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Troca de parceiro, sem penetrar: soft swing é nova mania de casais liberais

Rafaela Polo

De Universa, de São Paulo

15/07/2022 04h00

Mesmo para quem não é praticante, o termo "swing" é muito conhecido: é a famosa troca de casal durante o sexo. Contudo, um vídeo do TikTok postado por uma americana popularizou uma modalidade: os soft swingers, que são aqueles casais que fazem as trocas, mas sem penetração. Nesse caso, todo o tipo de preliminar é liberado.

Taylor Frankie Paul, que vivia em um casamento mórmon não convencional é que tem 3,6 milhões de seguidores no TikTok, falou em uma live que ela e o marido, assim como outros casais da religião, eram soft swingers, porque trocavam intimidades com outros casais, mas sem chegar na fase da penetração.

"As referências que temos de soft swing são da década de 2000, quando as pessoas começaram a dar essa denominação aos casais que estavam começando a frequentar os swing, mas que ainda eram muito ligados a penetração", diz a especialista em sexualidade Julia Franco, proprietária da Lua e Sol Eróticos. A ideia era incluir esses novos membros aos poucos.

As casas e festas de swing têm muitas regras a serem seguidas, mas os casais que as frequentam também podem colocar limites aquilo com o que se sentem confortáveis ou não. Se a penetração com outra pessoa é algo que incomoda, ninguém é obrigado a fazê-lo.

"É necessário acordo indiferente das práticas. É preciso conversar antes até onde o casal está disposto a ir, como vão se relacionar com as outras pessoas e qual situação é desagradável", diz Jéssica Siqueira, sexóloga da Plataforma Sexo sem Dúvida.

A especialista diz que há relatos de casais que, por tesão, acabam quebrando o acordo e chegando a penetração com outros parceiros. A quebra de acordo pode até mesmo causar separação. "O casal precisa estar em sintonia com o que quer. É comum, não só no swing, uma das partes estar cedendo a vontade do outro e isso gera insegurança e ciúme", diz Jéssica.

Relatos de quem vive o soft swing

Universa conversou com mulheres que usam o site Sexlog, uma rede social de práticas sexuais, que costumam praticar soft swing com seus parceiros.

Cada um com o seu

"Nós praticamos soft swing geralmente quando vamos a baladas liberais. Nós nos relacionamos com outros casais, mas acabamos transando juntos. Estou casada há sete anos e em São Paulo tem muitas baladas liberais, que contam com áreas reservadas para swing e cabines privadas, onde alguns buracos, conhecidos como 'glory hole' (buraco da glória, na tradução literal). Nele, você pode colocar partes do seu corpo para que elas sejam estimuladas porque está na cabine ao lado. Você coloca o bumbum e alguém a penetra com o dedo, o homem coloca o pênis e pode receber sexo oral ou ser masturbado. E você não sabe quem é.

Gostamos dessas cabines privês pela surpresa. Dá tesão não saber quem está te estimulando. Depois, transamos entre nós, com a porta aberta, para que as pessoas possam ver. Nessa hora, tem gente que interage com a gente, coloca a mão e participa de outras formas, mas sem penetração.

Nós praticamos swing de todos os jeitos. Conhecemos alguns casais no Sexlog que só deixam que eu me relacione com a mulher, mas na hora do sexo com penetração, cada um transa com seu marido. É até comum no swing esse tipo de coisas. Por ciúmes, alguns casais fazem essa escola", S.G., 46 anos

Tesão diferente

"Praticamos o soft swing quando queremos ir para curtir mesmo, mais para aproveitar a brincadeira, sem penetração. Entre eu e meu marido não rola ciúmes. Antes de decidirmos entrar para o swing conversamos bastante para não deixar esse sentimento atrapalhar. Claro, que tem um pouco lá no fundinho, porque temos sentimentos um pelo outro, mas tentamos controlar ao máximo.

Nós também fazemos trocas onde podem rolar penetração, mas alguns dias, queremos ir apenas para conhecer pessoas. Não combinamos antes, por isso já rolou troca algumas vezes. Nossas únicas regras são: não pode beijar na boca e tem que usar camisinha sempre.

O soft swing traz um tesão diferente, mas que também é gostoso. O sexo em si não é só a penetração e, ás vezes, curtimos mais um oral do que a penetração em si", Q. S. 37 anos

Como controlar o ciúme?

Por mais que a conversa tenha sido clara e que os combinados estão sendo seguidos, nada impede que, ao ver a parceria com outra pessoa, bata aquele ciúme, desconforto e acabe com o seu tesão. Ficou ruim? Para tudo e abre o jogo. Ninguém deve fazer o que não quer.

"Existem formas de você lidar com o ciúmes. O soft swing é um caminho para construir esses limites de até onde vocês estão dispostos a ir. O que percebo é que, entre os swingers, as pessoas preferem manter a relação com outros apenas sexual, mas sem envolvimento emocional", diz Julia. Para elas, para muitos o sexo não é problema, mas sentir algo por outra pessoa pode ser considerado uma traição.

Para funcionar, o importante é sempre ficar firmes nas regras estabelecidas e repensar o que pode ou não depois de experimentarem. "Se vocês curtiram assim, na próxima pensar se vão fazer algo a mais. É necessário confiança", diz Júlia. Por exemplo, se combinaram que podia fazer oral, mas não beijo, não pode se deixar levar. Mas se a vontade surgiu, por que não repensar? "Não deixem de explorar outras práticas por medo", concluí Júlia.

E sempre usem preservativo.