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Índia dá à luz a trigêmeos em parto natural em maternidade em Rondônia

Filhos de Zilda Oro Mon ganharam os nomes de Cacilda, Salomão e Guilherm - Comunicação Pró-Saúde
Filhos de Zilda Oro Mon ganharam os nomes de Cacilda, Salomão e Guilherm Imagem: Comunicação Pró-Saúde

Aliny Gama

Colaboração para Universa, em Maceió

11/11/2020 19h44

A jovem índia Zilda Oro Mon, de 24 anos, deu à luz a trigêmeos, por meio de parto natural, no hospital Bom Pastor, no município de Guajará-Mirim (RO), a 329 km de Porto Velho, na fronteira do Brasil com a Bolívia. O nascimento dos índios trigêmeos ocorreu no último dia 4, e todos estão bem de saúde.

A chegada dos trigêmeos causou euforia na maternidade, pois eles são os primeiros trigêmeos nascidos no hospital Bom Pastor — que é a única maternidade no município e é referência para 54 aldeias na região de Guajará-Mirim. Os trigêmeos também são os primeiros filhos da índia.

Zilda é da etnia Oro Mon, que dá o seu sobrenome, e reside na aldeia Limão, na Terra Indígena Igarapelage. A índia deu entrada na maternidade já em trabalho de parto. Ela conseguiu chegar a 37 semanas de gestação e estava fazendo pré-natal em outra unidade de saúde.

Os bebês nasceram saudáveis e só estão internados na maternidade para ganhar peso, segundo a equipe médica do hospital. Os trigêmeos receberam os nomes de Cacilda, Salomão e Guilherme. Eles pesaram 1,615 kg, 1,575 kg e 2,195 kg, respectivamente.

A enfermeira Yara Leite, que fez parte da equipe que atendeu o parto dos trigêmeos, destacou que a equipe seguiu todos os protocolos para o parto ocorrer de forma natural, mesmo sabendo que era uma gravidez gemelar.

"Somente após o nascimento dos dois primeiros bebês o médico disse que eram trigêmeos. A equipe ficou em estado de êxtase de tanta alegria, afinal, este foi o primeiro parto de trigêmeos realizado na unidade e foi um sucesso", contou Yara.

Dados do hospital apontam que 70% dos bebês nascidos na maternidade vieram o mundo por meio de parto natural, para preservar a humanização dos nascimentos dos indígenas. Registros mostram ainda que 40% do atendimento prestado no hospital são para população indígena.

"É gratificante ver como essa família entrou para a história do hospital, principalmente na vida dos profissionais que fizeram parte desse momento tão único que é o nascimento de três vidas", ressalta o diretor do hospital, Geraldo Elvio Fonseca.

"O hospital é referência no atendimento à saúde indígena para mais de 6 mil índios que vivem em 54 aldeias na região de Guajará-Mirim, onde 90% do acesso só é possível por meio fluvial", informa o Bom Pastor. Os atendimentos são gratuitos por meio do SUS, mediante contrato com o município de Guajará-Mirim.

O Bom Pastor foi fundado pela Diocese de Guajará-Mirim em 1960 como unidade filantrópica. Entretanto, 2011, devido a dificuldades financeiras, a unidade hospitalar passou a ser gerida pela Pró-Saúde, uma das maiores e mais antigas instituições filantrópicas do Brasil.

Nesses 60 anos de funcionamento, a unidade hospitalar passou por adaptações para atender os indígenas que moram na região, como instalação de redes nas enfermarias e um espaço similar a uma oca, permissão de mais de um acompanhante por paciente, quando necessário, e horário livre para visitas. Além disso, o setor de nutrição também se adaptou com alimentos e ervas comuns consumidos nas aldeias.

"Podemos destacar ainda o ambiente com uma oca indígena, construída para humanizar o atendimento dos pacientes e visitantes, buscando trazer para dentro do hospital um local próximo do vivido nas aldeias", destaca o diretor do hospital.

A instituição realiza consultas, exames, cirurgias, partos e internações, com estrutura pensada especialmente para os índios. Para respeitar a cultura e facilitar a comunicação entre as equipes e os pacientes índios, há técnicos em enfermagem indígena com fluência no dialeto das aldeias, que além de assistirem de forma específica os índios, são intérpretes entre médicos e pacientes.