar a dilatação e, com eles, mais um susto: Kai reagiu mal ao medicamento e teve uma queda brusca dos batimentos cardíacos. "Em um certo momento, três enfermeiras entraram correndo dentro do quarto e me colocaram em uma máscara de oxigênio. Eu ficava perguntando o que estava acontecendo e elas me mudaram de posição. Eu vi no monitor que algo tinha caído, me falaram que eram os batimentos cardíacos do Kai", lembra a influencer.

"Eu fui para a Lua e voltei com essa notícia", disse. Isso aconteceu mais duas vezes antes de o médico entrar no quarto e explicar para a Camila os possíveis motivos. "Me tiraram da ocitocina, pois o Kai não tinha reagido bem. Íamos tentar que a dilatação acontecesse de forma natural mais uma vez". Mas isso não aconteceu.

Os batimentos cardíacos de Kai continuavam caindo, o médico suspeitou que, além do remédio, ele poderia estar enrolado no cordão umbilical. "Eu estava exausta, só queria que meu filho estivesse bem. O médico pediu para esperarmos mais uma hora para vermos a evolução. Se passasse disso, teríamos que fazer uma cesariana", conta.

Uma hora depois, o médico decidiu estourar sua bolsa. Nesse momento, as chances de esperar por um parto normal diminuíram já que Kai já tinha feito cocô dentro do útero e correria risco de infecção se optassem por um parto normal. "Saiu um líquido escuro de dentro da minha bolsa. Era perigoso ele aspirar, entrar algo no pulmão e causar uma infecção. Nessa hora, foi decidido que eu iria para a cesárea", diz Camila.

Não conseguir fazer o parto normal foi decepcionante para Camila, e ela se emociona ao lembrar de todas as emoções que passaram por sua cabeça. "Queria me manter positiva, mas comecei a chorar. Senti que eu fracassei por não ter conseguido o parto normal. É um sentimento estranho, difícil de explicar", disse. Passado o susto, ela entendeu que aquela seria a melhor opção para o bebê.

Kai nasceu às 20h50 do dia 5 de agosto. "Na hora que eu escutei o choro dele, eu me desabei. Só consegui segurá-lo por alguns segundos antes que o levassem para ser examinado. Aquele momento mudou minha vida. Não consigo explicar o sentimento de gratidão e felicidade", conta Camila.

Trocas com outras mães

Camila Coelho teve reação a anestesia epidural e Kai reagiu mal a ocitocina Imagem: Reprodução/Instagram

Com sua grande visibilidade, a história de Camila inspirou e emocionou muitas mulheres. Mas também a ajudou em sua jornada. "Muitas mães me perguntaram qual remédio eu tomei, sobre os exames que tive que fazer e compartilhei tudo. Nos momentos em que fiquei com o celular na mão, respondi as mensagens que recebi no Instagram. Eu também li muitas histórias no começo. Essa parte foi muito especial. Pelos feedbacks, acredito que ajudei outras mulheres", disse Camila.

Empresária e dona de duas marcas — Elaluz, de produtos de beleza, e Camila Coelho Collection, de roupas — Camila se organizou para ficar pelo menos três meses sem trabalhar só curtindo a maternidade. "Olha, para ser sincera, eu só queria curti-lo para o resto da vida e não trabalhar mais", brinca.

Aos poucos, ela está respondendo algumas demandas de trabalho, mas viajar só depois que Kai tiver seis meses - e preferencialmente com ele. "Minha rotina vai mudar um pouco. Eu pretendo dizer mais 'não'. Já falei alguns difíceis esse mês, porque Kai é minha prioridade agora e sempre será o primeiro dessa lista", disse Camila.

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