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Canais pagos no Globoplay: por que nem todo mundo poderá assistir na TV?

Globoplay vai ter canais ao vivo - Divulgação/Globo
Globoplay vai ter canais ao vivo Imagem: Divulgação/Globo

Mirthyani Bezerra

Colaboração para Tilt

31/08/2020 17h25

Sem tempo, irmão

  • Globoplay uniu o streaming com a TV por assinatura
  • Além do conteúdo "on demand", serviço traz para plataforma canais ao vivo
  • Mas nem todo mundo vai conseguir acessar pela SmartTV
  • Televisores anteriores a 2015 devem ter problemas para ter uma experiência completa
  • A razão está no processador e na ausência dos sistemas de direitos

O Globoplay uniu o streaming com a TV por assinatura e passará a oferecer, além do conteúdo sob demanda de séries, novelas e programas de televisão já disponíveis, uma série de canais com transmissão ao vivo. Mas nem todo mundo vai conseguir acessar esse novo Globoplay — que está sendo chamado pela empresa de "Globoplay + canais ao vivo" — por meio da SmartTV, apenas pelo celular ou computador.

Entre os novos canais que aparecerão no serviço, estão os da casa (Multishow, GNT, GloboNews, SportTV, etc.) e os gringos Universal TV, Studio Universal, SyFy, Megapix, além do Canal Brasil - serão, ao todo, 19 canais lineares. A novidade vai estar disponível para os atuais assinantes da plataforma a partir de amanhã (1º), em um pacote opcional que custará R$ 49,90 por mês contra os atuais R$ 22,90 do modelo atual.

No entanto, televisores mais antigos fabricados antes de 2015 não devem oferecer uma experiência completa do aplicativo para os seus usuários. A empresa afirmou que televisores Samsung com sistema operacional Tizen, e LG, com WebOS, fabricadas até 2015 terão uma oferta restrita de serviços. A razão está nos processadores.

"Nas TVs mais antigas, são raras as que têm bom processador. Atuais tendem a ter processadores melhores, mas as mais baratas é muito provável que um dos itens de baixo custo seja o processador", afirmou Erick Brêtas, diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo.

Os assinantes, nesse caso, podem assistir aos novos canais apenas pela internet ou em aplicativos mobile, como no celular.

Além da questão do hardware, Brêtas explica que mesmo alguns televisores mais novos também enfrentarão problemas porque não possuem sistema de DRM (Digital Right Management, ou Gerenciamento de Direito Digital, em tradução livre), que previne a reprodução de conteúdo não autorizado. Ele afirma que por questões contratuais o Globoplay só vai ser permitido em aparelhos que dão suporte a essa tecnologia.

"O DRM é necessário tanto para conteúdos sob demanda nacional e internacional, quanto para conteúdo ao vivo. A TV precisa ter um sistema de DRM, se ela não tem, esses canais não vão estar disponíveis. Quem tem TV com DRM não deve ter dificuldade", afirma.

Mesmo SmartTVs mais atuais da Sony, Panasonic e TLC poderão ter problemas para rodar de maneira integral a plataforma. Brêtas diz ainda que nesses casos é melhor o usuário "não ter o Globoplay, do que ter uma experiência que seja frustrante".

Segundo Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo, oferecer canais ao vivo com qualidade aliado com serviço sob demanda é desafiador. Ainda assim, ele garante que a plataforma vai oferecer "uma experiência muito boa" em televisores que cumpram os requisitos de processamento e DRM. Ao todo, há 10 marcas de TVs, com 20 sistemas operacionais que rodam o Globoplay em mais de 1800 modelos.

"Desenvolvemos códigos que rodam o Globoplay em cada um deles, respeitando as limitações de cada modelo, e para as TVs produzidas após 2015 teremos uma considerável melhoria da experiência do consumidor que assiste aos conteúdos da plataforma diretamente pela TV", afirma.

Raymundo Barros diz ainda os modelos capazes de oferecer uma experiência completa ao usuário poderão ser consultados no site. "No site está bem destacado onde vamos ter alguma questão e onde garantimos a experiência de poder trocar de canal da mesma forma como trocamos na TV aberta ou paga tradicional", garante.

Além disso, o usuário que quer acessar o Globoplay + canais ao vivo pela TV precisa ter uma velocidade de internet superior a 40 Megabytes por segundo e configurações bem feitas. "Canais lineares são mais sensíveis às variações de latências", diz Brêtas.

Globo x Netflix: a disputa por apps nativos

Ainda que seja a maior plataforma de streaming do Brasil, com mais de 840 títulos publicados em 2019 e cerca de 115 milhões de horas de consumo por mês, ainda é duro concorrer com gigantes, como a Netflix, quando o assunto é TV conectada. Barros afirma que a principal razão está no fato de que a Netflix possui acordo globais com fabricantes para ter o aplicativo nativo dentro dos televisores.

Mas a Globo está comendo pelas beiradas e estabelecendo parcerias regionais. O resultado é a parceria com a Samsung para televisores da linha 2020. "O jogo não fica equilibrado se não tem presença no hardware [apps nativos]. A gente só conseguiu isso por conta do nome da Globo", diz

"Com a ampliação desses televisores com o Globoplay nativo, a experiência de consumo vai subir substancialmente", acrescenta Barros, diretor de tecnologia da Globo.

Ele afirma ainda que a Globo duplicou a sua CDN (Rede de Distribuição de Conteúdo, sigla em inglês), que em suma é uma rede de servidores que aproxima o usuário geograficamente do conteúdo que ele quer acessar diminuindo o tempo da transferência de dados.

"Duplicamos a nossa CDN que hoje tem capacidade de cinco terabytes de distribuição. Hoje servimos mais de 1 bilhão de horas de consumo de vídeo, quatro vezes mais do que tínhamos conseguido no ano passado", diz Barros.