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Em confronto entre Globo e Fifa, Casimiro é o grande vencedor
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Resumo da notícia
- O Globoplay lançou uma campanha parodiando o apresentador Casimiro para divulgar a transmissão do Mundial de Clubes
- Casimiro não incomoda a Globo na TV, mas é um concorrente do Globoplay e a campanha tenta levar essa disputa para o digital
- As transmissões gratuitas de futebol no YouTube são uma dor de cabeça para a Globo no cabo e no Globoplay
- Enquanto a Globo e suas empresas cobram do espectador para dar acesso ao conteúdo, o YouTube oferece as mesmas transmissões de graça
- Empresas dizem que com o futebol de graça no YouTube a conta não fecha no digital e até a Fifa está perdendo
- Nos EUA o YouTube pagará R$ 10 bilhões ao ano para exibir o Sunday Ticket, da NFL; mas para assistir é preciso ser assinante da plataforma do Google
Após décadas de relacionamento, Globo e Fifa estão em uma encruzilhada. De um lado, a Globo, pressionada pelos crescentes custos dos direitos esportivos e queda de receita da TV, foi forçada a rever todos os contratos esportivos e reduzir valores. Os acordos com a Fifa, que estavam entre os mais caros do mundo, tiveram os valores drasticamente reduzidos.
Com a Globo abrindo mão da exclusividade, a Fifa se viu forçada a buscar alternativas. A saída foi apelar ao digital, na expectativa de que plataformas de streaming entrassem no lugar da Globo. Mas os resultados intrigam cada vez mais o mercado.
Os jogos que a Fifa antes negociava com exclusividade, e recebia bilhões de reais em troca, agora estão sendo entregues de graça no streaming em troca de uma alguns milhares de reais para a organização.
Globo responde a Casimiro
Dona dos direitos de transmissão do Mundial de Clubes da Fifa na TV, a Globo divulgou nesta semana uma campanha provocando Casimiro Miguel, streamer e apresentador que será concorrente pela audiência da competição na CazéTV, canal do YouTube e Twitch.
É importante notar que a campanha é do Globoplay. A Globo, e nem Casimiro, acreditam que concorrem na TV. Um influenciador como Casimiro não incomoda a Globo. Ele é pequeno se comparado aos números da TV aberta, que é gigantesca no Brasil e tem a Globo como líder absoluta. Mas no digital é diferente.
No digital a disputa entre eles é real e é nesta arena que a Globo quer focar a conversa.
Como Casimiro disse em uma live nessa semana, a CazéTV é muito maior que o Globoplay quando transmitem os mesmos jogos. O Globoplay é pago e Casimiro transmite o mesmo conteúdo gratuitamente. "Não tem como comparar, a transmissão na CazéTV é de graça. A imagem é a mesma, todos recebem a mesma".
O influenciador também falou da campanha do Globoplay. "Os caras me citando em rede nacional para divulgar o produto deles, que é espancado pelo nosso, com todo respeito. Não estou falando da Globo, mas do Globoplay. Não queria falar isso, mas a verdade é essa", disse.
Casimiro ressaltou que é líder no digital, mas disse ser impossível para ele concorrer com a Globo na TV.
Ao destacar que plataformas pagas não conseguem concorrer com o conteúdo gratuito, Casimiro aponta o que os grandes grupos de mídia cada vez mais veem como uma incoerência da Fifa.
Globo vê conflito de interesses em parceira de Cazé. Ou seja, ela negocia com a Globo e todos os potenciais interessados. Mas ao mesmo tempo, a LiveMode também é responsável pela produção e comercialização das lives de Casimiro. Na Copa, a LiveMode e a Fifa não conseguiram vender os direitos da competição no digital e criaram pouco antes do início da competição o projeto com Casimiro.
Executivos ouvidos pela coluna afirmam que o relacionamento entre LiveMode e Globo é ótimo, mas reclamam do papel da LiveMode na cadeia de valor, atuando como compradora e vendedora ao mesmo tempo.
A coluna questionou a LiveMode sobre a relação com a Globo e quais medidas tomava para evitar possíveis conflitos de interesse entre produtos feitos por Casimiro e outras empresas, mas por meio de sua assessoria de imprensa a LiveMode disse que não iria comentar.
Enquanto Globo, Fifa e LiveMode não se entendem, Casimiro cresce
Ao provocar o influenciador em sua nova campanha, o Globoplay tenta fazer do limão uma limonada. A Globo tem uma eficiente equipe de pesquisa e marketing. Sem dúvida, conhecem o histórico de campanhas em que uma marca provoca a outra. Historicamente são as marcas número dois que começam o ataque. Então, o Globoplay não esconde que Casimiro é o nome a ser batido na transmissão do Mundial de Clubes da Fifa na TV.
O Globoplay tem pouco a perder batendo de frente com Casimiro. Com o BBB e as novelas a plataforma da Globo encontrou uma audiência fiel que permite crescer consistentemente há anos sem gastar bilhões de dólares em conteúdo como os concorrentes internacionais. Mas no futebol a Globo é notória pela TV, não o streaming.
Casimiro disse estar avaliando criar uma resposta para a campanha do Globoplay, o que comprova sua maturidade e inteligência. O mesmo não se pode dizer de alguns executivos graúdos do mundo esportivo.
Faltou combinar o jogo com o Google
Ao mesmo tempo que a Fifa cobra valores altíssimos para negociar pacotes com grupos de mídia como a Globo, da qual fatura bilhões, a federação oferece de graça o mesmo conteúdo na internet. Para piorar, acordos como o de Casimiro, que são baseados em divisão de receita, trazem apenas alguns milhares de reais para a Fifa.
O plano da Fifa na Copa era levar os jogos para o YouTube, mostrar o potencial e convencer a plataforma de vídeos do Google a fechar um contrato parrudo como já foi o da Globo no passado. Mas as chances parecem cada vez mais distantes.
"O Google está adorando do jeito que está. Não tem motivo para mudar. Pouco provável que compre qualquer direito para o Brasil", diz um executivo especializado em negociações esportivas. Quando a Fifa entrega conteúdo gratuitamente no YouTube, também acelera a derrocada da TV a cabo, que ainda é uma fonte de receita relevante para os grupos de mídia tradicionais. Por que pagar pelo cabo ou pacote de jogos se está de graca no YouTube?
Quem vai pagar a conta?
Nos Estados Unidos, onde o YouTube comprou o "Sunday Ticket" da NFL por R$ 10 bilhões por ano, a transmissão não será gratuita e a conta é salgada. O pacote de jogos poderá custar até US$ 300 (mais de R$ 1 mil) por temporada quando a YouTube TV assumir o controle. Os fãs poderão adicionar o "Sunday Ticket" ao YouTube TV, que custa US$ 64,99 por mês, ou comprá-lo como um serviço independente.
Atualmente, os planos "Sunday Ticket", que estão na DirecTV, variam de US$ 79,99 a US$ 149,99 por mês. Uma das razões da DirecTV abrir mão dos jogos foi o prejuízo. A empresa nunca teve lucro com esses jogos que custavam R$ 5 bilhões por ano
Ou seja, nos Estados Unidos o Google paga bilhões para transmitir os jogos e cobra altos valores para que os usuários tenham acesso a eles, no Brasil está recebendo de graça conteúdo premium. No mundo inteiro é assim porque de outro modo a conta não fecha. É inviável transmitir jogos com os atuais custos de direitos sem ter os assinantes da TV a cabo ou do streaming.
A Netflix já disse que não transmite esportes por serem muito caros e porque não quer ter prejuízo. O próprio Casimiro afirmou que gostaria de transmitir todos os campeonatos, mas que os direitos são inviáveis. O prejuízo da Globo com a Copa do Mundo é emblemático neste sentido.
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