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Elon Musk mentiu? Por que o selo azul ainda aparece para quem não paga?

6.out.2022 - Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões - Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu
6.out.2022 - Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões Imagem: Muhammed Selim Korkutata/Agência Anadolu

Simone Machado

Colaboração para Tilt*, em São José do Rio Preto (SP)

03/04/2023 14h01Atualizada em 03/04/2023 16h09

O dia 1º de abril foi a data anunciada pelo Twitter para o início do fim do selo azul de verificação gratuito dado contas de usuários por notoriedade e relevância. Internautas de fora dessas categorias precisam pagar o plano de assinatura Twitter Blue para ter acesso ao recurso.

Apesar disso, a data passou e diferentes perfis (de artistas, celebridades e jornalistas) continuam com o símbolo de verificado na rede social nesta segunda-feira (3), o que gerou dúvidas: Elon Musk mentiu? A mudança vai ou não acontecer?

A percepção inicial era de que tudo mudaria a partir da virada do mês.

O que está rolando?

Desde sábado alguns perfis no Twitter que já possuíam o selo azul e não pagavam por isso passaram a exibir a informação:

"Esta conta foi verificada porque está inscrita no Twitter Blue ou é uma conta verificada preexistente" - também conhecida como conta herdada.

A mudança foi sutil. É preciso passar o mouse em cima do ícone azul.

A mudança mais noticiada nas últimas horas ocorreu com o jornal New York Times, que atualmente é o 24º perfil mais seguido na plataforma, com 55 milhões de seguidores. Ele teve seu perfil oficial atualizado e o selo dourado (referente a empresa autenticada) deixou de aparecer.

A alteração veio logo após a organização declarar publicamente que não pretendia pagar ao Twitter os US$ 1.000 por mês para ser verificado oficialmente na plataforma. Ao ser informado por um usuário do Twitter, Elon Musk disse "vamos tirá-lo então".

Contudo, outras contas associadas ao NYT, incluindo Books and Opinion, ainda exibem o símbolo destacando como perfil herdado, assim como outras publicações como os jornais LA Times e o The Washington Post - ambos também afirmaram que não planejam pagar as novas taxas de verificação do Twitter.

Por que remoção não aconteceu em massa?

Um dos motivos que estaria "atrasando" a remoção do selo verificado de contas que não pagam pelo Twitter Blue seria porque o processo é feito de forma manual.

Segundo reportagem do site especializado em tecnologia The Verge, o processo ainda é alimentado por um sistema propenso a falhas, que se baseia em um grande banco de dados interno - semelhante a uma planilha do Excel - no qual os dados de verificação são armazenados, segundo ex-funcionários.

Às vezes, um colaborador tentava remover um selo, mas a mudança não funcionava, disse um dos entrevistados, levando os demais funcionários a explorar soluções alternativas.

No passado, não havia como remover esses selos de verificação de maneira confiável em grande escala - levando os profissionais do Twitter que lidam com spam, por exemplo, a removerem o símbolo azul um a um.

Será preciso ficar de olho nos próximos dias para observar se terá mesmo um cancelamento do selo azul em massa ou não.

Nem todo mundo vai perder

Embora Elon Musk tenha caracterizado as mudanças no sistema de verificação do Twitter como uma tentativa de tratar os usuários de forma igualitária, na semana passada um relatório afirmou que a empresa planeja conceder marcas de verificação gratuitas a certas empresas.

Isso incluirá os 500 principais anunciantes da plataforma e as 10 mil organizações com mais seguidores.

LeBron James, Lula e Biden não pagarão

Diversas empresas e usuários que possuem o selo azul se manifestaram nos últimos dias contra a cobrança pela verificação, e afirmaram que não vão pagar para ter a verificação oficial da empresa em suas contas.

No caso de usuários brasileiros o valor da assinatura é de R$ 42. Já organizações, empresas e agências governamentais podem pagar até US$ 1 mil (R$ 5 mil) para serem verificadas.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou, em nota na semana passada, que o governo Lula terá os selos cinza gratuitamente e que não pagará para ter o selo azul na plataforma. A mesma afirmação foi feita pela Casa Branca, nos EUA.

O jogador de basquete LeBron James, com 52,8 milhões de seguidores no Twitter, também disse que não vai pagar US$ 8 (valor da assinatura nos EUA).

O influenciador digital brasileiro Felipe Neto, com 16 milhões de seguidores, também disse que não pretende pagar pelo serviço.

Twitter anda mal das contas

Parte da decisão de o Twitter de empurrar aos usuários um serviço pago ocorre porque a empresa agora vale menos da metade do que Musk pagou há menos de um ano.

Um memorando recente estimou o valor da plataforma em US$ 20 bilhões, contra os US$ 44 bilhões que Musk a adquiriu. A onda recente de demissões em massa também demonstram uma crise interna. Ela atingiu 50% da força de trabalho da rede social.

*Com informações The Verge