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Jesus gay, prostituição: as polêmicas dos especiais do Porta dos Fundos

Especial de Natal do Porta dos Fundos de 2022 chega ao Paramount+ no dia 21 de dezembro - Laura Campanella
Especial de Natal do Porta dos Fundos de 2022 chega ao Paramount+ no dia 21 de dezembro Imagem: Laura Campanella

De Splash, no Rio

14/12/2022 04h00

Já virou tradição: o fim de ano se aproxima e mais um especial de Natal do Porta dos Fundos também. Desde 2013, os vídeos costumam chamar atenção por atrelar humor e religião. Polêmicos, eles fazem sátiras com passagens da Bíblia e abordam temas como homossexualidade, causando revolta em parte dos religiosos e conservadores.

Mas, desta vez, é esperado que o especial não cause polêmicas. Isso porque ele não aborda religião e aposta no terror pela primeira vez. O vídeo de 35 minutos será liberado na Paramount + no dia 21 de dezembro.

Enquanto o novo especial de Natal não estreia, Splash relembra as polêmicas dos anos anteriores, incluindo ataque na antiga sede da produtora de vídeos após especial de 2019:

Te Prego Lá Fora (2021): Em desenho animado, o especial disponível na Paramount+ retratou Jesus Cristo (Rafael Portugal) tentando superar dilemas comuns aos adolescentes. Conservadores criticaram a obra de ficção porque mostrou Cristo indo a um prostíbulo e falando sobre pornografia. O especial ainda questionou o que aconteceria se ele fosse uma mulher.

A Primeira Tentação de Cristo (2019): Veiculado na Netflix, esse foi o especial que mais causou polêmica. No roteiro, Jesus Cristo (Gregório Duvivier) está prestes a completar 30 anos, quando é surpreendido com uma festa de aniversário ao voltar do deserto, onde se descobre gay e começa a namorar outro rapaz, Orlando (Fábio Porchat). Além disso, Deus foi retratado como mentiroso. Isso despertou a ira de representantes religiosos, como os da Record TV, e de políticos, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL).

O grupo foi alvo de um atentado em uma antiga sede. O prédio foi atacado por bombas e teve um princípio de incêndio controlado. O episódio foi realizado por um "comando de insurgência popular nacionalista da família integralista brasileira", segundo relato do jornal Correio Braziliense em 2019.

Se Beber, Não Ceie (2018): O primeiro especial a ser disponível na Netflix ganhou amplitude nacional. Ele provocou revolta de religiosos por satirizar um episódio bíblico usando como inspiração o filme "Se Beber, Não Case". A história mostrou apóstolos acordando de ressaca no dia seguinte à última ceia e percebendo que Jesus Cristo havia sumido. O filme ganhou o Emmy Internacional na categoria Melhor Comédia.

A Arca de Noé (2017): Narrado como falso documentário, esse especial contou como Deus interpelou Noé para construir sua famosa arca. No vídeo, Deus chega por acaso — ele queria mesmo era falar com o padre Fábio de Melo — e precisa lidar com um construtor picareta e preguiçoso, que usa madeira MDF em vez madeira tradicional e estoura os prazos para criar a embarcação.

Jesus Cristo (2015): Quatro esquetes baseadas na trajetória de Jesus são apresentadas no roteiro, com Fábio Porchat interpretando o filho de Deus da lavagem de pés até a pós-crucificação. José (Duvivier) e Maria (Clarice Falcão) vão a um programa de TV para revelar a Cristo que, na verdade, ele é filho de Deus (Gabriel Totoro), com direito a teste de DNA e barraco no ar — mesma energia do "Programa do Ratinho".

O Velho Testamento (2014): O especial de 2014 trouxe uma entrevista com Inri Cristo e histórias adaptadas do Antigo Testamento. No roteiro, em uma delas, Deus (Porchat) tenta convencer Moisés (Luis Lobianco) a escrever os Dez Mandamentos, mas na pele de um homem negro (Babu Santana). Racista, ele duvida que está diante do Todo-poderoso e só se convence quando ele volta na figura de homem branco (Porchat).

Especial de Natal (2013): Em seu primeiro especial natalino, o Porta dos Fundos retratou, entre outras passagens, Jesus Cristo (Duvivier) apresentando aos pais (Júlia Rabello e Antonio Tabet) uma seguidora, Maria Madalena (Letícia Lima), como se fosse uma namorada. Ele tenta desconversar quando o assunto cai na profissão da moça, supostamente uma prostituta — versão nunca confirmada pela Igreja. Foi a primeira polêmica envolvendo o Porta dos Fundos e a Igreja.