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Máfia italiana no TikTok: criminosos usam web para ostentar e ameaçar inimigos

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Imagem: iStock

Irene Savio

Em Roma

09/08/2023 10h23

Um relatório recente publicado na Itália revela o alto grau de penetração das máfias em redes sociais como Tik Tok e Instagram. Grupos criminosos usam as plataformas para ostentar riquezas, para recrutar seguidores e realizar transações financeiras ilícitas, com técnicas que desafiam as autoridades.

Há cada vez mais gângsteres no mundo digital. Na Itália, acaba de ser publicada a primeira denúncia sobre a presença do crime organizado nas redes sociais, como Facebook, Instagram e TikTok. Segundo uma investigação da Fundação Magna Grécia chamada "Máfias na Era Digital", a quarta geração de mafiosos italianos está se apoderando dessas ferramentas. Hoje, diz o relatório, as máfias usam as redes para exibir riqueza, ameaçar seus inimigos, se comunicar entre si e também para recrutar novos seguidores ou medir o consenso.

O sociólogo Marcello Ravveduto conta à RFI que "a quarta geração coincide com a criação da plataforma TikTok que, após um período de transição com o Instagram, permitiu dar uma nova imagem à máfia". O TikTok seria como o auge da autocelebração, segundo o especialista.

Ravveduto, que participou do estudo apresentado em Roma no último mês de março, explica que estes criminosos estão se redefinindo graças ao mundo digital: mostram os seus carros caros e exibem o luxo em que vivem, como pessoas de sucesso. Uma máfia que, na verdade, aspira a ser um influenciador digital.

"A diferença é que enquanto os influenciadores se promovem ao patrocinar produtos, esses influenciadores da máfia visam a impulsionar marcas e luxo, mas para incentivar a própria máfia", adverte o sociólogo.

Códigos secretos segmentados

As máfias, ou os filhos desses criminosos, cultivam a propaganda e o seu conteúdo a alimenta. É o que explica à RFI Maurizio Vallone, chefe da Direção de Investigação Antimáfia italiana. Segundo ele, são usados estratagemas e uma linguagem codificada nas redes para se comunicar ou realizar transações criminosas.

"Esses também são gângsteres digitais. São eles que usam as redes como forma de pagamento. Eles fazem isso enviando, por exemplo, um pedaço de código em uma rede social, outro em outra e assim por diante. Isso serve para evitar que, se uma parte do código for interceptada, não seja possível obter o identificador completo", diz Vallone.

Mas, embora possa parecer ilógico, a polícia também vê uma vantagem na presença das máfias nas redes: estando na Internet, as forças de segurança têm acesso mais fácil a um mundo antes oculto.