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Tudo o que você precisa saber para cuidar do seu pet

Roedores podem ser pets carinhosos e exigem cuidados. Saiba como ter um

Aline Gil com suas chinchilas Lilla (mais clara) e Lolla -  Fernando Moraes/UOL
Aline Gil com suas chinchilas Lilla (mais clara) e Lolla
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Juliana Finardi

Colaboração com Nossa

08/05/2021 04h00

Cada vez mais populares como animais domésticos, os pequenos roedores são uma boa opção de pet para quem não tem muito espaço em casa. A escolha entre porquinhos da índia, chinchilas, ratos twister ou camundongos deve levar em consideração aspectos como características da espécie, espaço, tempo disponível e faixa etária dos humanos pretendentes a tutores de um Mickey Mouse para chamar de seu.

A bióloga Sandra Mattiolo, 52 anos, é completamente apaixonada por Van Gogh, um porquinho da índia que era bem "ruivinho" há quase cinco anos, quando ela e a filha o conheceram e por isso a homenagem ao pintor famoso, originalmente ruivo.

"Minha filha sempre quis ter um bichinho de estimação. Ela teve uma sequência de três hamsters chinezinhos, que duram em média dois anos. Depois, quando ela começou a ameaçar que queria ter cachorro, como moramos em apartamento e ficamos fora o tempo todo, optamos pelo porquinho da índia", diz.

Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh
Imagem: Fernando Moraes/UOL

As duas aprenderam tudo sobre a espécie, como montar uma casinha e informações sobre o que os porquinhos da índia gostam de comer. "Sabemos que todo porquinho gosta de pimentão, mas o Van Gogh não. Então tem a questão da personalidade também", afirma Sandra.

Van Gogh tem uma casinha com bichinhos de pelúcia e livre acesso à sala. Além disso, feno à vontade, ração de boa qualidade e verduras frescas.

Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL
Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Cada bicho, um olhar

Pesquisar sobre a espécie, como fizeram Sandra e a filha, é uma das recomendações do veterinário da SPet junto a Cobasi Butantã, Raoni Canal.

"É preciso que a pessoa também entenda a necessidade de cada animalzinho, suas particularidades, expectativa de vida. Ter um pet é um compromisso a longo prazo. Se a rotina é muito atribulada e, por exemplo, a pessoa não tem tempo de limpar a gaiola ou o espaço diariamente, talvez não seja o melhor momento"

As irmãs chinchilas Lilla e Lolla, de 8 anos, por exemplo, são inseparáveis, atendem pelo nome, fazem birra quando os humanos demoram muito para voltar de alguma viagem e cuidam uma da outra.

Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla
Imagem: Fernando Moraes/UOL

"Se eu fico até 15 dias fora, quando chego coloco um determinado brinquedo e elas brincam normalmente. Caso eu demore mais que isso, além de ignorarem o brinquedo, elas ficam mais de um mês sem olhar na minha cara", conta a administradora Aline Gil, 39 anos.

O "prêmio fofura", porém, vai para o episódio em que Lolla perdeu o rabo e Lilla cuidou da irmã. "Quando a Lolla perdeu o rabo, imediatamente separamos as duas para que a Lolla se recuperasse, mas o criador nos aconselhou a deixá-las juntas. Como chinchilas adoram uva passa, colocávamos o remédio da Lolla na uva passa. Então, a Lilla levava a uva passa com remédio para a Lolla", lembra Aline.

A administradora diz que sempre quis ter chinchilas pelo fato de serem animais "apaixonantes e os roedores mais inteligentes". E não é conversa suspeita de "mãe de chinchila". Raoni Canal explica que são mesmo animais extremamente inteligentes que gostam de conviver com os humanos e com outros de sua espécie.

A chinchila é indicada para pessoas que tenham mais disposição e tempo de interação. É longeva e pode chegar a 20 anos de vida, exigindo cuidados inerentes à idade avançada", conta.

Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL
Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Rotina de cuidados

Para a monitora infantil Tamires Guizi Macedo, 25 anos, Bartolomeu e Frederico, mais conhecidos como Bartô e Fred, são dois cachorros em forma de ratinhos twister. "Eles são fofinhos, carinhosos, se apegam, ficam lambendo igual cachorros".

Bartô e Fred, de Tamires Guizi Macedo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Bartô e Fred, de Tamires Guizi Macedo
Imagem: Arquivo pessoal

Ela diz que sempre foi fã de roedores, mas em virtude da discordância dos pais, só pode tê-los quando foi morar com a avó. A monitora já teve hamsters que morreram sem que ela soubesse o motivo. Foi por isso que estudou todas as necessidades relacionadas ao manejo correto dos ratinhos.

Eles são bem sensíveis, não podem tomar muito vento. Também não podemos utilizar produtos de limpeza com cheiro muito forte perto deles. Outra coisa que aprendi é que em contato com a própria urina eles podem desenvolver uma doença no pulmão."

Com exceção dos gastos esporádicos com veterinário, Tamires diz que as despesas mensais com os twister não passa de R$ 100 entre ração e tapetes higiênicos.

Canal explica que além da ração e substratos a serem trocados diariamente, fatores como verduras, legumes e brinquedos também devem ser colocados na ponta do lápis para os cálculos de gastos com um roedor.

"Outro item que devemos levar em consideração é que qualquer animal pode ter problemas de saúde e custos inesperados com atendimento médico, exames e medicações. Logo que o bichinho entra para a família, uma consulta de rotina para orientações gerais e exames preventivos são essenciais", indica.

O técnico em telecomunicações Victor Emanuel, 21 anos, nunca foi muito interessado em roedores mas, em parceria com a namorada Miryan e influenciado por ela, decidiu ter uma ratinha twister. Foi assim que a Tatá entrou na vida deles. Com pouco espaço em casa, também não havia como optar por outro tipo de pet.

A ratinha twister Tatá - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A ratinha twister Tatá
Imagem: Arquivo pessoal

Mas não precisou de muito tempo para que a roedora conquistasse o coração do moço. Em apenas alguns meses, ele já faz planos de aumentar o espaço da gaiola para acomodá-la melhor e até pensa em trazer uma companhia da família de roedores para a Tatá.

"A gente sempre busca informação para dar o melhor. Observamos o clima lá fora, se está quente aqui dentro, para que ela fique bem adaptada. Em se tratando de twister, temos de ter muito cuidado e atenção", disse.

O veterinário ensina que gaiolas amplas, de preferência com muitos andares e locais para se esconder, além de diversos comedouros são pontos primordiais para a saúde do pet roedor. Alimentos escondidos, brinquedos, pontos de fuga e túneis também ajudam a reduzir o estresse.

Um ponto que vale a pena ressaltar é que esses animais não devem ficar soltos sem supervisão pela casa, podem roer fios elétricos, objetos e plantas, podendo se machucar."

Qual escolher

Entre camundongos, porquinhos da índia e ratinhos twister, Canal diz que os dois últimos, mais calmos, são os mais indicados para famílias com crianças.

Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Sandra Mattiolo e seu porquinho da índia Van Gogh
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Já o camundongo, por ser um animalzinho mais arredio e precisar de amor e cuidado de forma constante, é mais indicado para um adulto ou adolescente.

O veterinário com atendimento especializado em animais silvestres e comportamento animal, Lucas Belchior Souza de Oliveira, afirma que vários fatores permeiam a escolha pelo roedor "correto". "Sabemos que os roedores permeiam vários estratos da sociedade como pragas, experimentação científica, pets, alimentação, e isso deve ser levado em consideração já que o pet escolhido merece cuidado e atenção como qualquer outro."

Oliveira também orienta sobre o tempo livre que a pessoa tem disponível para dedicar ao pet e adaptação do animal ao tempo do tutor. "Em grande parte, os roedores são crepusculares, noturnos, então se o tutor quiser interagir durante o dia, pode impactar na relação dele com o pet, já que o animal estará dormindo. Alguns adaptam-se à rotina da casa."

Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla -  Fernando Moraes/UOL -  Fernando Moraes/UOL
Aline Gil, Lilla (mais clara) e Lolla
Imagem: Fernando Moraes/UOL

Outra questão a ser observada é a legislação de cada localidade. Algumas espécies de hamsters, por exemplo, não são permitidas em alguns locais. "Outros são vendidos como pets, mas em locais que não funcionam de acordo com a questão ética", afirma o veterinário, ao referir-se à criação de chinchilas para produção de carne e pele, proibida atualmente.