Topo

Vereadora de Porto Alegre inaugura espaço kids em gabinete: 'Acolhimento'

vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), de Porto Alegre, resolveu montar um Espaço Kids em seu gabinete - Thiago Krebs
vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), de Porto Alegre, resolveu montar um Espaço Kids em seu gabinete Imagem: Thiago Krebs

Franceli Stefani

Colaboração para Universa

18/02/2022 13h06

A vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB) resolveu montar um espaço kids dentro do próprio gabinete, na Câmara Municipal de Porto Alegre (RS). Inaugurado há cerca de um mês, já recebeu dezenas de crianças que vão com as mães até o Legislativo, em busca de apoio. Na maioria dos casos, o apelo é por vaga em creche da rede pública.

Bruna conta que há mulheres que chegam com suas crianças e se desculpam. "É como a mãe se sente quando precisa levar seu filho para um espaço como esse, como se estivesse prejudicando alguém, ela sente culpa. Fico muito feliz quando entram aqui e enxergam no espaço a sensação de acolhimento", detalha. Muitas vezes, as mulheres não têm com quem deixar os filhos e, então, se privam de frequentar locais por serem as únicas responsáveis por esse cuidado.

Embora pequeno, o espaço kids foi construído com recurso próprio e algumas doações. "Como é dentro do gabinete, fica num local reservado. Foi uma atitude individual que queremos, em breve, institucionalizar", revela. A ideia é propor um Projeto de Lei que crie um local público com essa finalidade, para todas as mães que acessarem com seus filhos o Legislativo gaúcho. "Não existe essa facilidade aqui. É importante para garantir que aquelas que forem com seus filhos até o gabinete sejam bem recebidas."

Bruna pondera que é um desafio, embora a Câmara de Porto Alegre tenha a bancada mais feminina do país, com 11 vereadoras. "Vamos elaborar um PL, conforme conseguirmos mostrar o impacto positivo dessa ação. É uma caminhada, ainda estamos em um ambiente hostil para a mulher." A autora da ideia lembra que, há pouco tempo, a Casa montou um fraldário, o que simboliza, em sua visão, um ambiente machista.

Dificuldade para vivenciar a política

Antes mesmo de engravidar, Bruna já respirava política e afirma que é, sim, uma área ainda "ostensiva com as mulheres". De acordo com ela, nem sempre o público feminino com filho é bem recebido e tem acesso às políticas públicas. "Eu sou mãe desde os 16 anos, tive dificuldade para vivenciar a política com a minha filha", reforça.

Segundo ela, o cenário pandêmico deixou ainda mais em evidência a dificuldade dos acessos, principalmente ao mercado de trabalho, às mulheres. "É mais fácil empregar um homem, a carga fica para nós. Nas entrevistas de emprego, uma das primeiras perguntas é se a pessoa tem filho. É um desafio."

Ela lembra que é o público feminino que administra as crianças. "Nem provedores são os homens mais. O filho é da mãe, somos as cuidadoras. Sou mãe solo, vivencio esse sentimento há muitos anos. A maternidade permeia a minha vida desde os 16 anos. Hoje eu tenho 34, e ela, 17."