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Deputada denuncia colega do PSL ao ter roupa criticada: "Não sou blogueira"

A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL) - Reprodução/Instagram
A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL) Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

13/09/2019 15h25

Resumo da notícia

  • A deputada Dani Monteiro (PSOL) denunciou o colega Alexandre Knoploch (PSL) ao Conselho de Ética da Alerj após receber críticas por suas roupas
  • Na quarta-feira (11), quando Dani vestia saia amarela e meias da mesma cor, Knoploch criticou em plenário a forma como "deputadas" estavam vestidas
  • Ele comparou as vestimentas com figurinos de programas como "Chiquititas", "Carrossel" e "Escolinha do Professor Raimundo"

A deputada estadual do Rio de Janeiro Dani Monteiro (PSOL) denunciou o colega do PSL Alexandre Knoploch ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa depois que o parlamentar fez críticas às suas vestimentas no microfone do plenário, durante o expediente final da quarta-feira (11).

Nas redes sociais, Dani compartilhou uma foto mostrando que, naquele dia, vestia uma saia amarela até os joelhos e meias da mesma cor, que cobriam toda sua perna, além de uma blusa azul marinho e um blazer preto — combinação que Knoploch chamou de "desrespeitosa" e associou ao programa "Escolinha do Professor Raimundo, da Globo, e às novelas infantis "Chiquitias" e "Carrossel", do SBT.

Em entrevista para Universa, a deputada mais jovem da Alerj disse que, neste mês, tem dado preferência a peças amarelas em apoio à campanha Setembro Amarelo, de prevenção ao suicídio, mas que sempre foi afeita a roupas coloridas.

"Eu estudei em Escola Normal [curso de Ensino Médio para formação de professores], saia e meião eram parte do uniforme. Não vejo inadequação nenhuma nisso", afirma. "Não estamos em um concurso de moda, não quero que a minha roupa chame atenção, afinal, sou parlamentar e não blogueira".

Ela considera a atitude do colega parlamentar desqualifica outras mulheres, já que em sua fala ele se referiu a "deputadas", no plural.

A representação foi feita por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, que emitiu ontem uma nota de repúdio à fala de Knoploch e levou o caso ao Conselho de Ética. Além disso, a deputada do PSOL se reuniu com o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), que segundo ela tem sido um aliado das mulheres da Casa e endossou a denúncia.

O assunto deve ser discutido na próxima terça-feira (17), em reunião da Corregedoria da Alerj com a participação de Alexandre Knoploch, que é vice-corregedor.

"A Alerj precisa ter a cara do povo"

Enquanto, por regra, os deputados só podem entrar no plenário da Alerj usando terno, a Casa não tem um código de vestimenta para as mulheres parlamentares. "A Alerj, como todos os espaços de poder, não foram feitos para nós mulheres. ", escreveu Dani Monteiro, nas redes sociais.

A deputada conta que se veste com roupas coloridas mas que, assim como outras mulheres no mesmo cargo, evita peças muito curtas em respeito à formalidade parlamentar.

Mas, para ela, a Casa não deveria ter código de vestimenta nem para homens nem para mulheres, afinal, "a Alerj precisa ter a cara do povo".

"Já ouvi burburinhos de que minhas roupas são muito simples e têm cara de brechó. [Minhas roupas] são de brechó mesmo, isso não é demérito. É uma forma de incentivar a economia solidária, a moda sustentável", disse. "Claro que, quando me tornei deputada, tive que comprar algumas roupas, mas não mudei a maneira como me visto. Pelo menos dois dos blazers que eu uso hoje foram comprados há anos, quando eu trabalhava em um call center. E são os meu preferidos".

Dani afirma que as críticas a suas roupas esbarram no machismo e no racismo. "É mais difícil para uma pessoa preta apresentar a formalidade e os critérios de vestimenta de um parlamentar branco, afinal, a cara da pobreza e da violência na nossa sociedade é preta", disse.

Outro lado

Procurado por Universa, o deputado estadual Alexandre Knoploch (PSL) não respondeu aos questionamentos até a publicação da reportagem. O espaço continua aberto caso o parlamentar queira se manifestar.