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IPTV, 'gatonet', TV Box: é tudo igual? Posso por numa boa na minha TV?

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Imagem: Getty Images

Melissa Cruz Cossetti

Colaboração para Tilt, do Rio de Janeiro

29/07/2021 04h00Atualizada em 05/08/2021 10h45

Set-top box (STB), TV box, media box, power box... O que não faltam são nomes para as famosas caixinhas que dão 'superpoderes' de acesso à internet aos televisores comuns. Para além delas, temos também os dongles (ou sticks), que são dispositivos menores, similares a um pen drive que fazem o mesmo. No meio dessa fauna tecnológica, temos ainda a IPTV, um sistema polêmico que vale a pena explicar — seu uso é ilegal ou não é?

Esses dispositivos permitem turbinar a televisão liberando canais populares de TV a cabo e/ou serviços de streaming como Netflix, Disney+ e Amazon Prime Video, da mesma forma que faria numa smart TV, computador ou celular. E sim, dá para assistir vídeos do YouTube e do Facebook Watch, basta baixar o aplicativo.

Como os dispositivos funcionam

Diferente dos serviços a cabo, os equipamentos funcionam como uma interface de acesso que usa a conexão sem fio wi-fi ou a banda larga fixa. Elas podem se conectar a aplicativos de conteúdo sob demanda (aqueles que assistimos a hora que quisermos independentemente de uma grade de programação) e/ou a chamada IPTV (que usa protocolo IP para transmitir sinal de canais ao vivo pela internet).

Antes de decidir qual tipo de aparelho é o melhor para você é importante avaliar se o produto tem uma coisa que serve para qualquer dispositivo de telecomunicação: a certificação da Anatel. Isso evita comprar um produto que ofereça serviço ou hardware ilegal, violando leis e colocando em risco outros equipamentos.

"É o selo da Anatel no aparelho é que diferencia se é um produto 'pirata' ou regular. Existem diversas TVs box sendo vendidas hoje em dia, algumas poucas são regulares. Uma infinidade de smart TV box é comercializada sem a devida certificação", explica Wilson Wellisch, mestre em engenharia elétrica pela UnB (Universidade de Brasília) e superintendente de fiscalização da Anatel.

Entendendo as diferenças

Dongles

Vamos começar pelos dispositivos mais simples e baratos: os dongles. Conhecidos também sticks são normalmente um pequeno pedaço de hardware — muito parecidos com um pen drive — que se conecta a uma porta em outro dispositivo — ele fica pendurado atrás da sua TV.

Chromecast conectado na TV - Reprodução - Reprodução
Chromecast conectado na TV
Imagem: Reprodução

Neste caso, se conectam via HDMI e são ideais para televisores presos na parede, pois não deixam tantos fios aparentes, se forem bem escondidos atrás do aparelho ou do seu painel. Alguns produtos nesse formato são famosos:

Para instalar, basta conectar o dongle em uma das portas da TV e em uma fonte de alimentação — geralmente é uma porta USB.

Feito isso, é possível controlar a interface do dispositivo, que pode ser um sistema operacional próprio do fabricante e instalar aplicativos como Netflix, Amazon Prime Video, Globoplay, Disney+ e tantos outros. Em geral, possuem controle remoto próprio, mas alguns, como o Chromecast, são controlados por meio de um aplicativo no seu smartphone.

A depender da versão e da data de lançamento desses aparelhos, os dongles e sticks podem ser mais caros ou mais baratos; e são encontrados por volta de R$ 300 ou mais.

TV box e stick: dispositivos fazem televisão funcionar com internet

Set-up box

Um set-up box ou TV box, como diz o nome, é uma caixinha de mídia. Ela tem um formato mais quadradinho e precisa ficar repousada sobre o rack ou a superfície em que está a sua TV. A fonte de energia delas pode ser via cabo USB ou mesmo usando uma tomada dedicada.

Por ter mais espaço físico para acomodar recursos, vem com equipamentos do tipo conversor, decodificador ou receptor de canais de televisão, tem um hardware mais robusto compatível com vídeo 4K. Além disso, tem espaço de armazenamento para gravar a programação e mantê-la salva.

Entre os produtos nesse formato, estão:

Geralmente, os aparelhinhos possuem "smart" e "box" no nome ou descrição técnica. Vale notar que a distância entre dongles e os modelos TV box está ficando cada vez menor. Já é possível encontrar recursos antes vistos apenas nos formatos de caixinhas, também nos dongles.

Por serem mais complexas, uma TV box costuma ser mais cara, custando a partir de R$ 400. No caso da Apple TV, a versão HD custa R$ 2.000 e a 4K um pouco mais.

Cuidado com os irregulares

A verdade é que numa busca rápida você vai encontrar muitos dispositivos pelo mercado, com os preços mais variados possíveis — alguns incluindo serviços para lá de duvidosos. Há lojas físicas e onlines que ofertam TV boxes com "todos os canais a cabo liberados", seja de graça ou pagando uma mensalidade muito aquém dos valores praticados pelas operadoras de TV.

Quando a oferta é demais, desconfie. Pode ser ilegal. E o crime é possível porque, em geral, essas "caixinhas mágicas" usam listas de IPTV gratuitas (e o grátis aqui não é sinônimo de coisa legal).

De acordo com o superintendente de fiscalização da Anatel, produtos que são submetidos a certificação para obtenção do selo e apresentam qualquer irregularidade ou aplicativos para fins ilícitos (como assistir a canais de TV ou vídeos on demand de graça) são reprovados.

"Hoje temos alguns produtos como Chromecast e Apple TV, e os das operadoras, como o Claro Box TV, que passaram por todos os testes [da Anatel]. São avaliados, inclusive, os aplicativos pré-instalados para verificar se não estão reproduzindo conteúdos 'piratas' [dos canais], e que infringem a lei de direitos autorais", completa Wellish.

IPTV é legal

IPTV é um meio legal de distribuir sinal de televisão. Não há nada de errado com aparelhos e aplicativos que oferecem o serviço, desde que o façam dentro das regras de autorização de funcionamento. É o que explica Alessandro Maluf, diretor de produtos de vídeo da Claro e do Claro Box TV.

"A lista de IPTV gratuita é crime, é pirataria, porque você não está remunerando toda a cadeia produtiva de audiovisual e distribuição de conteúdo. O SporTV e a Band, por exemplo, negociam com o COI [Comitê Olímpico Internacional] direitos de transmissão das Olimpíadas, pagam milhões para ter o direito sobre aquele conteúdo e receber o sinal com qualidade", aponta Maluf.

O executivo resume, no caso da Claro, por exemplo, que o processo se inicia em licenciar os canais, remunerar cada canal pelo conteúdo cedente e, feito esse acordo, o conteúdo entra no leque de produtos operadora, comercializado de forma oficial, recolhendo todos os impostos no país e fazendo parte de toda a rede de infraestrutura e suporte da empresa.

Além disso, operadoras oficiais costumam respeitar a regionalização dos canais de TV e suas emissoras afiliadas, oferecer qualidade de vídeo na transmissão e na prestação de serviço. Maluf lembra que IPTV ilegal nem sempre funciona, mas as pessoas relevam.

"Já que não pagam, acabam suportando uma qualidade baixa na prestação do serviço. Mas, acho que, além disso, tem a questão moral de ter um produto pirata em casa", conclui.

A Claro TV Box fornece o serviço e o set up box. Esse combo custa de R$ 20 a R$ 80 mensais para clientes da empresa, a depender do pacote contratado. As assinaturas dos aplicativos de streaming não estão inclusas. Além da Claro, outras empresas oferecem IPTV legal no Brasil, como DirecTV Go, Oi Play e Guigo TV, cada um com seus pacotes.

IPTV dentro da regularidade

Há, ainda, serviços de IPTV legais e também gratuitos, como é o caso do Pluto TV, do Plex TV e do Globoplay, que além do streaming pago e canais, libera o canal local na cidade sem custos.

Uma alternativa à TV a cabo, a IPTV pode sofrer do mal do delay (atraso no tempo de resposta de uma cena). Vale avisar: se você pretende assistir uma partida de futebol, pode ouvir o vizinho celebrando um gol antes.

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