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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O Casamento do Meu Melhor Amigo faz 25 anos: Cameron é verdadeira heroína

Cameron Diaz em cena humilhante do filme: ela também gosta de Florença, poxa - Divulgação
Cameron Diaz em cena humilhante do filme: ela também gosta de Florença, poxa Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

27/06/2022 04h00

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O casamento do meu melhor amigo, clássico do renegado gênero da comédia romântica, fez 25 anos nesse mês de junho. De 1997 para cá, muito aconteceu: o celular que Jules (Julia Robert) usava diminuiu, as roupas largas ficaram antigas e depois de anos voltaram a ser modernas, cabeleiras iguais a da atriz foram amansadas por secadores e chapinhas e, décadas depois, são outra vez sinônimo de poder.

Mas mais importante que os modismos que sempre voltam depois de uns 20 ou 30 anos, o que se viu desde o lançamento do filme foi uma mudança no comportamento das mulheres.

Se você nunca viu o filme, fica aqui um resumo: Jules tem um melhor amigo chamado Michael (Dermot Mulroney), com quem teve um lance quente na faculdade. Ela sempre repeliu a ideia de relacionamentos longos, mas aos 28 anos sente que talvez esteja na hora de assentar. Michael e Jules melhores amigos desde então e já viveram de tudo juntos - de sexo quente a pactos de sangue (juro).

Até que ele liga para contar para ela que vai casar com Kim, uma herdeira bilionária de 20 anos que ainda está na faculdade de arquitetura. A velha rivalidade feminina fala mais alto e Jules vai até Chicago com o objetivo de destruir esse relacionamento e pegar para si o homem que é (ela julga ser) seu.

Em Chicago, é recebida pela família da noiva. A própria Kim (uma estonteante e carismática Cameron Diaz) é extremamente simpática com a forasteira e a convida para ser sua própria dama de honra. Aí entra o óbvio: se tem Julia Roberts nas telas, é inerente que torçamos para ela. E no fim da década de 90, não parecia estapafúrdio que uma mulher se dedicasse a armar situações para acabar com o relacionamento de outra. Era até natural - hoje, ainda bem, isso não faz o menor sentido.

Estivemos erradas por todo esse tempo

Kim é a verdadeira vítima da situação. Vive um relacionamento com um homem oito anos mais velho que acha natural que ela largue a faculdade e a própria vida em sua cidade para segui-lo em sua profissão. Repórter esportivo, ele viaja todos os fins de semana para cobrir os jogos.

O desejável Michael vai além. Diaz antes de seu matrimônio, acha natural entrar sem bater no quarto da amiga enquanto ela se troca. Ela tenta se cobrir, ele a mede de cima abaixo e elogia a nudez. Poxa, Michael, dá uma maneirada.

Kim teve que lidar por todo o namoro com o endeusamento que seu noivo faz de uma mulher mais velha, mais cabeluda (como ela mesmo diz) e mais forte. "Ele colocou você num pedestal, e me colocou em seus braços", ela afirma. E vai lidando com as situações como pode: ela não sabe o que fazer no karaokê, mas canta mesmo assim. Ela tem ciúme, claro, porém transforma isso em atitudes assertivas. A universitária tem mais segurança emocional do que a crítica gastronômica gabaritada. Kim, você é incrível!

Há um momento em que Jules explica para Kim a metáfora das sobremesas. Diz que Creme Bruleé é incrível, mas tem uma hora em que tudo que você quer é algo mais simples, como gelatina. "Eu posso ser gelatina", Kim garante às lágrimas. Jules explica que um Creme Bruleé nunca será gelatina. Bobagem. Kimberly já era forte aos 20 anos, imagina se não poderia ser o que quisesse.

Passamos a vida toda querendo ser Jules, quando na verdade o certo era querer ser Kim. Que "não sabe o que saber consigo mesma", como ela cantou no karaokê, mas faz desse limão uma limonada graciosa demais. Não há cabeluda estonteante que supere tanta segurança.

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