Para onde vai o vinho que a França mandou destruir a preço bilionário?

Mudanças nos hábitos de consumo e até consequências da pandemia levaram a um excesso de produção de vinhos em certas regiões de França, Espanha e Portugal e, segundo dados da União Europeia, o desequilíbrio entre a oferta e a procura está gerando um verdadeiro colapso nas vendas da bebida.

A solução para toda essa crise tem sido... destruir as bebidas. E a medida não é nada barata.

A França, por exemplo, anunciou que vai reservar 200 milhões de euros (cerca de R$ 1 bilhão) para financiar a destruição da produção excedente de vinho do país, em uma tentativa de apoiar os produtores em dificuldades. Várias regiões do país têm sido afetadas pela crise, sendo Bordeaux a mais atingida atualmente, segundo o "The Guardian".

Esse vinho, no entanto, não é totalmente desperdiçado, garantem os órgãos competentes do país — um dos mais famosos pela produção da bebida. O álcool excedente deverá ser destilado pelos produtores. Após o processo, a mercadoria poderá ser vendida para fabricantes de perfumes, produtos de limpeza, entre outras indústrias.

Segundo o ministro da Agricultura, Marc Fesneau, o apoio financeiro servirá para "travar a queda dos preços e para que os produtores de vinho possam voltar a encontrar fontes de receitas". Ele também destacou que a indústria precisa de "olhar para o futuro, pensar nas mudanças dos consumidores... e adaptar-se".

"Destilação de crise"

Tratada como uma resolução de caráter excepcional, ela existe justamente para retirar o excesso de vinho do mercado.

A providência consiste na produção de álcool destinado exclusivamente a fins industriais (incluindo produtos de desinfeção ou fármacos), como também para fins energéticos — como biocombustível.

Em Portugal, por exemplo, o apoio é pago ao destilador por litro de vinho destilado e inclui os custos do abastecimento e destilação, segundo o Ministério da Agricultura do país.

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Produção excessiva

A União Europeia afirma que a redução do consumo de vinho está ligada à ação da inflação nos preços de alimentos e bebidas, às consequências causadas no mercado pela pandemia — como por exemplo o fechamento de restaurantes — e à uma tendência de longo prazo de os consumidores mudarem para cerveja e outras bebidas.

Ainda segundo o órgão, a produção de vinho da UE aumentou 4% em 2023 em comparação com o ano anterior, enquanto a queda no consumo da bebida está estimada em 7% em Itália, 10% em Espanha, 15% em França, 22% na Alemanha e 34% em Portugal.

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