Filme pornô para mulheres tem "historinha" e atriz com celulite
A pornografia sempre foi muito mais presente no universo masculino do que no feminino. A maioria dos conteúdos é voltada para o olhar e o desejo dos homens. Mas depois de décadas de domínio machista esse cenário está mudando. O interesse das mulheres por pornografia vem crescendo e a prova disso é que já existem até cineastas produzindo filmes feitos especialmente para excitar o público feminino.
“Resolvi fazer o tipo de filme erótico que eu queria ver”, conta a cineasta sueca Erika Lust
Segundo a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini, coordenadora do Ambulatório de Sexualidade Feminina Escola Paulista de Medicina (da Unifesp), a pornografia masculina é basicamente genital, ou seja, centrada nos closes e nas cenas sexuais, o que, em geral, não agrada às mulheres. "Elas gostam de uma pornografia mais elaborada, com enredo".
Carolina indica com frequência o consumo de pornografia, inclusive os pornôs feitos para mulheres, para suas pacientes com disfunções sexuais. "Acho legal, por exemplo, o casal assinar um canal erótico para assistir junto. É muito positivo porque é algo que faz pensar em sexo, aumenta a excitação. Também recomendo muito os contos eróticos".
A estudante de Direito Nathalí Macedo assume que consome pornografia, porém diz que não gosta de assistir aos filmes convencionais, produzidos para o público masculino
As particularidades do "pornô feminista"
A cineasta Erika Lust começou a fazer filmes pornográficos voltados para mulheres em 2004. Mas ela conta que recebe muitos elogios de homens e casais sobre o seu trabalho. Ela explica um pouco mais sobre as diferenças entre o pornô masculino e o feminino.
O que é o pornô feminista?
A principal diferença diz respeito ao fato de as mulheres envolvidas no filme serem ou não agentes do seu próprio prazer sexual. O filme feminista mostra a mulher realmente recebendo prazer, ao passo que o filme convencional mostra a mulher como veículo para o prazer do homem. Olhe para os seus rostos, para as posições em que elas estão. Será que ela teve um orgasmo?
O que você mostra e o que não mostra em seus filmes?
Como regra geral, filmo o que pessoalmente acho sexy. Entre as coisas menos sexy para mim estão a violência, as ejaculações e o sexo anal, três coisas que são quase garantidas no pornô convencional. Não é que não vejo a possibilidade de essas coisas serem incrivelmente estimulantes, apenas pessoalmente não encaro dessa maneira e quero permanecer fiel à minha visão de sexualidade.
Muitas pessoas acham que as mulheres não são tão visuais quanto os homens. E você?
Muitas pessoas pensam isso, mas eu, não. Para mim e para muitas mulheres, o fato é que o visual por si só não excita. As lembranças de experiências pessoais, fantasias, o ambiente, o contexto: tudo isso é muito importante. Mulheres como eu gostam de se identificar com o que estão vendo, o que simplesmente não é possível nos filmes comerciais ruins que nós associamos à pornografia.
Na internet
A pedido do UOL, a jovem baiana viu alguns vídeos produzidos por mulheres e ficou bastante entusiasmada. "O que mais me excitou foi a capacidade desses filmes em compreender nossas fantasias, coisa que o pornô convencional até tenta, mas sem êxito. Sinto que existe uma preocupação com o meu prazer, que a mulher não funciona, ali, como um objeto sexual", relata.
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