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Claudia Gadelha explica aposentadoria do MMA e detalha novo trabalho no UFC

Claudia Gadelha é ex-peso-palha do UFC - Buda Mendes/Getty Images
Claudia Gadelha é ex-peso-palha do UFC Imagem: Buda Mendes/Getty Images

Carlos Antunes, no Rio de Janeiro (RJ)

Ag. Fight

24/03/2022 06h00

Em dezembro de 2021, Claudia Gadelha anunciou sua aposentadoria do MMA e a notícia pegou o mundo das lutas de surpresa. A brasileira, com 33 anos, ainda integrava o ranking das melhores do mundo do peso-palha (52 kg) do UFC e era considerada forte candidata para lutar por uma nova chance de disputar o cinturão da categoria. Mas, para a lutadora, seu tempo como profissional no octógono havia acabado.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight (clique aqui), a potiguar abriu o jogo e detalhou o grande motivo para fazê-la parar de competir como atleta. Além de não ter mais a gana de outrora para lutar em alto rendimento, Gadelha passou por um problema de saúde complicado que a fez enxergar outros horizontes para seu futuro.

"Foi muito difícil (tomar essa decisão). Qualquer transição de carreira é desafiadora, mas a do atleta é uma das mais que tem. Comecei muito cedo no MMA e na época que as mulheres nem estavam no UFC, então coloquei meu corpo para passar por uma série de situações que poderia ter evitado se tivesse começado agora", explicou a ex-desafiante ao título dos palhas da liga.

"Em 2020 tive uma concussão, que para quem não sabe é uma lesão no cérebro e elas são complicadas pelos sintomas, que são náuseas, dores de cabeça muito forte, incômodos com luz, barulho... É muito emocional. Muitos atletas passam por isso e nem sabem. Eu soube porque tive dores de cabeça muito forte, parecia uma facada na cabeça. Fui parar no hospital. Tive uma síndrome pós-concussão, que pode durar por até um ano e eu fiquei dez meses. Essa lesão me fez sentar e repensar minha vida. Achei que a melhor decisão era parar e encontrar outras oportunidades", finalizou.

Embora tenha saído de dentro do octógono, Gadelha não deixou a maior companhia de MMA. Junto com a decisão de não atuar mais, a brasileira recebeu um convite irrecusável do Ultimate. Atualmente, a ex-lutadora trabalha junto com o UFC PI na formação de novos atletas, principalmente brasileiros e da América Latina. Por isso, a potiguar, que destacou sua meta em fortalecer ainda mais o esporte no Brasil, fez questão de explicar seu novo cargo e a importância do instituto para um competidor de alto rendimento

"Muita gente pensa que é uma academia, mas tem toda uma ciência por trás disso. O UFC trouxe médicos, nutricionistas, fisioterapeutas com experiências olímpicas para comandar isso. Quando você fala de performance é aqui que você tem que vir. O lutador do UFC pode entrar aqui de graça e a gente funciona para ele e ele pode fazer tudo. Temos um leque de exames para o lutador saber onde ele tem espaço para melhorar sua performance", explicou Gadelha, emendando sobre sua missão a frente do PI.

"Esse é eu dever, direcionar a galera que não sabe o que fazer. Como fazer uma galera do Brasil, não todos, mas uma parte, que MMA não é só ter coração, coragem e força de vontade. É também ter a parte científica para evoluir. Meu objetivo é fazer o MMA crescer no Brasil e desenvolver atletas brasileiros aqui dentro", concluiu.

Claudia Gadelha, de 33 anos, iniciou sua trajetória no MMA em 2008, estreou no UFC em 2014 e se aposentou do esporte em 2021. Em sua carreira, a brasileira realizou 23 lutas, venceu 18 e perdeu cinco vezes. A veterana chegou a disputar o título do peso-palha da organização e seus triunfos mais importantes foram sobre Angela Hill, Carla Esparza, Jessica Aguilar, Karolina Kowalkiewicz, Randa Markos e Valérie Létourneau.