Aversão ao chuveiro é um dos atos de rebeldia da adolescência; saiba lidar

Muitos pais acreditam que a luta para o filho pequeno tomar banho acabará quando ele crescer. No entanto, na adolescência, a fase de resistência para entrar no chuveiro retorna. E há um agravante: não é mais possível atrair o jovem com a ajuda de brinquedos.
“Quando criança, são os pais que banham. Mas, nessa nova fase, o adolescente descobre que tem poder sobre o próprio corpo. Então quer decidir quando e como cuidar dele”, afirma a pedagoga Larissa Fonseca, especializada em comportamento e desenvolvimento infantil pela USP (Universidade de São Paulo). A recusa a tomar banho também é uma forma dos adolescentes se oporem aos pais, um ato de rebeldia em busca de autoafirmação.
Para a psicóloga Maria de Melo, coordenadora do Núcleo de Psicologia Integrada de São Paulo, não querer tomar banho indica uma questão emocional e existencial a ser resolvida. “O banho é um momento muito íntimo, que leva a contatar o próprio corpo e a sexualidade. Ao evitar esse momento, o adolescente pode se recusar a lidar com as mudanças corporais típicas da fase”, diz.
Por isso, as especialistas não recomendam forçar a barra e obrigar o filho a se banhar. Até porque não são poucos os adolescentes capazes de entrar no banheiro, ligar o chuveiro e se manterem do lado de fora, só pelo prazer de contrariar os pais.
O melhor é ressaltar a importância do banho para a saúde e o prazer que ficar embaixo da água proporciona. “O filho deverá entender que certas coisas são obrigações sociais e que a própria execução é a recompensa. Ficar limpo, cheiroso e agradável para os outros deve ser um estímulo”, afirma Maria.
Os pais também podem usar argumentos científicos para explicar por que tomar banho é tão importante quanto se alimentar e dormir. “É durante o banho que eliminamos cerca de 1,5 gramas de pele por dia, além de substâncias gordurosas fabricadas pelo corpo e uma grande quantidade de elementos presentes no meio ambiente, como poeira, terra, pólen e restos de insetos”, explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria. “Na adolescência, por conta dos hormônios, o corpo produz ainda mais substâncias oleosas”, fala o especialista.
Sem barganha ou brincadeiras
Para a pedagoga Larissa, as chuveiradas não devem ser negociadas. “Ceder a chantagens ou barganhar é uma opção que pode parecer mais fácil, porém não é nem construtiva nem educativa. O filho deve tomar banho para sua higiene, bem-estar e saúde, e não para agradar aos pais”, diz.
Também não é uma boa opção tirar sarro da aversão do filho ao chuveiro, humilhá-lo em público ou inventar apelidos que tenham a ver com personagens "sujinhos", como o Cascão, da "Turma da Mônica". “Isso vai reforçar o comportamento dele e gerar mais conflito entre pais e filho. Corre-se o risco de o jovem assumir o apelido e agir como um adolescente sujo mesmo”, afirma Larissa.
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