"Fui convidado para a festinha clandestina do Neymar! O que fazer?"

Se o amigo leitor é rico, famoso e apenas moderadamente preocupado com os rumos da pandemia no Brasil, é bem possível que tenha recebido uma cartinha convidando para o suposto rega-bofe promovido por Neymar em Mangaratiba.

Existe uma ética bastante restrita quando o assunto é festinha para centenas de pessoas no mesmo período em que um vírus tão transmissível deixa hospitais cheios e UTIs operando no limite da capacidade.

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Claro, todo esse ano cheio de impossibilidades sociais só aumentou o FOMO dos mais jovens. Para quem não sabe, é uma sigla para fear of missing out, medo de perder alguma coisa importante. Uma sensação desgraçada de angústia, amplamente potencializada pela internet. Como se todos estivessem curtindo a vida, menos você.

Imagine só ficar do outro lado dessa ansiedade, provocando nos outros, em vez de sofrendo. Além do mais, se o afável leitor está na lista de convidados, é possível que tenha no Instagram uma relevante ferramenta de trabalho. Ou pelo menos é o que costuma dizer em casa.

Então é natural um pouco de empolgação com a oportunidade de curtir ótimos shows em um ambiente exclusivo às custas de um jogador milionário. Dependendo da versão corrente, apenas 150 ou 500 pessoas receberam o mesmo prestígio.

De qualquer forma, existem mais do que algumas boas razões para perder a boca livre. Quase 200 mil razões, diriam os sensatos defensores das medidas da OMS. Em vez de correr o risco de lidar com uma crise sanitária e também de relações públicas, declinar o convite é o melhor caminho.

É difícil apelar para o bom senso do prezado leitor quanto cancelamentos em série se transformaram em um ótimo modelo de negócio. Mas tente se destacar da multidão: seja aquela pessoa que resolveu, por livre e espontânea vontade, não comparecer.

E depois, como qualquer cidadão pós-moderno, capitalize em cima dessa ausência. Ficar conhecido como a subcelebridade mais parcimoniosa e equilibrada do Instagram pode garantir uma vaga no BBB 21.

Quem sabe assim, na próxima pandemia, a festinha mais concorrida do litoral brasileiro não será a sua?

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