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Realities: o Brasil na TV

Série documental sobre os bastidores de reality shows brasileiros


Quando tudo era mato: Supla, Frota e Zeca Camargo contam bastidores dos primeiros realities do Brasil

Do UOL, em São Paulo

26/01/2022 04h00

Sendo febre no Brasil há mais de 20 anos, parece até mentira pensar que os reality shows algum dia não fizeram parte das nossas vidas. Imagina ter a ideia de colocar artistas e anônimos confinados em um mesmo espaço em busca de um prêmio em dinheiro, enquanto todo mundo assiste a cada passo deles?

É isso que "Realities: o Brasil na TV", novo documentário de Splash e MOV.doc, revive, lembrando perrengues e curiosidades da chegada dos reality shows ao nosso país com a ajuda de alguns de seus principais personagens.

Sequestro e pijama

Enquanto a Globo ainda fechava negócio com a Endemol para idealizar o primeiro "BBB", Silvio Santos acabou passando na frente e estreou a "Casa dos Artistas" no SBT, nosso primeiro reality show, lá em 2001.

"Teve as mais variadas reações. Lembro que a mais engraçada de todas foi o Mateus Carrieri tendo certeza absoluta que aquilo era uma grande pegadinha do Silvio", relembra Rodrigo Carelli, diretor da "Casa dos Artistas" e depois de "A Fazenda" na RecordTV.

Tudo foi preparado sob muito sigilo, e fazer o reality nascer foi um verdadeiro desafio. Uma casa de Silvio Santos ao lado da mansão onde mora o apresentador serviu como cenário do programa, o que gerou as mais inusitadas situações antes e durante a atração.

"Nessa época que a gente estava montando [a casa], aconteceu o sequestro da Patrícia e o sequestro do próprio Silvio, que foi dentro da casa do Silvio, então a imprensa inteira do Brasil estava na frente. A gente fazia tudo isso com a imprensa ali sem saber", relembra Carelli.

"Olho para o espelho e vejo o Sílvio Santos do outro lado do vidro de pijama. Todas as filhas, todo mundo assistindo o programa atrás do vidro", conta Alexandre Frota. "Ele estava curtindo que era do lado, então ficava vendo", revela Supla. Os dois foram participantes da primeira edição da "Casa dos Artistas".

A corrida da Globo

Um ano antes da "Casa dos Artistas", estreava o "No Limite" na Globo, inspirado no formato do norte-americano "Survivor". A competição linha dura também bombou na audiência, mesmo diante de muita confusão.

"Eu lembro delas [participantes] perguntando: 'Mas eu vou ter que ficar longe da minha família?' Óbvio. 'Mas eu vou passar fome?' Talvez sim. 'Assistência médica?' Aí a gente olhava um para o outro", relembra Zeca Camargo, apresentador do primeiro "No Limite".

Com o estouro do SBT, porém, a Globo precisou apressar a grande estreia do "BBB", fazendo até matérias no "Fantástico" para explicar do que se tratava um reality show. "Casa dos Artistas" chegou a vencer o dominical na audiência.

"Foi um caos na Globo. Milhões de reuniões, o que fazer, de quem foi a culpa, quem não descobriu isso antes. Uns cinco dias depois, chega uma liminar da Justiça para tirar do ar o programa [Casa dos Artistas], que eles consideravam que era um plágio. Tinha atrapalhado a audiência de 'O Clone'", conta Carelli.

"Casa dos Artistas" não saiu do ar, mas o "BBB 1" estreou logo um mês depois do fim do reality do SBT em um formato muito diferente do atual.

"A gente não sabia o que tinha para comer. Era o primeiro Big Brother. Eu ouvia no corredor passando os carrinhos, a câmera dando zoom, um cara falando. Era tudo um teste", revela Kleber Bambam, vencedor do primeiro "BBB".

Para conferir essas e outras histórias dos primórdios dos reality shows no Brasil, assista a "Realities: o Brasil na TV", que estreia nesta quarta (26) no YouTube de MOV.doc e de Splash. O segundo episódio, "Teste de Elenco", estreia dia 27, e o terceiro, "Pode isso, produção?", estreia na sexta, dia 28.