A escultura mais popular do mundo é brasileira e é exposta no Carnaval
Quando se pensa na escultura mais famosa do mundo, um nome sempre aparece, David de Michelangelo. De fato, é um exemplo de sucesso de crítica e público. Em 2022, ano da volta da programação normal após pandemia, a Galleria dell'Accademia, em Florença, na Itália, onde fica a obra-prima de mármore, recebeu quase 1,4 milhão de visitantes. Um número bem expressivo, de fato. Mas e se eu te falasse que uma escultura no Brasil atrai um público maior em menos de um dia?
Em Recife, desde 1995, o Carnaval é marcado pela presença do Galo Gigante — escultura auto explicativa, pois é um galo e gigante — no que é reconhecido como o maior bloco carnavalesco do mundo, o Galo da Madrugada. A expectativa para o desfile de hoje, se os números forem iguais aos do ano passado, é que mais de 2,5 milhões de pessoas se reunirão em volta da escultura gigante em menos de 24 horas. É mais de um milhão de visitantes a mais do que o trabalho de Michelangelo recebe em um ano.
Apesar de o bloco ter surgido em 1978, foi somente em 1995 que a escultura apareceu para virar símbolo do desfile. Justamente um ano após o Guiness Book reconhecer o Galo da Madrugada como o maior bloco de Carnaval do planeta, com seu 1,5 milhão de foliões desfilando pelas ruas do centro da cidade na época.
Todo Carnaval o galo ganha novas cores, caras e homenagens. A street art foi a inspiração da vez no ano de 2017, com o jornalista e grafiteiro Flávio Barra. A decisão de trazer alguém da arte urbana para a decoração do maior símbolo do Carnaval do Recife gerou críticas de vários lados. A ideia da prefeitura para aquele ano fez com que o último responsável pela confecção do galo, Sávio Araújo, se afastasse do projeto. A proposta era uma escultura cinza para ser toda grafitada. Coube, então, a Flávio Barra a responsabilidade pelo galo naquele ano. Isso gerou críticas também dos grafiteiros, que questionaram a representatividade do artista escolhido para a cena local.
Entre os artistas que já assinaram a criação, destaque para Walther Holmes, Mestre Tonho e Leopoldo Nóbrega, que esse ano assina novamente o galo, que homenageia os idosos e o manto Tupinambá (aquele que a Dinamarca pretende devolver ao Brasil esse ano). O abre-alas do bloco começa a partir das 7h na ponte Duarte Coelho, no Recife, e o galo seguirá ali até a Quarta-feira de Cinzas. Se tiver algum folião em Florença e queira ver a outra escultura, o museu Galleria dell'Accademia estará aberto durante todo o Carnaval — e com um público muito menor.
Opinião
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