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Cantor é condenado a 30 anos de prisão por matar companheira a facadas

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

02/10/2019 18h39Atualizada em 02/10/2019 18h44

O cantor sertanejo Antônio Marcos Bueno foi condenado a 30 anos de prisão pela morte da companheira, Camila Lourenço, com 22 facadas. O crime ocorreu em abril de 2018, e o julgamento foi realizado ontem, em Araraquara (SP). A defesa diz que vai recorrer.

O julgamento começou na manhã desta terça e terminou no início da noite. Logo na entrada, houve manifestação de amigos e familiares de Camila. Ao fim do processo, Bueno foi condenado por feminicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e meio cruel.

O crime ocorreu em 9 de abril de 2018, na casa de Bueno. O casal havia terminado o relacionamento duas semanas antes. Eles viveram juntos por aproximadamente cinco meses. Bueno admitiu, em seu depoimento, que foi o autor da morte.

Segundo o promotor Herivelto de Almeida, o réu tentava controlar a vida da companheira, principalmente o acesso dela às redes sociais. "O réu cercava Camila de todas as formas, na vida real e nas redes sociais. Quando percebeu que perdia o controle, a matou", afirmou.

Isabel Lourenço, mãe de Camila, esteve presente no Fórum e prestou depoimento. "Minha filha amava o Marcos, ela planejava casar com ele. O problema da relação era o ciúme", disse Isabel. Nesse momento, Bueno chorou.

A mãe do réu, Valdira Cruz, também prestou depoimento. Ela declarou que Camila chegou ao local muito nervosa e partiu pra cima do filho. Ela foi desarmada e Bueno acabou usando a faca para golpeá-la. "Eles discutiram, ela partiu pra cima dele e tudo isso acabou acontecendo", disse.

Alívio da família

A sentença foi recebida com alívio pela família. A irmã de Camila, Valéria Diogenes, comemorou a decisão. "Depois desse tempo todo, a Justiça foi feita ", disse.

"Acho que a decisão põe fim a um ciclo e a família vai poder seguir em frente. Não vai ser fácil para ninguém, mas é um começo", afirmou Maria dos Santos, amiga da vítima.

Advogado alega "legítima defesa"

De acordo com a acusação, Camila foi até a casa do companheiro, que morava com a mãe dele. Uma briga entre os dois acabou terminando em facadas. Atingida, a mulher morreu no local. Na ocasião, a própria mãe de Bueno, além de uma testemunha, acabaram feridas ao tentar impedir a agressão.

O cantor declarou que viu o sangue da mãe e ficou fora de controle. "Eu vi sangue na minha mãe e fiquei muito nervoso. Só lembro da primeira facada, depois não sei o que aconteceu", disse ele, em depoimento.

A tese adotada pela defesa foi a de legítima defesa. "Os dois tinham um relacionamento conturbado e ela foi ao local com intuito de ameaçar a vida dele", disse o advogado José Roberto Nunes Júnior.

Bueno fugiu do local, mas foi localizado no dia seguinte em um imóvel abandonado, na Vila Xavier, periferia da cidade. Ele estava com a faca utilizada no crime e admitiu. "Fugi por medo", disse.