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Entenda o caminho do seu voto, da urna eletrônica até o resultado final

Antonio Augusto/Secom/TSE
Imagem: Antonio Augusto/Secom/TSE

Rosália Vasconcelos

Colaboração para Tilt, do Recife

30/09/2022 15h56Atualizada em 01/10/2022 13h32

O primeiro turno das Eleições 2022 será realizado neste domingo (2) no Brasil. Mais de 156 milhões de eleitores deverão escolher os próximos presidente da República, governador, deputado (estadual/distrital e federal) e senador por meio das urnas eletrônicas.

Os dispositivos são usados desde 1996 e a cada eleição trazem melhorias em hardware e sistema para tornar o processo seguro, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Entenda a seguir o caminho do seu voto da urna e as tecnologias envolvidas por trás do processo no dia da eleição.

Modelos de urnas: de 2009 a 2020

Neste ano, serão utilizadas 577.125 urnas eletrônicas, em modelos na seguinte proporção e anos de fabricação:

  • UE 2020 (224.999 unidades)
  • UE 2015 (95.885)
  • UE 2013 (30.142)
  • UE 2011 (34.998)
  • UE 2010 (117.817)
  • UE 2009 (73.284)

O modelo de 2020 é o mais atual. Seu processador é 18 vezes mais rápido que o modelo anterior, de 2015.

Ligação das urnas eletrônicas

No domingo, as urnas eletrônicas devem ser ligadas após 7h (horário de Brasília) nas zonas eleitorais da maioria dos estados brasileiros. O processo será acompanhado por mesários e fiscais de partidos políticos.

OBS: Outras regiões brasileiras podem ter alterações por conta do fuso horário.

Garantia de que urna não tem voto

Na sequência, cada seção precisa gerar um relatório chamado "zerésima". Ele corresponde à identificação da respectiva urna e comprova que todos os candidatos estão com zero votos.

Os mesários acompanham a emissão, e todos os presentes assinam o documento atestando que o processo foi feito com segurança e sua veracidade.

Início da votação

A partir das 8h (horário de Brasília) a votação na seção eleitoral pode começar.

O mesário deve verificar o documento de identificação de cada eleitor que chegar para votar — pode ser o título de eleitor impresso, virtual ou documento com foto).

Como a urna registra o voto

  • Ao comparecer à sua zona eleitoral, é feita uma espécie de chamada, como a dos tempos de escola, para identificar que você está votando. Na sequência, a urna eletrônica é liberada.
  • Cada voto digitado e confirmado é computado dentro da urna de maneira embaralhada e criptografada.
  • Essa estratégia impede que o sistema identifique o voto do eleitor.
  • As informações vão sendo armazenadas dentro do equipamento de forma automática
  • O sistema não é capaz de alterar, adicionar nem subtrair votos.

Nada de internet

A urna eletrônica funciona como um computador, mas ela não tem conexão com internet, bluetooth ou qualquer tipo de rede — que possibilitaria a transferência de dados.

Por isso, a possibilidade, por exemplo, de um ataque hacker remoto é mínima, segundo o TSE. O único cabo que fica conectado a ela é o da energia elétrica.

Em uma situação hipotética, um possível ataque cibernético só seria possível com a posse de cada aparelho — uma espécie de sequestro do equipamento, para violar o sistema um por um.

Barreiras de segurança

O software da urna eletrônica foi desenvolvido pelo próprio TSE e ele possui uma série de camadas de segurança.

Não há registros oficiais de problemas relacionados à violação de dados, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

E se a urna quebrar?

O Tribunal Superior Eleitoral disponibiliza urnas eletrônicas de reserva para substituir equipamentos em caso de falhas.

A contagem de votos

Após as 17h, quando a votação for declarada encerrada, o presidente de cada seção eleitoral digita uma senha na urna eletrônica para concluir o processo.

O sistema interno do dispositivo calcula os votos de cada equipamento e produz um arquivo chamado Registro Digital de Voto.

Esse arquivo é gravado num pen drive (que pode ser de até 1GB), chamado Memória de Resultado, de uso exclusivo da Justiça Eleitoral, e também em um cartão de memória dentro da urna, que funciona como um backup.

A máquina, então, imprime cinco cópias do Boletim de Urna (também conhecido como BU), que contém:

  • o quantitativo de votos de cada candidato;
  • votos brancos;
  • votos nulos;
  • total de votos apenas dentro daquela máquina.

As cópias dos registros são entregues a fiscais de partido e outros representantes da sociedade civil, devidamente credenciados.

"Além dos arquivos dos BUs tornados públicos ao mesmo tempo que recebidos no TSE, são publicados na internet os arquivos do Registro Digital do Voto (RDV) e de logs das urnas eletrônicas do País", informa a Agência Câmara de Notícias.

Transmissão dos votos a partir da urna

O pen drive é então entregue numa embalagem lacrada a um integrante da Junta Eleitoral.

Ele leva o dispositivo até um ponto físico de transmissão com acesso a uma rede de comunicação privativa do TSE (VPN, termo para virtual private network). Pode ser, por exemplo, cartório eleitoral e TREs (Tribunais Regionais Eleitorais)

Para ter acesso aos dados contidos no pen drive é preciso ter uma assinatura digital, que faz a autenticação. Somente pessoas autorizadas possuem isso.

Votos chegam nos servidores do TSE

Antes de serem totalizados, os dados passam por uma série de certificações de segurança.

A assinatura digital é conferida para verificar se o resultado foi mesmo gerado pela urna daquela respectiva seção eleitoral.

Após a verificação, os dados são decifrados e calculados em um supercomputador, que fica nas instalações físicas do TSE, em Brasília. Vale frisar que nenhum cálculo é feito na nuvem (internet aberta).

Neste momento, os resultados começam a ser divulgados.

*Com informações do TSE, da Agência Senado, da Câmara Legislativa; e matérias de Isabela Aleixo e Mirthyani Bezerra