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Luz tripla: tratamento múltiplo é promessa contra vasos e varizes

Problema vascular atinge mais mulheres que homens, mas mudanças de hábito melhoram a condição - Getty Images/iStockphoto
Problema vascular atinge mais mulheres que homens, mas mudanças de hábito melhoram a condição Imagem: Getty Images/iStockphoto

Paula Roschel

Colaboração para Universa

04/09/2019 04h00

Estatísticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) indicam que 38% dos adultos no país têm varizes. Com um número tão elevado de casos, médicos estão constantemente em busca de alternativas para amenizar ou reverter essa doença vascular. A mais nova promessa para minimizar tal quadro incômodo e recorrente vem de uma combinação de luzes e injeções de glicose. Especialistas explicam como essa união pode aniquilar tipos distintos de veias comprometidas em apenas uma abordagem e o quanto ela parece ser mais efetiva - e confortável.

O que são varizes

As varizes são veias que dilatam, entortam e, por isso, provocam alterações de relevo na pele. Em um primeiro momento, a queixa pode ser apenas estética, mas existe também um impacto na saúde. "Além de deixar um visual incômodo, elas podem aumentar o risco de desenvolvimento de doenças circulatórias, como flebites e úlceras venosas; além de causarem dor", diz Thiago Rocha, angiologista e cirurgião vascular do Rio de Janeiro (RJ).

A predisposição familiar, trabalhos que exijam que a pessoa fique de pé boa parte do tempo, o sexo (mulheres sofrem de 2 a 3 vezes mais com o problema), a idade (quanto mais idoso, maior a prevalência) e a obesidade estão entre os maiores fatores de risco para o desenvolvimento de varizes. Algumas mudanças de hábito, entretanto, auxiliam na melhora do cenário; como a prática de exercícios físicos regulares, a alimentação que evita comidas industrializadas ou gordas e a boa hidratação.

Uma nova abordagem

O tratamento dos vasos, antigamente, era feito com um método chamado escleroterapia química. "Nele, injetava-se uma solução de glicose ou de outra substância esclerosante para destruir a parede das veias de forma química, eliminando-as. Mas, à medida que o remédio era injetado nas veias, o ativo caia na circulação profunda e diluía-se, perdendo força e não sendo capaz de destruir a veia. Então, em tantas ocasiões, as varizes não eram eliminadas de forma definitiva", diz Marcelo Eckert Zanoni, cirurgião vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, de Florianópolis. Por isso, o tratamento acabava sendo algo periódico, tantas vezes anual.

Mais recentemente, a luz entrou em cena contra as varizes. Essa energia consegue, através da temperatura, eliminar seletivamente focos superficiais. Só que, antes de investir, é necessário entender suas variações:

ND:Yag 1064nm: é um laser específico para o tratamento de veias mais calibrosas
Luz Pulsada: luz de comprimento de onda mais estreito (510nm). Ela também tem grande afinidade com vasos sanguíneos de superfície e vasos sanguíneos bem finos
Q-Switch: laser para melhorar marcas que podem surgir com a secagem prévia dos vasos e varizes. Em alguns quadros, o tratamento de secagem de veias têm como efeito colateral o aparecimento de manchas por hiperpigmentação pós-inflamatória.

Acerto de combinado

E é usando os três tipos acima, simultaneamente e em uma plataforma batizada como Solon V, que muitos médicos apostam. O método é normalmente atrelado ao uso de injeções de glicose, para resultados ainda mais surpreendentes para vasos sanguíneos de calibres e características específicas, como tom e profundidade da derme. "Dessa forma, as ações distintas ocorrem no mesmo vaso. Com isso, é possível destruir um número maior de varizes com menor concentração de remédio e menor potência de laser, melhorando o resultado sem piorar os efeitos colaterais que os métodos provocavam sozinhos, como queimaduras na pele ou manchas", afirma Marcelo.

Dor e pós-aplicação

Mesmo com essa combinação inteligente de luzes, que acaba refinando o alvo, o tratamento com o Solon V não é livre de dor. Para minimizar o desconforto causado, que é de calor intenso, o médico vai calibrar o aparelho de forma individualizada e também pode usar um resfriador local. Ele, através da baixa temperatura, vai deixar o processo mais tranquilo. Sobre a injeção de glicose, o desconforto fica por conta das picadinhas da agulha.

Após a sessão de Solon V ou Solon V + glicose, vida normal. Apenas é aplicada uma faixa compressiva nas primeiras 3 horas de tratamento, para ajudar no conforto do paciente. "O resultado da escleroterapia, seja pelo laser ou química, é bem tolerada pelo paciente, mas o resultado não é imediato. Ele ocorre, em média, em quatro semanas", diz Paulo Roberto Prette Junior, cirurgião vascular da Clínica Dermatológica Denine Chambarelli, do Rio de Janeiro (RJ).

Hidratação extra

Antes de passar por uma sessão de Solon V, é necessário ter a pele bem hidratada. Isso pode ser conquistado com o uso diário de cremes nutritivos de uso doméstico por, pelo menos, uma semana antes do encontro. Isso faz com que a cútis esteja mais forte para suportar a agressão causada pelo tratamento.

Além disso, é necessário estar com a pele sem bronzeado no momento da aplicação, pois a melanina, quando é estimulada pelo sol, forma um filtro contra a passagem da luz do laser. Isso impede que ela penetre corretamente, o que machuca a pele.

Depois de alguns dias da sessão pode-se tomar sol normalmente, desde que com uso de protetor solar.

Endolaser

As luzes do Solon V, associadas ou não com glicose, atingem a maior parte das varizes; porém existe um limite de profundidade que deve ser considerado no tratamento. "Com a plataforma Solon V é possível tratar quase todas as veias da superfície, que estão de três a quatro milímetros da superfície da pele. Quando as veias são mais calibrosas e profundas, oriundas da safena ou veias perfurantes, nós temos que utilizar um outro laser. Ele é chamado de endolaser e é uma outra máquina capaz de tratar varizes mais profundas sem a necessidade de cirurgia, que era a forma mais antiga de eliminar a questão", diz Marcelo Eckert.

O retorno

As varizes tratadas e que são efetivamente destruídas não voltam. Mas pessoas que têm predisposição familiar ou hormônios alterados criam novos vasinhos com o tempo. O que é possível dizer é que pessoas com predisposição familiar intensa precisam estar constantemente tratando as varizes para manter a perna saudável.

Solon V

O que é? Tratamento que une três energias luminosas, entre laser e luz pulsada, para aniquilar em apenas uma sessão os mais variados tipos de vasos e varizes. Ele apresenta melhores resultados quando associado ao método clássico de injeções de glicose esclerosante.
Resultados esperados: Área com aspecto mais homogêneo, entre cor e relevo, e sensação de membro mais leve.
Duração: 45 minutos para áreas grandes.
Quantidade de sessões: Para vasos mais finos (caso das telangiectasias) três sessões são recomendadas. Para vasos mais grossos, depende muito da avaliação médica, mas não ultrapassa quatro sessões. O intervalo entre elas é, em média, de 30 dias.
Contraindicação: Peles muito bronzeadas, gravidez e pessoas com doenças graves, como o câncer.
Manutenção: Apenas serão necessárias novas sessões, após protocolo completo, em caso de surgimento de novas varizes e veias. Valor da sessão: A partir de R$ 600, só para o laser. Para o tratamento combinado de laser e glicose, os valores começam em R$ 800.

Endolaser

O que é? Aparelho de laser que, através de uma microperfuração com fibra óptica, elimina veias profundas. Ele pode ser feito em hospital ou em consultório, através de anestesia local.
Resultados esperados: O tratamento diminui dores em áreas que antes tinham varizes, minimiza a possibilidade de surgimento de úlceras venosas ou sensação de cansaço advindo de má circulação.
Duração: A partir de 20 minutos.
Quantidade de sessões: Única.
Contraindicação: Pacientes que tiveram trombose com obstrução venosa profunda.
Manutenção: Acompanhamento médico após 30 dias, para verificar se o tratamento foi bem sucedido.
Valor da sessão: a partir de R$ 2.000. O tratamento pode chegar até R$ 6.000.

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