Baleia beluga perdida no rio Sena corre risco de nadar para Paris, diz ONG
A baleia beluga encontrada na última terça (2) no rio Sena, que atravessa a capital francesa e chega ao Canal da Mancha, corre o risco de chegar a Paris — onde seu estado de saúde poderia se complicar ainda mais, acredita a presidente da ONG Sea Shepherd France, Lamya Essemlali, que monitora o animal diariamente e atualmente tenta alimentá-lo, resgatá-lo ou guiá-lo até o mar junto às autoridades.
Desta sexta (5), o mamífero se encontra entre duas eclusas, nadando a cerca de 70 quilômetros de Paris — entre a Cidade Luz e o porto de Le Havre, onde o Sena deságua.
Lamya Essemlali explicou nesta segunda (8) à RFI que a decisão sobre abrir as eclusas do Sena para permitir que o cetáceo alcance o mar vai depender do estado geral do animal nos próximos dias. "O risco de abrir as eclusas é que a beluga não consiga percorrer esta enorme distância que a separa do mar — são 150 quilômetros até Le Havre — e que vá em direção a Paris, o que seria extremamente complicado", afirma.
O motivo desta complicação está na oferta de alimentos para ela na zona urbana, que é inexistente, e na temperatura das águas quentes e doces parisienses. Belugas vivem no oceano, que além de salgado, é um ambiente bem mais frio.
Após um fim de semana difícil e de "poucas esperanças", em que recusou se alimentar com trutas vivas oferecidas pelas equipes de resgate, informou à Agência France-Presse Isabelle Dorliat-Pouzet, oficial do departamento de Eure, a baleia parece ter feito progressos — o que pode viabilizar outra hipótese de salvamento: a remoção mecânica do animal, caso recobre força física suficiente para sobreviver o traslado.
Ontem, Lamya estimou também à AFP que a beluga tivesse 24 horas ou 48 horas, no máximo, antes que tivesse que ser removida do rio para o mar ou morreria. No entanto, as manchas que surgiram em seu corpo no fim da última semana — resultado provável de uma reação à água doce do rio ou da deterioração de seu estado de saúde, segundo a BBC — já não estão mais lá.
Seu ânimo também parece ter ganhado novo fôlego após um coquetel de antibióticos e vitaminas.
"Por enquanto, ela continua bastante curiosa, ela tem um comportamento que nos deixa esperançosos. Não há degradação de seu estado. Hoje, por volta de 4 horas da manhã, ela se esfregou nas margens do rio e se livrou das manchas que tinha nas costas, só não sabemos se foi graças aos antibióticos que foram administrados e começaram a fazer efeito, mas ela está visualmente melhor", relatou Lamya nesta segunda.
As equipes de resgate continuam tentando alimentar a beluga. "Antes, ela ignorava completamente tudo o que oferecíamos. Agora, ela se aproxima, olha, mas não temos como saber se ela come, porque a água é muito turva, e é muito difícil saber o que ela faz a cada vez que está submersa".