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Xan Ravelli

Eu tinha vergonha da minha nécessaire; hoje me orgulho dos produtos que uso

Xan Ravelli - Reprodução/Instagram
Xan Ravelli Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

25/11/2020 04h00

Uma coisa que nunca contei pra ninguém sobre minha relação com a maquiagem: eu tinha vergonha de abrir minha nécessaire perto das minhas amigas desde que uma moça num evento exclamou um "que nojo" olhando pra bolsinha que carregava meus pincéis sempre um pouco marrons.

A primeira base realmente funcional que eu comprei custou um mês inteiro de trabalho - e minha mãe nunca soube. Eu trabalhei como hostess em feiras, eventos e fiz curso de maquiagem para não depender de maquiadores que me deixavam cinza, laranja ou que preferiam virar e dizer "sua pele não precisa de nada, você é linda" ao invés de admitir que não tinham ideia do que fazer com minha pele.

Como diria Angela Davis, quando falamos sobre mulheres, precisamos definir sobre quais mulheres estamos falando. Falar sobre beleza para mulheres negras é novo. Respeito ao nosso nariz, à nossa boca, à nossa cor é novo e em algumas marcas de cosmético ainda nem chegou.

E essa verdade em movimento traz a dicotomia que se dá quando pensamos produtos de beleza para mulheres brancas, que estão cada vez mais valorizando o visual cara lavada negando a imposição social pelo uso de maquiagem, e mulheres pretas que primeira vez na história estão enxergando um mercado cosmético preocupado em atender as especificidades e cores da nossa pele escura.

Na semana passada, a Avon apresentou sua nova paleta de cores de bases, base compacta e corretivos para pele negra. Chegou afirmando a beleza e a verdade da nossa cor ouvindo dores reais e invisíveis de mulheres que tiveram sua existência negada e questionada pela indústria cosmética.

O evento de lançamento foi uma festa online com Ludmilla cantando seus sucessos - dancei sozinha na frente do computador - apresentação de Thelminha, presença de Cris Vianna, Ana Paula Xongani, Larissa Luz, Magá Moura (mulheres que também estrelam o manifesto), Zezé Motta e Daniele da Mata, que assina também a inteligência por traz da formulação dos produtos junto a equipe internacional de Avon.

Ouvimos também Winnie Bueno e Carolina Gomes falando sobre a relação das mulheres negras com maquiagem e o compromisso antirracista assinado em Avon por mais mulheres negras em cargos de liderança dentro da empresa.

O que eu achei dos lançamentos

Mas bora falar sobre os produtos, que o que a gente quer é ver como ficou esse babado: são 20 cores para os 3 produtos, as bases têm tecnologia Power Stay, com cobertura média, permite construção de camadas lindamente e tem uma durabilidade impressionante.

As bases compactas são queridinhas das mulheres de peles oleosas ou para quem gosta de um acabamento mais matte. E os corretivos líquidos contam com naquele aplicador semelhante aos batons que eu amo usar. No site, ainda é possível conferir um teste para descobrir o tom ideal e acertar na compra.

Vidas Negras importam, ideias negras importam, beleza e estética negra importa também. Mais do que SOBREVIVER, queremos VIVER, AMAR, SER e não estamos pedindo permissão, não. Estamos tomando espaço que é da nossa pele preta, seja qual for o tom dela.