O que fazer em San Andrés, a ilha mais barata do Caribe
Gabrielli Menezes
Colaboração para Nossa, de San Andrés, Colômbia
29/07/2023 15h41
Enquanto paraísos caribenhos como República Dominicana e Jamaica são certeiros para quem pode pagar por resorts all-inclusive, a pequena ilha de San Andrés consegue abraçar outros tipos de turistas. É um destino acessível e democrático.
Como há poucas hospedagens de luxo, os visitantes saem dos cercadinhos privados e dividem espaço com locais, seja na praia ou na balada. Isso faz com as pessoas tenham uma experiência culturalmente mais animada — e até relativamente mais real — da vida no Caribe.
O pedaço de 26 quilômetros quadrados de terra rodeado do chamado "mar de sete cores" pertence à Colômbia, embora esteja mais próximo do litoral da Nicarágua.
Os brasileiros desembarcam no aeroporto da ilha por meio de voos que fazem conexão em Cartagena, Bogotá ou Cidade do Panamá (veja como aproveitar um stopover na cidade).
Para curtir o que San Andrés tem de melhor a companhia do sol é imprescindível. Ele aparece com vontade por lá de janeiro a maio, quando o vento também ajuda a suavizar o calor excessivo. Já entre setembro e novembro, as possíveis tempestades tropicais podem destruir os sonhos das férias perfeitas — evite viajar no período.
Além de torrar na areia e se refrescar na água, os turistas são convidados pelas (muitas) agências a conhecer as ilhotas mais próximas e realizar outras atividades aquáticas.
Tem batismo de mergulho com cilindro, caminhada no fundo do mar, paraquedas rebocado por lancha, caiaque no mangue? Tudo a um preço convidativo em comparação a outros destinos — inclusive nacionais. O que traz alegria para o bolso, porém, requer dose extra de paciência: alguns passeios são superlotados.
A boa notícia é que quando se cansar ainda dá para rodar pelo centro comercial — os produtos são livres de impostos —, comer em restaurantes de gastronomia internacional ou bebericar à beira-mar.
A seguir, confira um guia completo com atividades imperdíveis e dicas que vão além do óbvio:
PRAIAS
Spratt Bight/Peatonal
A praia acompanha a orla do bombado centrinho comercial da ilha. No calçadão, por onde só passam pedestres, há lojinhas, restaurantes e feiras de artesanato.
Pela localização privilegiada, é possível que você cruze com ela diversas vezes ao longo da estadia. Mesmo assim, vale reservar um dia (ou até mais) para estender uma canga na areia branquinha e observar um dos mares mais lindos do mundo. Nada mal, né?!
San Luis
As outras faixas de areia possíveis de pegar um bronze e de entrar em águas tranquilas ficam na costa leste da ilha, chamada de San Luis. Distantes da maioria das pousadas, podem ser visitadas de táxi ou de veículo alugado, o que dá a liberdade de zanzar pelos espaços e encontrar o trecho que faz o seu estilo.
Há partes quase inóspitas onde abre-se mão da infraestrutura em prol da tranquilidade. Para estar mais assistido, a dica é a área nomeada de Cocoplum. É lá que ficam o badalado beach club Aqua, com espreguiçadeiras e comidinhas, e a Rocky Cay, atração que pode ser visitada num passeio de barco. Quando a maré está baixa, o acesso é facilitado: os banhistas chegam até as águas cristalinas da ilhota em menos de 10 minutos.
PONTOS TURÍSTICOS
Acuario e Haynes Cay
O nome "aquário" não é por acaso. Nesse banco de areia no meio de barreiras paralelas de corais, a água é tão cristalina, calma e rasa que dá para observar peixes de fora dela.
Para fugir do acúmulo assombroso de turistas, a dica é pegar os primeiros barcos que partem da Spratt Bight ou do porto Muelle Casa de la Cultura. Assim, conseguirá usufruir melhor da estrutura, que, embora simples, conta com bebidas e aluguel de snorkel (útil somente caso não tenha comprado o seu próprio) e de armário (essencial para guardar a mochila e poder mergulhar).
Outro atrativo do lugar é estar perto de Haynes Cay. Lá, há barracas que servem almoço e uma vista bonita para o acuario. É possível chegar à ilhota andando, sempre segurando na corda para se esquivar da correnteza. No trecho, talvez você dê a sorte de encontrar uma arraia — é ali por perto que as agências realizam o mergulho com a espécie jamanta.
Atenção: quando o mar está agitado, o local é fechado para visitação. Na hora de montar o roteiro, certifique-se de que há espaços vazios para realocar a atividade caso necessário.
Preço aproximado: 65.000 COP (cerca de R$ 78)
West View
Um dos rolês mais divertidos de San Andrés está dentro de West View. O estabelecimento de ambiente simples construído numa área de águas profundas deu seu jeito de entreter os visitantes.
As pessoas pagam uma pequena taxa para entrar e poder saltar dos trampolins direto no mar. Se faltar coragem, não se preocupe: dá para descer no mar pelas escadas ou de tobogã e também tomar sol nas cadeiras de praia enquanto olha os outros pulando.
Como há música, comidinhas, bebidas e aluguel de snorkel, de armário e de colete salva-vidas, vale reservar metade de um dia para ficar por lá.
Preço aproximado: 7.000 COP (cerca de R$ 8,50)
Johnny Cay
O mar translúcido quando a maré está calma não decepciona em Johnny Cay. Mas o que mais chama a atenção dos viajantes nesta pequena ilha que pode ser contornada a pé em trinta minutos são os lagartos azuis. Marca registrada do lugar, eles perambulam pela areia e entre as árvores.
Outro diferencial está nos shows de reggae tradicional que rolam vez ou outra. Como nos demais pontos turísticos da lista, a praia tem estrutura simples de aluguel de equipamentos e armário, além de serviço de almoço, cadeiras e cabanas.
O maior problema está na quantidade de pessoas que saem da praia de Spratt Bight e desembarcam no lugar. Conforme as horas passam, a experiência vai ficando mais caótica. Quanto mais cedo chegar e ir embora, melhor.
Preço aproximado: 80.000 COP (cerca de R$ 96)
PASSEIOS
Volta na ilha
Uma ótima forma de começar a viagem é alugando moto ou carrinho de golfe. Chamado de mula, ele chega a 30 km/h e acomoda duas ou quatro pessoas. Embora a moto saia mais em conta, o carro certamente é o mais seguro — o trânsito de San Andrés é um tanto desorganizado.
No centro da cidade, há diversas lojas oferecendo o serviço. Geralmente, retira-se o veículo pela manhã para devolver ao fim do dia. É necessário apresentar a carteira de habilitação do país de origem. O melhor que se pode fazer motorizado é dar a volta na ilha. Vá beirando a orla toda vida e pare nos pontos turísticos que desejar, como West View e San Luis.
Preço aproximado: 100.000 COP a moto e 230.000 COP a mulita para dois (R$ 120 e R$ 276)
Caiaque no mangue
O Caribe também tem manguezal — e é lindo! No chamado Parque Nacional dos Manguezais, uma empresa comunitária faz uma imersão na biodiversidade do ecossistema durante uma volta de caiaque ao pôr-do-sol.
A vegetação retorcida se encontra com a água clara do mar e você consegue ver medusas, anêmonas, esponjas, corais de fogo e peixes mergulhando confortavelmente no raso, munido de snorkel e salva-vidas. É um passeio sem perrengues que termina com um delicioso café da tarde com raízes, frutas e peixes típicos da ilha.
Preço: 140.000 COP (R$ 168)
Parasail
A expressão "mar de sete cores" faz total sentido se você topa pairar pelo céu num paraquedas. Uma lancha sai do porto com várias duplas a bordo e zanza pela costa da ilha até que todas as pessoas tenham o seu momento de voar.
Funciona assim: você e seu parceiro de aventura vestem uma cadeirinha/cinturão, ficam de pé na popa do barco e são presos pelo instrutor ao paraquedas e à corda ligada à lancha. Conforme o barco acelera e a corda se estende, vocês ganham altura. O voo dura cerca de 10 minutos, mas pela quantidade de pessoas na lancha o tempo total do passeio chega a 2 horas.
Preço aproximado: 190.000 COP (R$ 228)
Mergulho de cilindro
Por toda a ilha há anúncios: "realizamos batismo de mergulho". A euforia tem motivos. O lugar é considerado um dos melhores para a prática: tem grande visibilidade de água, temperatura amena que possibilita os viajantes a utilizar seus próprios trajes de banho e grande variedade de vida marinha.
Outro ponto que conta a favor é que mesmo quem nunca mergulhou pode ter a sua primeira experiência guiada já dentro do mar — daí a palavra 'batismo'. Ao contrário de outros cursos que dividem as etapas em diferentes dias, em San Andrés você aprende a parte teórica e prática numa tacada só.
Como se trata de uma atividade arriscada, porém, é importante procurar uma escola que siga todas as regras e tenha certificações internacionais. O mergulho é realizado entre 9 e 12 metros de profundidade.
Preço aproximado: 190.000 COP (R$ 228)
Aquanautas
Quem tem medo de mergulho com cilindro, mas passou longe da fila da claustrofobia, vai ser muito feliz como um "aquanauta".
Vestindo um capacete de 29 quilos que permite observar a vida marinha por meio de um vidro de acrílico e respirar normalmente graças a um sistema que oferece oxigênio por um fio conectado à superfície, os visitantes caminham pelo fundo do mar acompanhados de um instrutor durante 25 minutos. Sem necessidade de treinamento prévio, até quem não sabe nadar é bem-vindo na atividade, que tem uma parada na estátua afogada de Poseidon.
Preço aproximado: 130.000 COP
ONDE COMER
Criminal Taquería
Trata-se de um achado. É barato, saboroso e bem localizado. Na orla de Spratt Bight, a lanchonete especializada em comida mexicana serve os clientes em mesinhas de frente para o mar.
Escolha entre quesadillas, tacos e burritos e não se esqueça de pingar gotinhas das pimentas disponíveis sobre o balcão.
Mais informações: @criminalsanandres
Casablanca
Um dos principais hotéis da ilha também abre os restaurantes para quem não é hóspede. São quatro estabelecimentos lado a lado. Cada um tem a sua especialidade, mas tanto faz em qual deles se sentar já que é possível pedir pratos das cozinhas vizinhas. Saboroso, o arroz com camarão não economiza na quantidade de crustáceos.
Mais informações: @hotelcasablancasanandres
Dihuk Comida De Mar
Um quiosque no canto de Spratt Bight oferece boas comidinhas de rua focadas em frutos do mar. Além de frituras como batata e lula servidas no cone, há espetinhos e sanduíches.
A típica arepa, pão molinho de trigo ou milho, fica ótima recheada de camarão salteado.
Mais informações: @dihukcomidademar
La Regatta
Aberto em 1999, é o restaurante mais concorrido da ilha. Garantir sua reserva antes mesmo de embarcar para San Andrés não é exagero. Entre os atrativos estão a localização — fica sobre um píer — e, claro, a comida. O menu é focado em peixes e frutos do mar.
Mais informações: @laregatta
Peru Wok
Com unidades em Medellín, Cali e Barranquilla, a rede foca em preparos peruanos. Isso inclui porco salteado com vegetais, carnes e frutos do mar grelhados na chapa de ferro e ceviche.
Em San Andrés, há um chamariz extra: a vista para o mar onde os banhistas dão lugar a praticantes de windsurf.
Mais informações: @peruwok
RESPOSTAS RÁPIDAS
para 8 perguntas frequentes
Onde se hospedar?
As pousadas do centro tem como vantagem estarem perto de tudo e como desvantagem, o preço. Um bom meio termo é a área atrás do aeroporto. Quem não quiser pagar pelo táxi de 15.000 a 20.000 COP, chega caminhando à a orla em cerca de 15 minutos. Seja onde for, leia os comentários nos sites de hospedagem para certificar-se de que há água quente no chuveiro. Trata-se de um ponto sensível na região.
Vale a pena fazer compras?
Não é como um outlet norte-americano em época de dólar a 2 reais, mas sim. Os preços de eletrônicos, roupas e alimentos são um pouco mais baixos do que no Brasil e algumas lojas dão descontos para pagamento à vista em dólar. Perfumes são a grande atração. Guarde um pouco da grana para conferir as promoções do aeroporto.
Preciso me preocupar com transporte?
Boa parte das distâncias podem ser percorridas a pé. A não ser que sua hospedagem esteja muito distante do centro, só vale alugar o carrinho de golfe no dia que dará a volta na ilha. Quando necessário, é mais fácil recorrer aos táxis. São carros coloridos, sem qualquer bandeira, que cobram preços fixos para os trajetos. Para não sair em desvantagem, sempre negocie antes de entrar.
Qual moeda levar?
Diferentemente do que está rolando em Buenos Aires, o real não tem cotação favorável na Colômbia. Prefira levar dólar para trocar em agências de câmbio. Outra opção é sacar direto de caixas automáticos do Bancolombia ou Banco de Bogotá. Nesse caso, o limite diário é de 600.000 COP, há IOF de 6,38% e é preciso liberar o seu cartão para saques internacionais.
Precisa de passaporte?
Os brasileiros podem entrar na Colômbia com RG original em bom estado, emitido há menos de 10 anos. Para evitar qualquer confusão, porém, especialistas recomendam levar o passaporte.
Tenho que tomar alguma vacina?
Além de cumprir com os requisitos necessários em relação a Covid-19 (consulte as exigências do órgão oficial aqui), é preciso tomar a dose integral de febre amarela. A vacina é aplicada nos postos de saúde do SUS, sem necessidade de agendamento, e o comprovante internacional é emitido por meio da Anvisa.
Como pago a taxa de entrada?
San Andrés exige uma 'tarjeta de turismo'. Independentemente do seu tempo de permanência, o valor é o mesmo: 124.000 COP. O pagamento é feito no check-in ou no portão de embarque do seu voo para San Andrés, em Bogotá, Cartagena ou Cidade do Panamá. Atenção: guarde o comprovante para mostrar na entrada e na saída da ilha.
Preciso comprar sapatilha de mergulho?
Sim! Vale usar a sapatilha todas as vezes que for entrar no mar ou passear pelos corais para se proteger de ouriços e possíveis machucados. Compre também um kit de óculos e snorkel. Assim, não precisará alugar a cada passeio.
* Preços e cotação consultados em julho de 2023.