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#MinhaPrimeiraVez "Depois de 27 anos, me separei e transei de luz acesa"

Depois de uma traição, Lucia se separou. Mas se redescobriu sexualmente em um novo relacionamento. - arquivo pessoal
Depois de uma traição, Lucia se separou. Mas se redescobriu sexualmente em um novo relacionamento. Imagem: arquivo pessoal

Lucia Enaide Rocha em depoimento a Fernanda Colavitti

Colaboração para Universa

31/01/2021 04h00

"Tenho 51 anos. Há oito anos, me separei depois de 27 anos de casada com o único homem que havia tido na vida. Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer algum dia. Na minha cabeça o nosso relacionamento era perfeito, e ele era o "meu felizes para sempre". Eu tinha motivos para pensar assim.

Desde que nos casamos, ele foi um cara amável, gentil, presente, me apoiava em tudo. Não tinha por que eu pensar que nosso casamento estava naufragando. Até o dia em que descobri que ele estava me traindo.

Na verdade, quem descobriu foi o nosso filho. Na época, em 2013, o Mateus estava com 17 anos. Era um domingo feliz, estava preparando o almoço, e o clima estava pesadíssimo entre meu marido e meu filho, que já estava rebelde há algum tempo. Os dois não paravam de discutir, até que meu marido deu um tapa no Mateus, que ficou transtornado.

Ele começou a gritar que o pai estava de sacanagem com a gente e perguntava pra ele quem era Tânia. Meu marido tentou desconversar, mas o Mateus insistiu e disse para eu olhar o celular dele. Peguei o celular e vi as mensagens, as fotos, os vídeos... Foi chocante descobrir que meu marido estava com outra mulher. No mesmo dia pedi para ele sair de casa.

"Tentamos reatar, mas perdi o chão pela segunda vez"

Nos três meses seguintes ele ficou insistindo para voltarmos. Eu dizia que não, mas estava cogitando a possibilidade de voltar. E quando procurei ele para dizer que aceitava reatar, ele disse que tinha percebido que não me amava mais.

Perdi o chão pela segunda vez. Comecei um processo de tristeza e apatia completa. Passei uns 3 meses chorando, não saía casa, não queria encontrar ninguém. Até que resolvi fazer terapia. Comecei, lentamente, a olhar para mim, e percebi que eu tinha vivido tanto tempo junto com outra pessoa, que eu não sabia quem eu era sozinha.

Quando estava me recuperando, ele estava precisando sair do lugar em que estava morando temporariamente, e eu ofereci para ele ficar em casa, achando que ele ia querer ficar comigo de novo. Ele foi, mas ele só queria uma casa e alguém para cuidar da comida e das roupas dele, enquanto ele curtia a vida de solteiro.

Comecei de novo a entrar no processo de depressão, então tomei coragem e mandei ele ir embora de vez. Assim que ele saiu, eu apertei a tecla do "sou solteira", pedi o divórcio e fui reconstruir a minha vida. Já havia se passado quase um ano.

"Meu filho que me convenceu a ir ao encontro"

Comprei um apartamento com o dinheiro da venda da nossa casa, voltei a estudar, fiz cursos, e comecei a sair com as minhas amigas, que foram fundamentais nesse processo de cura, de resgate do meu amor-próprio. Mas eu ainda não me sentia preparada para conhecer outros caras.

Em novembro de 2015, depois de muita insistência das minhas amigas, acabei topando conhecer um amigo de uma delas, o Carlos. Deixei que ela passasse meu telefone para ele, mas não dei muita importância, até ele receber a mensagem: " Oi linda, adorei o seu sorriso". Adorei a abordagem. Conversamos durante mais ou menos um mês por whatsapp, até o primeiro encontro.

Ele tinha se acidentado, e estava de repouso, então me convidou para ir até a casa dele. Logo de primeira eu recusei, não achava legal visitar um homem na casa dele, e também estava com medo de ele não gostar de mim pessoalmente. Quem me convenceu a ir foi o meu filho.

No fim de semana seguinte, eu me produzi toda e fui. Tudo transcorreu maravilhosamente desde o primeiro momento, parecia que a gente se conhecia há anos. Não paramos de conversar um minuto, contei toda minha vida pra ele, ouvi tudo sobre a vida dele. Nunca me senti tão à vontade com uma pessoa. Mas nesse dia só rolou um beijo no rosto. Continuamos nos encontrando, mas não passamos do beijo na boca e dos abraços.

"Na nossa primeira noite seduzi, fui seduzida e gozei duas vezes"

E assim continuamos por uns dois meses, até a noite de 23 de dezembro em que, depois de um jantar na casa dele que tinha tudo para ter sido uma catástrofe, finalmente rolou. Eu realmente não estava planejando que fosse acontecer naquele dia. Ainda não me sentia preparada para transar. Jantamos, tomamos vinho, conversamos, estava tudo ótimo.

Até que, depois do jantar, fui até o banheiro, e quando saí de lá, quase caí de costas: ele estava peladão no meio da sala! Fiquei em choque e voltei correndo pro banheiro. Sei lá porque eu fiz isso, mas eu não tive reação. Ele foi bater na porta, pediu desculpas. Levei um tempo para me recompor e saí, envergonhada.

Expliquei que não estava me sentindo preparada ainda para transar, que estava insegura. Ele disse a frase célebre: "Eu não vou fazer nada que você não queira". Essas palavras foram o gatilho para eu sentir um furor, um calor, e finalmente, me deixar levar pelos beijos, pelas carícias, pelo desejo.

Nossa primeira vez, que começou meio esquisita, acabou sendo sensacional, muito melhor do que eu imaginava. Me senti querida, desejada, fiquei em êxtase, como há muito tempo não acontecia. Naquele dia eu seduzi, fui seduzida, ele me elogiava, me dizia que eu era linda, gostosa.

Foi carnal, sexual, mas tinha sentimento. Nem lembro quanto tempo fazia que eu não transava de luz acesa. As coisas foram acontecendo muito naturalmente. Ele foi tirando a minha roupa lentamente, e eu deixei, sem ficar encanada com o meu corpo. Enquanto me despia devagar, ele me beijava com paixão, me chamava de linda, de gostosa, e me olhava com desejo. Me senti a mulher mais desejada do mundo, o que me deixou ainda mais louca de tesão.

Naquele momento, sumiram todas as encanações que eu tinha com o meu corpo. Eu só me conseguia me concentrar nas reações do meu corpo ao toque, ao beijo, ao sexo oral. Gozei nas duas vezes em que transamos naquela noite, e continuei em êxtase depois do sexo. Ficamos juntos na cama conversando, eu continuei sem roupa, fiquei deitada na cama pelada com pose de pin up. Coisa que eu jamais imaginei que conseguiria fazer.

Depois dessa primeira noite, o namoro engrenou pra valer. Três anos depois, em 2018, Carlos e eu nos casamos. E até hoje, quase três anos depois de termos no casado, eu me sinto assim com ele: confiante, gostosa, realizada. Eu me redescobri para a vida e para o amor."