Como energia do Sol pode influenciar formação de terremotos na Terra
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Liderado por um pesquisador brasileiro, um novo estudo indica que os raios solares podem fragilizar a crosta da Terra e impactar a atividade sísmica no planeta.
O que aconteceu
Análise revelou que o impacto da energia do Sol pode ser um fator fundamental na formação de terremotos. O pesquisador Matheus Henrique Junqueira Saldanha, da Universidade de Tsukuba, no Japão, foi o responsável pelo estudo que contou também com cientistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão e foi publicado na edição de março da revista científica Chaos.
Segundo a pesquisa, o clima da Terra, afetado pelo calor solar, desempenha um papel importante na incidência de terremotos. Conforme a pesquisa, as variações na temperatura da superfície terrestre podem afetar a estabilidade das rochas, a dinâmica das falhas tectônicas e da água subterrânea. "O calor e a água afetam principalmente as camadas superiores da crosta terrestre", explicou Saldanha em comunicado publicado no portal Science Daily.
As alterações provocadas pelo calor podem tornar as rochas mais quebradiças e propensas a fraturas. Já as mudanças na precipitação e no derretimento de neve podem alterar a pressão nos limites das placas tectônicas. "Embora esses fatores possam não ser os principais causadores de terremotos, eles ainda podem estar desempenhando um papel [na formação dos terremotos]", disse Saldanha.
Para identificar a relação entre o Sol e os terremotos, os cientistas combinaram métodos matemáticos e sistemas computacionais. Eles analisaram dados de terremotos junto a registros de atividade solar e temperaturas de superfície na Terra. Ao incluir a variável da temperatura da superfície da Terra no modelo utilizado, os especialistas observaram que o resultado se tornou mais preciso, especialmente para cenários de terremotos superficiais (que ocorrem entre 0 e 70 km de profundidade).
O resultado do estudo pode auxiliar na previsão de terremotos. Segundo os especialistas, caso a temperatura atmosférica da superfície seja considerada uma variável independente com potencial de afetar a incidência do fenômeno na Terra, é possível que os cientistas consigam antever quando os tremores ocorrerão com maior previsibilidade. "Esperamos que nosso estudo lance alguma luz sobre o quadro geral do que desencadeia terremotos", disse Saldanha.
A pesquisa atual é baseada em um estudo anterior do mesmo grupo, publicado em 2022. À época, os especialistas descreveram a relação entre a quantidade de manchas solares, que seriam um marco indicativo da atividade do Sol, e a frequência de terremotos.
Tremores ou vibrações da superfície da crosta terrestre, com diferentes intensidades e variadas dimensões, atingem a Terra há bilhões de anos. No entanto, somente com a invenção dos sismógrafos —aparelhos capazes de registrar as ondas sísmicas ou sismos (movimentos súbitos ou tremores na Terra) —, os cientistas conseguiram mapear seus epicentros.
Há três causas principais para a ocorrência de terremotos. São elas: desabamentos, que ocorrem por dissolução e deslizamento das massas rochosas e são causados pela força da gravidade, ocorrendo em regiões suscetíveis de dissolução dos terrenos; vulcanismo, quando há terremotos em regiões vulcânicas produzidos por explosões internas, decorrentes do escape repentino de gases sob fortes pressões; e tectonismo, responsável pela incidência dos terremotos mais importantes.
As placas tectônicas se movem, causando o acúmulo de energia de tensão, e essa energia é finalmente liberada na forma de terremoto. Nesses casos, as vibrações podem ser sentidas, sem o auxílio de sismógrafos, a mais de 2.000 quilômetros do foco (do ponto de origem do terremoto).
2 comentários
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Arthur Eduardo Freitas Heinrich
Que o Sol impacta a superfície, acredito que não há dúvidas, mas afetar o que quer que seja há 70 Km de profundidade é um forte indício de que estão trabalhando com um modelo errado e a introdução do efeito do Sol apenas aumentou a coincidência no conjunto de dados analisado, não sua precisão. Vivemos uma era da IA (Ignorância Artificial), onde está na moda buscar correlações em tudo, sem levar em conta os princípios envolvidos, o que seria mais inteligente. Temos que tomar cuidado para não proibir as pessoas de tomar água. Afinal, todos bebem água e morrem. Logo aparecerá alguém querendo estudar a quantidade de ingestão de água e como ela reduz a espectativa de vida.