Bate e volta no Caribe: como conhecer ilhas paradisíacas durante a conexão
Entre pedaços imponentes de terra cobertos de coqueiros altos e ilhotas que quase pareciam caber no bolso, a areia clara e o mar ora verde, ora azul. Era esse o cenário do meu bate e volta para o Caribe panamenho.
Com duração de um dia, o passeio até o arquipélago Kuna Yala, conhecido também como San Blas, é um motivo para estender a parada entre voos na Cidade do Panamá. E não pesa tanto no bolso.
Isso porque, antes de seguir rumo ao último destino, é possível conhecer o país por até sete dias (desde que tenha vacina de febre amarela) sem custo adicional por meio do programa de Stopover da Copa Airlines, companhia que opera o hub de conexões entre as Américas na região.
A viagem da capital, voltada para o Pacífico, à costa Norte do Panamá, banhada pelo mar do Caribe, é feita via agências locais. Para facilitar o trâmite e se sentir mais seguro — sobretudo se estiver sem companhia —, minha dica é buscar empresas brasileiras, como a Instaviagem. Funciona como uma intermediadora que passa todas as informações necessárias em português, além de fornecer um contato de emergência.
O esquema é roots
Às quatro e meia da manhã o despertador tocou. Em meia hora, me arrumei, aprontei a mochila (veja ao fim desta reportagem o que é bom levar) e esperei o guia me buscar no hotel.
Agradeci por ser a primeira da excursão e poder sentar no banco da frente. Tinha lido que o trajeto poderia enjoar as pessoas com estômago sensível.
É verdade. Mesmo as rodas gigantes da caminhonete quatro por quatro enfrentaram com dificuldade a segunda parte da estrada.
Quem estava dentro chacoalhava de um lado para o outro. Dava pulinhos involuntários do banco.
Foram quase três horas e meia, contando duas paradas. Uma para o café da manhã e outra que funciona como uma espécie de imigração.
Território protegido
Quando chegamos a uma casa cercada por militares armados, o motorista diminuiu a velocidade e disse que era hora de mostrar os passaportes e pagar a taxa de 20 dólares para entrar no território Guna.
Na placa, um símbolo similar à suástica, só que em outra direção, me fez enrijecer de leve os músculos. Mesmo tensa, perguntei ao motorista o que significava.
Tratava-se da bandeira da Revolução Guna e o motivo pelo qual a sensação era a de entrar num outro país. Em 1925, os indígenas da região partiram para a luta a armada contra o governo panamenho, que à época forçava a ocidentalização dos nativos após a separação da Colômbia.
Com a vitória, foi criado o território autônomo da comarca Guna Yala. Na área de mais de 3 mil quilômetros, contando o continente e as ilhas, 49 povos exercem seus costumes ancestrais sob as normas do chamado Congresso General de Guna, que, entre outras funções, dá a permissão para os guias atuarem.
"Precisamos estudar, fazer cursos e estudar línguas, como inglês, espanhol e francês. Em San Blas, somos em cerca de 200 guias. Recebemos turistas todos os dias do ano. Há panamenhos, americanos, peruanos, brasileiros...", conta Naidi Hernanez, o guia que acompanhou o grupo que eu estava pelo arquipélago.
Nada de resort
Assim como o carro em que eu estava, outros tantos estacionaram no porto. Ali, os visitantes são apresentados aos seus respectivos guias locais e entram em barquinhos.
A paisagem parece comum para quem está acostumado com a Mata Atlântica e o litoral do Brasil. Não à toa pensava comigo mesma: "nada demais". Em determinado momento, porém, um suspiro generalizado a bordo provou que havia me antecipado na conclusão.
O mar de repente fica translúcido e o olhar cuidadoso enxerga até os peixinhos mais brancos.
O hype é real: esse tal de Caribe é tudo isso mesmo.
Das 10h às 16h, conheci uma piscina natural e três ilhas. No total, são 365 — uma para cada dia do ano, como repetem os integrantes da comunidade Guna.
Algumas eram movimentadas tanto por estrangeiros quanto por nativos. Outras estavam calmas.
Tão calmas que sentia que tinha o Caribe para mim".
Em todos os casos, a estrutura passa longe daqueles resorts que constroem realidades paralelas com padrões europeus ou estadunidenses. Das cadeiras às acomodações (há pessoas que passam até quatro dias em San Blas), impera a simplicidade.
As mordomias para os turistas vêm em forma de caiaque para passear, snorkel para enxergar peixes e estrelas-do-mar, e comidinhas.
Frutas cortadas de lanche e peixe inteiro servido com patacones (rodelas de banana-da-terra amassadas e fritas) mais uma lata de cerveja estão inclusos no pacote, cujo preço muda de acordo com o câmbio — em 19 de setembro, custava R$ 870,30.
Quem quer consumir outras bebidas alcoólicas pode recorrer aos "barzinhos". Dá para se embriagar: havia um ponto de venda em cada ilha.
As cinco horas de bronze, brisa e calmaria passaram voando, mesmo sem internet ou conhecidos por perto. Quando dei por mim notei que aproveitei boa parte do tempo flutuando na água e deitada bem na pontinha da areia para sentir o ir e vir do mar. Uma calmaria só. O que mais eu poderia querer?
Pra levar na mochila
As coisas óbvias que a gente esquece
- Água e comidinhas
- Boné ou chapéu
- Óculos de sol
- Protetor solar
- Repelente
- Sunga/biquini
- Toalha
- Casaco (no carro, com o ar-condicionado, pode ficar frio)
- Uma troca extra de roupas
- Dólares trocados (lembrando que US$ 20 ficam na entrada)
- Passaporte
- Zip Lock (para colocar tudo que não pode molhar)
- Power bank (por mais que seja difícil conseguir sinal de internet, a bateria do celular vai embora rapidinho com fotos e vídeos)
- Vinagre (vai que você faz como eu, pisa no ouriço e termina o dia com quatro espinhos no pé)
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