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"Senti um orgasmo pela primeira vez": ginástica íntima ajuda sexo e saúde

Michelle Dieckman se sentiu muito melhor após a ginástica - Arquivo pessoal
Michelle Dieckman se sentiu muito melhor após a ginástica Imagem: Arquivo pessoal

Christiane Ferreira

Colaboração para Universa

12/08/2019 04h00

Nem sempre os músculos da vagina são lembrados com frequência como aliados na melhora do prazer sexual. Porém, são eles que fazem toda a diferença nessa hora. Ao praticar a ginástica íntima, mais do que ajudar na saúde, é possível aumentar a lubrificação e a vontade de transar, colaborando até para orgasmos mais intensos.

Com uma musculatura íntima saudável com todas as suas caraterísticas -- força, resistência, agilidade, coordenação e relaxamento -- há uma consequente melhora da sensibilidade no momento da penetração do pênis, do enrijecimento do clitóris, do aporte sanguíneo da região, da intensidade do orgasmo, lubrificação e, consequentemente, uma melhora significativa no prazer sexual como um todo.

Os exercícios, prescritos por uma fisioterapeuta pélvica, melhoram a flacidez vaginal, disfunções sexuais, como dor na relação, vaginismo ou vulvodínia. Ainda são benéficos para prevenir disfunções urinárias e fecais, colaboram para a melhora da constipação intestinal e do pré e pós-parto. Após uma avaliação individualizada, a fisioterapeuta pélvica e terapeuta sexual Laís Dayene Gonçalves prescreve exercícios e atua como uma espécie de personal trainer da musculatura vaginal.

"Se a mulher não sente prazer na relação, é preciso primeiro entender o motivo, pois existem diversas razões que podem influenciar. Na avaliação, identificamos o problema e, se houver um fator predominante relacionado à musculatura íntima, será possível obter uma melhora no prazer sexual", afirma a fisioterapeuta.

Malhação vaginal

Qualquer mulher pode praticar a ginástica íntima. Há apenas contraindicações em alguns tipos de pós-operatórios ou em gestações mais delicadas. Nesses casos é preciso uma liberação médica.

Na prática, são realizados exercícios com e sem aparelhos. A eletroestimulação ajuda tanto no fortalecimento quanto na percepção da musculatura. Já o biofeedback é um equipamento que mostra se a paciente está fazendo o exercício corretamente. Funciona da seguinte maneira: a mulher faz movimentos de contração e relaxamento na sonda e consegue enxergar um palitinho, ligado ao aparelho, que sobe e desce de acordo com as contrações realizadas. Já os cones vaginais são peças com diferentes pesos e são como exercícios para academia, só que para a vagina.

A fisioterapeuta ainda diz que é possível praticar a ginástica durante o ato sexual. "Assim a mulher e o parceiro sentirão os benefícios de uma musculatura pélvica bem trabalhada. Seria muito melhor se as mulheres tivessem antecipadamente a consciência de que a nossa saúde íntima está diretamente relacionada à autoestima, ao autoconhecimento e à saúde sexual. Como consequência, teríamos uma melhora da saúde física e mental.", afirma Laís Gonçalves.

Pompoarismo

A educadora sexual e instrutora de pompoarismo Luciane Angelo, criadora do projeto para mulheres "Mais Prazer, Sim!", lembra que o pompoarismo, técnica oriental passada de mãe para filha, também funciona como uma espécie de ginástica íntima. "Os exercícios estimulam a área do Ponto G, o que pode ser benéfico para o prazer da mulher", afirma.

Na hora do ato sexual o pompoarismo também pode ser colocado em prática. No entanto, a terapeuta conta que a mulher precisa avisar o parceiro, pois no momento de praticar as manobras, o pênis precisa estar introduzido na vagina e parado, para que seja possível sentir os movimentos do canal vaginal.

"Foi a primeira vez que tive um orgasmo"

A empresária Michelle Dieckman, 36 anos, conheceu a ginástica íntima há um ano, pois foi procurar ajuda devido a alguns escapes de urina. O que ela não imaginava é que após 20 sessões de exercícios sua vida sexual passaria por uma transformação.

"Minha relação sexual com meu marido melhorou mil por cento. Ele mesmo sentiu diferença, pois ficou mais apertada. Eu passei a vida inteira mentindo para mim, mas nunca havia sentido um orgasmo. A melhora foi gigantesca", afirma a empresária.

Durante a fisioterapia, Michelle fazia diversos tipos de exercícios, como contração e relaxamento, trabalhava força e resistência por meio de uma sonda, entre outros. Atualmente, ela faz apenas uma manutenção no consultório a cada 15 dias e não deixa de praticar a ginastica íntima. "As mulheres têm muitos tabus e vergonha. Por isso, é preciso autoconfiança para buscar ajuda."