Topo

Ex-BBB, Juliana Goes fala sobre vida pós-reality: "Tive feridas emocionais"

Ex-BBB Juliana Goes voltou a falar sobre o reality mais de dez anos depois da participação - Divulgação
Ex-BBB Juliana Goes voltou a falar sobre o reality mais de dez anos depois da participação Imagem: Divulgação

Juliana Goes em depoimento a Nathália Geraldo

De Universa

03/05/2021 04h00

"Participei do BBB 8 e só há três anos revi minha história no reality. Precisei de um tempo porque tinha algumas feridas emocionais para curar, expectativas que criei e que não foram correspondidas. Não tinha vergonha, nem me arrependi do programa, mas fiquei bem desiludida e com questões mal resolvidas depois da minha participação.

Ao sair da casa, tinha certeza de que algumas portas iriam se abrir para minha vida profissional. Mas não se abriram. Já era formada em Jornalismo e achava que seria descoberta, para trabalhar como apresentadora, repórter. Queria ter meu espaço na TV, aliás, meu sonho da vida é ter um programa na televisão. Mas o que aparecia para mim eram coisas efêmeras, ser embaixadora de marcas, trabalhar como modelo, o que já tinha feito e estava saturada.

No ano passado, fiz um vídeo no meu canal do Youtube falando pela primeira vez sobre BBB e quem me acompanhava na internet esperava algumas respostas, tinham curiosidade, porque eu não falava nada. Foi depois dele que consegui contar de peito aberto, sem ter gatilhos. Foi bom ter dado tempo ao tempo. O fato de me expor, falar das minhas vulnerabilidades, me deu maturidade e mudou tudo dentro de mim.

"Carreguei o peso de 'não ter acontecido'"

Juliana - Divulgação - Divulgação
Juliana em montagem com momentos de sua vida no reality e após a participação da oitava edição do BBB
Imagem: Divulgação

Na época, o que surgiu foi uma oportunidade de ser atriz e, mesmo com 22 anos na época, soube falar não, porque não era aquilo que eu queria. Fiquei seis meses no Rio, estando sob os holofotes, com paparazzi atrás de mim, mas isso não mudava nada em relação à vida que queria. Carregava o peso de não ter 'acontecido'. Então, decidi voltar para Santos, minha cidade, para recomeçar daqui. E, realmente, nunca faltou oportunidade para mim na TV; um colunista social, JB, abriu as portas para eu trabalhar e depois apresentei um programa no SBT.

Em 2009, resolvi começar a fazer vídeos de tutorial de maquiagem no YouTube, fui uma das primeiras no Brasil a fazer esse conteúdo. E meus amigos até faziam piada com isso: "Por que você fica se maquiando no espelho do banheiro?". A internet não era como hoje. Ali, as coisas foram acontecendo rápido, recebia patrocínios, proposta de clientes e fiquei seis anos falando de beleza, autoestima, com um público fiel. Em certo momento, me questionei por que não me sentia realizada. Sempre fui inquieta em relação às realizações pessoais.

E foi aí que percebi que nada adiantava falar sobre arrumar o cabelo, se não estava olhando para dentro de mim, o que não fazia justamente pelas feridas pós-BBB.

Em 2015, passei a fazer yoga, meditação, terapia. A me preocupar com inteligência emocional. É isso que me ajuda a identificar quando a síndrome da impostora e a autossabotagem vêm. Hoje, continuo falando sobre beleza, mas de forma totalmente diferente, sobre autocuidado, estilo de vida e equilíbrio e sobre você se acolher. Meu papel na internet é plantar a sementinha do autoconhecimento e dar meu exemplo, sendo transparente, algo que não me permitia fazer antes.

Casamento, maternidade e negócios

casamento - Divulgação - Divulgação
Juliana Goes e Christian Wolthers tiveram casamento na Dinamarca, em 2015
Imagem: Divulgação

O Crica [Christian Wolthers] apareceu na minha vida depois do reality, em 2010, um momento em que ainda estava me entendendo. Ele veio da Dinamarca, porque a família dele é de lá, e não sabia que eu era ex-BBB. Me senti mais segura, porque tinha medo que as pessoas se aproximassem de mim por interesse à época. E foi um encontro de muita sintonia: imagina, ele veio de outro continente e morava na minha rua! Nos casamos em 2015, e tive a ideia de fazer um aplicativo, o Zen, do qual somos cofundadores.

Também criamos a empresa Zen Wellness, uma plataforma com aulas online de yoga e meditação, somos investidores anjo de uma empresa de chocolates veganos, a Super Vegan, e investimos em um restaurante japonês vegano em Santos, que também terá unidade em São Paulo. Não é fácil trabalhar com o companheiro, mas ele é meu parceiro de vida, meu grande amigo.

Temos dois filhos: Anne Liv, de 3 anos e 4 meses, e Liam, de sete meses. Para mim, a maternidade é como o reality: escancara coisas da personalidade que você precisa melhorar, todo dia tem um desafio, uma prova de resistência. Mas sei que, se não me acolher, vou me colocar para baixo dia após dia por não ter dado conta das coisas.

juliana e filhos - Divulgação - Divulgação
A santista é casada desde 2015 e tem dois filhos: Anne Liv e Liam
Imagem: Divulgação

Então, sei que não existe mãe heroína, que tem horas que vou perder a paciência, que vou odiar a forma com que falei com meus filhos. E faz parte. Estou dando meu melhor e aprendo com eles, mais do que ensino.

"Estar no BBB é ter uma lupa sobre quem você é"

Voltei a ver BBB só na edição do ano passado, por causa da Bia [Bianca Andrade, a Boca Rosa], que é minha amiga. Antes, entrava numa bad, apesar de sempre sentir saudade da casa. Brinco que queria ir um dia para participar de uma festa, visitar.

Neste ano, resolvi até assinar o pay per view para acompanhar, fiquei curtindo uma festa. Amo a Juliette, minha torcida é para ela, mas também gosto muito da Camilla de Lucas e sempre gostei de acompanhar o Fiuk. Acho que o programa se reinventou de um jeito épico, resgatou o brilho que tinha desde a edição de 2020.

Estar no BBB é ter contato com sua luz e sua sombra, é ter uma lupa sobre quem você é. Aí, surgem lados da personalidade que você não tinha se dado conta.

Quando entrei, ainda era muito imatura, não sentia segurança para colocar minha voz e deixei as pessoas passarem por cima de mim porque não queria contrariar ninguém. Fui criando minha presença ao longo dos anos. Hoje, procuro colocar minha voz quando é necessário."