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Como florestas de árvores mecânicas podem ser solução contra efeito estufa

Florestas de árvores mecânicas são apostas do governo dos EUA contra CO2 - Divulgação/Universidade do Arizona
Florestas de árvores mecânicas são apostas do governo dos EUA contra CO2 Imagem: Divulgação/Universidade do Arizona

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

31/01/2022 04h00

Florestas artificiais com árvores mecânicas viraram a nova aposta do DOE (Departamento de Energia) dos Estados Unidos para combater as mudanças climáticas. O governo norte-americano agora investe em um sistema de captura de CO2 (dióxido de carbono), gás nocivo para ocorrência do efeito estufa.

O projeto é desenvolvido por pesquisadores dos colegiados de engenharias da Universidade Estadual do Arizona. De acordo com a instituição, a pesquisa recebeu, em meados de 2021, o aporte financeiro de US$ 2,5 milhões (R$ 13 milhões) do governo.

Chamado de Carbon Collect, a tecnologia atualmente já está em uso e sendo comercializada por uma empresa homônima com sede em Dublin, na Irlanda. A intenção da aposta dos Estados Unidos é aumentar a quantidade de captura de CO2 espalhado pelo ar através dessa tecnologia e diminuir os custos para essa operação.

O DOE pretende implantar três florestas de carbono em três regiões diferentes dos Estados Unidos com capacidade para capturar 1.000 toneladas de CO2 por dia, em cada uma. Não foi estipulado um prazo para o sistema entrar em atividade.

Ideia é capturar CO2 emitido no ar - iStock - iStock
Ideia é capturar CO2 emitido no ar
Imagem: iStock

Como funcionam as florestas mecânicas?

A captura do dióxido de carbono terá como foco as emissões de CO2 que são difíceis de serem controladas por agências reguladoras de governo, como os gases de carros, de aviões ou de eletrodomésticos, por exemplo.

Quando o CO2 é emitido, acaba se dissipando no ar. Sendo assim, os pesquisadores desenvolvem árvores mecânicas para capturar esse gás. Os "troncos" são, na verdade, colunas verticais altas de discos revestidos com uma resina química, com cerca de 1 metro e meio de diâmetro, compostos por discos separados por cerca de cinco centímetros, como uma pilha, segundo Klaus Lackner, professor que está a frente do projeto, em entrevista ao site Inverse.

Como o CO2 está no ar, a captura seria passiva. Isto é, não haveria um mecanismo para levá-lo até as árvores mecânicas, como uma espécie de ventilador gigante. A corrente de ar será a responsável por isso.

"À medida que o ar sopra, as superfícies dos discos absorvem o CO2. Após cerca de 20 minutos, os discos estão cheios e afundam em um barril abaixo. Enviamos água e vapor para liberar o CO2 em um ambiente fechado, e agora temos uma mistura de baixa pressão de vapor d'água e CO2", esclarece.

Carbono capturado poderá ser usado em energia renovável - Unsplash/Marcin Jozwiak - Unsplash/Marcin Jozwiak
Carbono capturado poderá ser usado em energia renovável
Imagem: Unsplash/Marcin Jozwiak

Como guardar o CO2?

Mas não basta apenas capturar o dióxido de carbono. É preciso adotar medidas de armazenamento do gás, pois "guardar CO2 por apenas 60 ou 100 anos não é suficiente", diz Lackner. "Se daqui a 100 anos todo esse carbono estiver de volta ao meio ambiente, tudo o que fizemos foi cuidar de nós mesmos, e nossos netos terão que descobrir uma solução novamente."

O pesquisador diz que o "mundo pode realmente eliminar o CO2 permanentemente", mas isso só acontecerá se o carbono for minerado, transformado em estruturas sólidas.

"Quando o CO2 reage com minerais ricos em cálcio, ele forma carbonatos sólidos. Ao mineralizar o CO2 assim, podemos armazenar uma quantidade quase ilimitada de carbono permanentemente", garante. A estocagem pode ser feita de maneira subterrânea.

Outra alternativa analisada é a possível reutilização do carbono.

"Neste momento, as pessoas usam carbono de combustíveis fósseis para extrair energia. Você pode converter CO2 em combustíveis sintéticos —gasolina, diesel ou querosene— que não contêm carbono misturando o CO2 com hidrogênio verde criado com energia renovável", exemplificou o professor.

"Esse combustível pode ser facilmente transportado por dutos existentes e armazenado por anos, para que você possa produzir calor e eletricidade em uma noite de inverno", conclui Lackner.