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Grammy: 1 mês antes de Marília morrer, clima entre Patroas era de já ganhou

Marília Mendonça, Maiara e Maraisa lançam o projeto Patroas no Alianz Parque, em São Paulo - Leo Franco/AgNews
Marília Mendonça, Maiara e Maraisa lançam o projeto Patroas no Alianz Parque, em São Paulo Imagem: Leo Franco/AgNews

Renata Nogueira

De Splash, em São Paulo

18/11/2021 04h00

Marília Mendonça, Maiara e Maraisa falaram, em coletiva de imprensa realizada no dia 5 de outubro —um mês antes da morte da cantora sertaneja—, sobre a felicidade com que receberam a indicação do álbum "Patroas" ao Grammy Latino. No evento, que aconteceu no Allianz Parque, estádio em São Paulo onde se apresentariam juntas em abril do ano que vem, o clima era de "já ganhou".

Enquanto Marília se estendeu contando sobre a simplicidade e verdade do projeto ao qual as três conseguiram se dedicar bastante durante a pandemia, Maiara não escondia a empolgação com a possível primeira estatueta do Grammy de sua carreira. "A gente já ganhou, viu? Se a gente não ganhar, já ganhou. Eu acho que a gente merece um Grammy", repetia animada a parceira de Maraisa.

A empolgação das cantoras com o assunto Grammy Latino era tanta que o produtor precisou interrompê-las no ponto que só Marília Mendonça ainda mantinha no ouvido, já no final da coletiva de imprensa. "Foi da diversão que veio a indicação", resumiu Maraisa sobre o clima entre as três cantoras e amigas.

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Maiara, Marília Mendonça e Maraísa fizeram um pocket show no Allianz Parque, em São Paulo, para anunciar a turnê Patroas, em 5 de outubro de 2021
Imagem: Leo Franco/AgNews

Marília Mendonça já tem um Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja pelo álbum "Todos Os Cantos", de 2019. Neste ano, disputa com o disco "Patroas" na mesma categoria com "Tempo de Romance", de Chitãozinho e Xororó, "Daniel em Casa", de Daniel, "Conquistas", dos Barões da Pisadinha, e "Pra Ouvir no Fone", de Michel Teló.

Caso as artistas conquistem hoje à noite o gramofone de Melhor Álbum de Música Sertaneja, na cerimônia que acontece em Las Vegas, nos Estados Unidos, será o segundo Grammy Latino de Marília Mendonça, agora póstumo, e o primeiro da dupla Maiara e Maraisa.

A Marília já ganhou o Grammy, gente. Só que ela falou que agora tá diferente. Porque ela tem duas meninas encaixadas com ela. Maiara

Lançado em 4 de setembro de 2020, "Patroas" é resultado de uma ideia que já existia, mas ainda não tinha virado disco. Com os shows suspensos por causa da pandemia, as cantoras, que são vizinhas em Goiânia e amigas de longa data, começaram a se encontrar e criar músicas novas para o projeto que estava em pausa por falta de tempo, como as três contaram à imprensa em outubro.

Além da indicação ao Grammy Latino, "Patroas " virou uma turnê que passaria, a princípio, por quatro capitais do Brasil. Apenas no show de São Paulo, 40 mil pessoas eram esperadas. Os ingressos ainda estão à venda, mas, segundo a assessoria de imprensa, ainda não há uma definição sobre os shows e se Maiara e Maraisa assumirão sozinhas a turnê.

Marília prezava pela liberdade e verdade das Patroas

Eu sou muito livre para criar dentro do Patroas. A minha responsabilidade diminui aqui, porque eu não preciso ficar pensando no que vai ser comercial, no que o fã de Marília Mendonça, a rainha da sofrência, vai querer. Aqui eu desbloqueio tudo. Marília Mendonça

Para o disco, além das músicas inéditas, as três abriram o baú de repertórios antigos e não aproveitados. "Tem umas músicas antigas nossas, de oito anos atrás, paradas. Essas músicas já passaram na mão de muita gente e ninguém acreditou. Só que a gente acreditava, só não achava que era o momento. Sempre para depois", lembrou Marília.

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Marília Mendonça em coletiva de imprensa no Allianz Parque, em São Paulo, em 5 de outubro, quando anunciou a turnê Patroas ao lado de Maiara e Maraisa
Imagem: Leo Franco/AgNews

"Fizemos um repertório, uma miniaudição, todo dia tomando uma. A gente falava que ia ensaiar, mas também tomava uma. Chamamos umas cinco pessoas e botamos as anotações da galera em um caderninho. Pronto, tá feito o repertório." O projeto nasceu de forma tão singela que Marília até temia a possibilidade de levar o prêmio. "Eu fico falando para as meninas: 'O que a gente vai falar se a gente ganhar um Grammy?'"

A simplicidade e a verdade de encontros, que eram mais raros quando as agendas de shows apertavam, as levaram mais longe do que elas poderiam imaginar, como resumiu Marília naquele 5 de outubro.

"Na nossa cabeça era para ser um negócio normal. E foi tudo ficando grande demais. E, de repente, depois que passou tudo isso, aí a gente tá com a Live Nation por causa desse álbum. A indicação ao Grammy veio por esse álbum. E hoje a gente tem a certeza absoluta de que é a nossa verdade que vai levar a gente a lugares incríveis como esse que a gente está."

Marília Mendonça já havia escolhido seu vestido para usar na cerimônia que acontece hoje em Las Vegas e o escritório dela e de Maiara e Maraisa preparava uma surpresa para as Patroas nos EUA. Agora, apenas um representante da gravadora Som Livre deve participar do Grammy Latino e receber a estatueta caso o disco seja o eleito.