Quem está por trás da empresa que paga para escanear as íris das pessoas
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O escaneamento de íris está se popularizando em São Paulo. Uma empresa paga em média 48 worldcoin —um criptoativo que pode ser convertido em reais— para aqueles que toparem tirar foto do próprio olho.
O objetivo, segundo a empresa, é oferecer às pessoas uma forma de verificação de humanidade —para provarem que são reais e não robôs. Isso porque a íris, assim como a impressão digital, é única.
Quem está por trás?
A detecção da íris é feita para o projeto World. A World afirma que o objetivo do sistema é "ajudar as pessoas a diferenciar interações humanas reais daquelas impulsionadas por inteligência artificial". O escaneamento da íris leva à emissão de um World ID, um código de identificação pessoal.
E a World está sob os cuidados da Fundação World e da Tools For Humanity. A Fundação World é uma organização sem fins lucrativos com sede nas Ilhas Cayman (Territórios Ultramarinos Britânicos, no Caribe) que serve como administradora da World. Já a TFH é uma empresa de tecnologia global, que liderou o desenvolvimento da World e também é quem opera o aplicativo World App. Apesar de trabalhar com o projeto World, a empresa é governada de forma independente da Fundação, operando apenas como fornecedora de serviços. A TFH tem uma sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e uma subsidiária na Baviera, Alemanha.
Sam Altman e Alex Blania são os nomes por trás da World e da TFH. Eles estão à frente do projeto World. Já a Fundação World diz não ter membros, proprietários ou acionistas, mas é governada por um conselho com quatro diretores.
Quem é Sam Altman?

Sam Altman é o presidente da TFH e CEO da OpenIA, empresa responsável pelo ChatGPT, um chatbot de inteligência artificial (IA) que cria respostas em texto a partir de perguntas dos usuários.
Altman é formado em ciência da computação, em Stanford, nos EUA. Começou a empreender aos 19 e ajudou a criar o Loopt, uma rede social baseada em localização vendida por US$ 43,4 milhões (R$ 236 milhões, na conversão atual).
Sua grande atuação no Vale do Silício foi como presidente do Y Combinator, posto que assumiu em 2014. Lá, trabalhava na aceleração de startups, oferecendo investimento e mentoria para essas empresas em estágio inicial. Airbnb, Twitch e Zoom são algumas das empresas que foram aceleradas pelo Y Combinator. Ele deixou a empresa para se tornar o presidente da OpenIA.
A notoriedade de Altman para o grande público ganhou impulso com o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022. Em 17 de novembro de 2023, o conselho diretivo da OpenAI demitiu Altman sem explicar a razão. Posteriormente, chegou-se a cogitar que o executivo estava querendo apressar o desenvolvimento de uma inteligência artificial, sem pensar em consequências. Em 29 de novembro do mesmo ano, Altman volta ao comando da OpenAI após grande discussão entre acionistas e comoção de funcionários.
Altman declarou apoio a Donald Trump nestas eleições. Ele desembolsou US$ 1 milhão (cerca de R$ 6 milhões, na cotação atual) para contribuir com a comissão da posse de Trump, assim como fizeram outros líderes da tecnologia. Em declarações à emissora Fox News, Altman afirmou que a inteligência artificial precisa de grande apoio em infraestrutura.
Precisamos construir isso aqui [nos Estados Unidos] e precisamos ter a melhor infraestrutura de IA do mundo. Eu acredito que o presidente eleito Trump será muito bom nisso.
Sam Altman à Fox News
Quem é Alex Blania?
Alex Blania é alemão e o CEO da TFH. Ele é formado em física e engenharia industrial pela Universidade de Erlangen-Nuremberg.
Blania se dedicou a estudar inteligência artificial durante um mestrado no Instituto Max Planck e como pesquisador no Instituto de Informação e Matéria Quântica da Cal Tech. Ele deixou os estudos para trabalhar na TFH.
Além do projeto de escaneamento da íris, ele também está por trás do criptoativo worldcoin, que é um dos segmentos do projeto World —quem escaneia a íris recebe worldcoin, que pode ser trocada por reais.
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A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, disse ter instaurado processo de fiscalização. O objetivo é "investigar o tratamento de dados biométricos de usuários no contexto do projeto World ID". A ANPD afirmou, ainda, que pediu esclarecimentos à Tools for Humanity sobre oito pontos, entre eles, o contexto em que ocorrem as atividades e a transparência do tratamento de dados pessoais.
A Tools for Humanity encaminhou os documentos e as informações requeridas. Atualmente, o processo encontra-se em fase de análise da documentação apresentada.
ANPD, em nota
A ANPD lembrou que dados biométricos, como a íris, são informações sensíveis. Por isso, recomenda-se cautela ao compartilhar as informações. A World diz não armazenar as imagens das íris das pessoas —segundo a empresa, o World ID é gerado e as imagens são apagadas. A Fundação World afirma estar "em total conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde a World opera".
*Com informações da AFP
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