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Ana Canosa

Betina e Ricardo: o que eles fizeram quando auge do tesão na relação passou

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colunista de Universa

26/01/2021 04h00

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A Betina tem 28 anos e sempre gostou de sexo. Iniciou a vida sexual na adolescência, com muita curiosidade e alguns poucos tropeços, como no dia em que foi levada para a delegacia, com um namorado, porque estavam fazendo sexo dentro do carro. Houve também um episódio em que algemou outro na cama dos pais e o maldito acessório travou e não abria de jeito nenhum — e o irmão mais velho teve que ser chamado para ajudar a liberar o sujeito (detalhe: o namorado estava de calcinha vermelha fio dental, o que era um fetiche dela).

Betina não teve educação sexual na infância nem na adolescência, e, embora os pais não fossem do estilo repressor, também não facilitaram. Mas ela buscava informações por conta própria em livros, sites e afins.

Desde que descobriu o orgasmo, dedicou-se a explorar seu corpo e a praticar. De modo extrovertido na vida e na cama, sexo sempre foi tema presente, relatado com alegria e humor. Acabou se tornando a "sexóloga" da turma, alguém que as amigas iam fazer "consultas" sobre aflições e sempre achou estranho quando algumas garotas tinham dúvidas atrozes sobre iniciação sexual, relatavam nojo de tudo ou faziam sexo para agradar os namorados...

Betina fazia sexo por prazer, para se sentir desejada e para se divertir. Quando estava com alguém por afeto, desfrutava da intimidade e celebrava o amor. Há inúmeras razões que nos levam a fazer sexo e, embora de vez em quando fizesse uma ou outra prática mais porque eram as preferidas dos parceiros, ela nunca fez sexo porque era isso que esperavam dela

Betina teve alguns namorados, mas ficou na solteirice 4 anos consecutivos, só praticando sexo casual, até que em 2018 na festa de aniversário de uma amiga conheceu Ricardo, seu namorado atual.

Ele é um cara extrovertido, que tem facilidade para conversar com as pessoas. É aquele sujeito de riso fácil, gregário e quando está regado a cerveja e churrasco esquece de voltar para casa. Não se considera uma 'máquina de fazer sexo', mas gosta muito do esporte.

Betina e Ricardo seguiram o tradicional caminho dos apaixonados em início de relacionamento: chegaram a ficar dias trancados no apartamento, transando e pedindo comida japonesa para sobreviverem, após uma avalanche de tesão. O típico casal que, de tão conectados e transantes, quando saem na rua, provocam inveja por onde passam. Sim, porque sabemos quando um casal está transando muito e feliz, seja pelas gargalhadas, a proximidade corporal, o olhar cúmplice que trocam ou os apelidos que se dão.

Mas, como já era esperado, o tempo foi passando e eles foram voltando a vida social e individual. E tudo bem, pois diferentemente de gerações anteriores, Betina e Ricardo já tem claro que a novidade é o combustível certo para elevar a libido a potência máxima e que uma certa diminuição ia acontecer.

O problema surgiu quando Betina percebeu que era ela quem sempre tomava a iniciativa de transar e, embora Ricardo dificilmente recusasse, a impressão que dava, para ela, é que o desejo dele estava indo embora.

Betina deu seu tempo para avaliar a situação. Poderia ser um desafio novo no trabalho, estresse, ou quem sabe o problema que ele estava enfrentando com a mãe - é impressionante como as mães ainda levam a culpa de tudo nesse mundo. Tentou afastar a ideia de que ele tinha perdido o interesse sexual por ela, na medida em que o relacionamento dos dois ia se comprometendo mais e mais, mas o fantasma teimava em aparecer.

A fim de fazer "um teste", passou a ter menos iniciativa e chegaram a ficar dez dias sem transar (se acalmem, estamos falando de jovens apaixonados).

Foi quando decidiu trazer o assunto à tona, sem rodeios e se surpreendeu com a surpresa dele, pois ele fazia as mesmas considerações. Receava que Betina estivesse perdendo o interesse nele, afinal de contas ela era uma mulher diferente das outras, que esperavam ele tomar a iniciativa para tudo o que se referisse a atividade sexual.

Nas experiências anteriores, não teve a sorte (palavras minhas) de ter uma parceira que oferecia a vulva com orgulho, para o sexo oral, que o acordava de madrugada com vontade de transar, que estimulava o clitóris com as mãos ou com um sex toy durante a penetração, desde a primeira vez que fizeram sexo. E, embora isso o tenha assustado um pouco no começo, ele estava simplesmente adorando ser o desejado da relação.

Havia descoberto essa posição deliciosa, de quem tem alguém que demonstra o interesse de maneira clara e física. Quando ela começou a deixar de buscá-lo sexualmente, ele também interpretou como se isso fosse desinteresse da parte dela e teve medo de investir, pois a espontaneidade dela era o que mais o movia.

Aliviados, reconhecendo que uma boa conversa pode clarear os mais terríveis dilemas e certos de que ambos continuavam sedentos um do outro, terminaram a conversa fazendo sexo na varanda do apartamento dela, como que para esfregar na cara do mundo, o quanto são sortudos por terem se encontrado nessa vida.