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Luciana Bugni

Por que nós gostamos tanto de Jennifer Aniston?

Jennifer Aniston: nós a amamos porque não tem como não amá-la e pronto - Reprodução/Instagram
Jennifer Aniston: nós a amamos porque não tem como não amá-la e pronto Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

23/09/2020 04h00

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As redes sociais são mesmo engraçadas. Um dia a gente está stalkeando alguém que não vale a pena, no outro está passando raiva porque todo mundo está no bar, menos você. E no outro está suspirando descontroladamente porque Jennifer Aniston chamou o ex de querido no Zoom. Julia Roberts curtiu isso.

Dias depois, a gente está vibrando porque a mesma atriz postou uma foto de máscara no rosto e espumante na mão esperando a premiação do Emmy. No dia seguinte, está revendo à exaustão o vídeo em que ela, de novo, aparece com as amigas Courtney Cox e Lisa Kudrow em sua própria casa durante a cerimônia, enquanto elas garantem que moram juntas desde 1994 (quem duvida?).

Ver Jennifer Aniston é 100% de satisfação garantida. Não é por acaso que ela ganhou 1 milhão de seguidores nas suas cinco primeiras horas no Instagram. É melhor que stalkear quem não vale a pena. É muito melhor que passar raiva porque as pessoas se aglomeram em bares. Jen é minha amiga desde os anos 90 (quem vai duvidar?).

Por que será que a gente gosta tanto dela? A atriz representa muito do que nós, mulheres comuns, queremos ser. E não estou falando de ser uma das personalidades de Hollywood mais bem pagas do mundo (ela já esteve entre as 10 mais mesmo). Não estou falando de ser lindamente irretocável depois dos 50 anos. Não estou falando de ter um ex-marido famoso por quem metade do mundo é apaixonada desde a infância. É na Jennifer possível que a gente pira.

A mulher que é cobrada por estar solteira (conhece essa história?). A mulher que é vista com olhares de piedade por não ter filhos (como se ter filho completasse alguém). A mulher que tem cada sucesso seu ofuscado pela simples presença do ex no mesmo recinto (ou Zoom). E continua sendo competente, continua sendo engraçada, parece nem dar bola para tanta cobrança.

A Jennifer possível é uma mulher que escancara rugas, que não exagera nas produções, não reboca muito a cara, nem fica falando das marcas de vestido. Ela vive cercada de amigas de longa data, igual eu e você. Tem frustrações amorosas (quem não tem?) e até uma traição pública (acontece também). Mas tem o perdão — como é bonito o perdão. E tem a leveza que a gente queria ter para lidar com tudo isso.

Peraí, vou me corrigir: ela tem a leveza que a gente também tem. Por que não? É possível. Dá para sofrer e levantar depois e ser leve. Sabemos que sim. Quer dizer, quando a gente está no meio do drama, parece meio difícil entender isso, mas então olhamos para nossa amiga Jen, tratando Brad Pitt com todo aquele carinho que devia ser inerente aos ex-casais e pronto. Aniston está lá para nos lembrar que é possível contornar toda a pressão do mundo e ser feliz, aos 50, linda, solteira, sem filhos, cercada de amigos, um sucesso. Ah, honey.

Uma amizade de muitas fases

Somos amigas desde que ela me mostrou que era possível fugir de um casamento em "Friends" e ainda conhecer seus melhores amigos. Quando ela namorava aquele cara que achava que era Deus em "Todo Poderoso". Quando ela fez o Ben Afleck prometer que vai recolher o cabelo dela do ralo do chuveiro pelo resto da vida em "Ele Não Está Tão a Fim de Você" (suspiro). Quando ela tirou o Aaron Eckhart do buraco em "Quando o Amor Acontece". Quando ela ficou com um amigo ("Coincidências do Amor", "Friends" e um monte de outros). Quando ela arrastou aquele furão e seu próprio caos em "Quero Ficar com Polly". Quando ela enfrentou a dor das dúvidas sobre o abuso e o abusador em "The Morning Show".

Jennifer é a mulher possível, interpretando mulheres possíveis. A gente conhece os dramas, porque eles também são nossos. É por isso que é irônico que seu nome no Google Imagens traga imediatamente fotos dela com seu ex. Jennifer só isso tudo por ser exatamente ela mesma.

E Brad Pitt é incrível, lindo, simpático. Amo o episódio de Friends do Thanksgiving. Acho "Bastardos Inglórios" um lance, arrivederci. A cena dele consertando a antena em "Era Uma Vez em Hollywood" é uma das melhores da história do cinema (sou dessas). Chorei com ele no "Te Devo Essa!", programa do Discovery Home and Health em que os Irmãos à Obra presenteiam pessoas escolhidas por celebridades com uma reforma de uma casa.

Mas Jennifer, a minha amiga desde os anos 90... Aquela que morava no apartamento ao lado do meu e que empresta seus bordões para meus amigos até hoje... ela é da minha turma. Vamos fazer um Zoom, Jen.

Você pode encontrar mais textos meus no Instagram.