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Por que 2019 deverá ter a maior queda de vendas de smartphones da história?

Eficiente, mas não muito diferente de seu antecessor, iPhone 11 exemplifica a desaceleração deste segmento - Reprodução
Eficiente, mas não muito diferente de seu antecessor, iPhone 11 exemplifica a desaceleração deste segmento Imagem: Reprodução

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

02/10/2019 18h39

Resumo da notícia

  • Consultoria Gartner prevê queda de 3,9% nas vendas, a maior já registrada no segmento
  • Falta de inovação e mercado saturado são principais fatores para cenário
  • Chegada do 5G surge como um catalisador para que vendas sejam reaquecidas no futuro

O ano de 2019 terá saldo negativo e será um marco para a indústria de celulares. Uma pesquisa da consultoria de mercado Gartner aponta que as vendas de smartphones terão sua pior queda da história. Em um mundo que já tem mais de 5 bilhões de celulares ativos, a compra de novos aparelhos cairá 3,9%, maior regressão já registrada.

O movimento é uma consequência de uma tendência que já foi observada por fabricantes como Apple e Samsung: o mercado de smartphones está saturado. Se você já tem um celular, por que compraria um novo? O seu antigo pode estar muito defasado, ou alguma inovação te motivaria, mas isso é cada vez mais raro - o iPhone 11 é um forte indicativo disso.

"Isso ocorre porque os consumidores mantêm seus telefones por mais tempo em função da pouca atração gerada pelas novas tecnologias", afirmou Ranjit Atwal, diretor sênior de pesquisa do Gartner.

Os smartphones da Apple são uma boa referência para esse fenômeno. Com lançamentos anuais e melhoras graduais, o iPhone evoluiu tremendamente de 2010 até 2019, mas os saltos tecnológicos entre as diferentes versões são cada vez menos perceptíveis para os usuários, especialmente quem não precisa do aparelho para tarefas que exijam muito poder computacional.

Um dono de iPhone X, lançado há dois anos, não tem nenhuma necessidade de trocar seu aparelho, ainda que o XS e o 11 Pro sejam objetivamente melhores. O desempenho não é tão superior a ponto de atormentar o uso no dia a dia; a tela é do mesmo tamanho e formato, com excelente resolução; a bateria, sim, teve avanços sensíveis.

A forma que as empresas têm tentado promover seus produtos é a partir das câmeras. Neste campo de batalha, o número de sensores na traseira dos celulares foi de um para até cinco, fora soluções de software como melhorias de fotos tiradas no escuro -o iPhone 11 apenas colocou os smartphones da Apple em um patamar que Google Pixel 3, Huawei P30 Pro e Samsung Galaxy S10 já estavam.

Como a qualidade média dos celulares em uso é mais alta do que nunca, é mais difícil convencer que as pessoas comprem um novo, especialmente se elas são proprietárias de modelos da faixa premium. "A menos que os dispositivos ofereçam uma nova utilidade, eficiência ou experiências significativas, os usuários não desejam necessariamente atualizar seus telefones", explicou Atwal.

A previsão do Gartner é que 1,743 bilhão de celulares sejam vendidos em 2019, contra 1,813 bilhão em 2018. A perspectiva é que 2020 e 2021 ainda tenham um número significativo de smartphones comercializados, mas em um patamar que ficará entre o de 2018 e o de 2019, sem quebrar a barreira do 1,8 bilhão.

O que pode mudar o cenário

Uma inovação que irá motivar a troca de bilhões de celulares é a expansão do 5G pelo mundo. Hoje restrita a 34 redes em todo o mundo, a tecnologia será gradualmente implementada em mais países e regiões e exigirá a troca de aparelhos.

Será uma repetição do que ocorreu na transição do 3G para o 4G, pois celulares antigos não eram compatíveis com as redes mais modernas e rápidas. A previsão do Gartner é que o porcentual de aparelhos capazes de conexão ao 5G será de 10% em 2020 e chegará a 56% em 2023.

Neste ano, Samsung, Huawei, Xiaomi, LG e Motorola já colocaram à venda aparelhos compatíveis com 5G, um movimento que visa fazer com que as pessoas voltem a trocar de celular. Segundo rumores, a Apple deve se juntar ao grupo com o iPhone de 2020.

Mesmo com os celulares ganhando compatibilidade, a oferta de redes de 5G pode ser um entrave para essa estratégia. "Menos da metade dos fornecedores de serviços de comunicação em todo o mundo lançará uma rede 5G comercial nos próximos cinco anos", conta Atwal.

Se você quer ter uma ideia de como é viver com o 5G, tivemos um gostinho disso usando a tecnologia na Coreia do Sul. Por aqui, o leilão do 5G só irá ocorrer em março 2020. As primeiras redes comerciais estão previstas para pelo menos um ano depois.

Fora o 5G, que ainda vai demorar um pouco para chegar aqui, as empresas investem em uma revolução no formato do smartphone. O celular de tela dobrável é a aposta mais badalada, mas apenas dois modelos do tipo estão no mercado: o Galaxy Fold, da Samsung, e o FlexPai, da Royole. A Huawei promete lançar seu Mate X ainda neste ano.

Outra alternativa é o que a LG e a Microsoft buscam: celulares com duas telas, mas com uma dobra no meio. É essa a proposta do G8X ThinQ e do recém-anunciado Surface Duo.

Isso seria suficiente para te convencer a trocar de celular?

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