Livro apresenta a arte de Celso Gitahy, pioneiro do graffiti no Brasil
Artista plástico, professor e pesquisador, Celso Mendonça Gitahy nasceu em São Paulo em 1968 e desde o final dos anos 80 faz parte da cena da street art da cidade. Uma cidade bem diferente da de hoje. "A cena de arte urbana em São Paulo nos anos oitenta e noventa foi intensa, porém com número bem menor de artistas usando a cidade como suporte. Dava para reconhecer os artistas somente por seus traços e estilo, coisa que hoje está mais difícil", diz Gitahy. As mudanças dessa cena pelo olhar e pelas tintas de Gitahy são apresentados agora em um livro que está em campanha de financiamento no Catarse.
Uma das principais características de "Celso Gitahy — Uma timeline", livro da editora Afluente, é ressaltar a inquietação e versatilidade do artista. Partindo do desenho ainda criança e passando por diversas técnicas e suportes, até chegar na arte digital e na videoarte, com seu estilo particular com forte predominância do stencil e de elementos pop.
O livro apresenta em dezesseis capítulos diferentes fases do trabalho de Gitahy, com textos introdutórios assinados por nomes de peso da cena artística brasileira. Os capítulos são ricamente ilustrados e as imagens são complementadas por informações e comentários feitos pelo próprio artista. O poliartista José Roberto Aguilar escreveu com propriedade no prefácio: "Esse livro é um marco. É importantíssimo para a compreensão da arte brasileira sob a óptica da graffiti."
Nesta campanha do Catarse, o livro chegará em suas mãos pelo correio, assinado pelo artista, com uma dedicatória e um carimbo com a imagem de uma das obras do Gitahy. Além disso, as recompensas incluem pinturas originais, com tamanhos e quantidades variáveis e existe ainda a possibilidade de ter uma pintura feita pelo Gitahy em uma parede da sua casa. A chance de ter um pedaço de arte de um talento histórico da cena brasileira. Para citar mais um colaborador do livro, Paulo Klein, crítico e curador de arte: "Ele se confunde com a própria história do graffiti paulistano."
Gitahy não foi o primeiro a usar a técnica nem elementos da cultura pop nas ruas de cidade. Sua influência vinha de uma geração que apareceu ainda nos anos 80. "Quem foi decisivo influenciador nessa época foi o artista Maurício Villaça com seus personagens pops e divertidos. A turma que pintava com stencil foi uma grande referência, Alex Vallauri, Carlos Matuck, Oxi, Hudinilson Jr. E tantos outros amigos foram referências importantes. Inclusive o próprio John Howard com seus traços a mão livre e pequenos "stenceis" incorporados a sua iconografia. A pop art foi uma explosão energética e criativa no horizonte também."
Enquanto essa geração já estava nas ruas, Gitahy estudava artes plásticas no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Passar do mundo acadêmico para a street art foi natural para o artista. "Pintar na rua foi uma opção viável de continuar com a atividade artística sem necessariamente precisar de títulos acadêmicos e curriculum. Uma arte mais direta e de frente com o público, sem intermediários. A questão da democratização da arte se tornando mais acessível a todos os segmentos sociais foram importantes em minha decisão de ir também para a rua pintar."
Dentro do graffiti, existem algumas técnicas que permitem agilidade e uma reprodução em escala, como o stencil. Esse formato é facilmente identificável, sendo o desenho feito em uma superfície vazada que recebe a tinta e imprime a ilustração na parede. Essa técnica permite que um mesmo desenho seja replicado com exatidão em qualquer lugar. Quem popularizou este tipo de arte no mundo foi o inglês Banksy. No Brasil, quem domina o estilo há mais de 3 décadas é Celso Gitahy. "O stencil surgiu de ver um dos meus irmãos utilizando chapas de pulmão em acetatos para pintar uma caveira num figurino que precisou fazer em uma ocasião para a escola. O recurso de proteger uma parte e expor outra a aplicação de tinta sempre me encantou, tanto pela praticidade, quanto pelo resultado da impressão". Toda essa história pessoal do artista se confunde com a própria história da arte urbana paulistana e brasileira, cuja bibliografia não faz jus ao tamanho enorme da cena. "Celso Gitahy - Uma timeline" pode ser adquirido no site do Catarse.
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