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"Foi beijo fraternal", diz advogado de homem detido por assediar repórter

Do UOL, em São Paulo

08/09/2022 12h12

Advogado do torcedor Marcelo Benevides Silva, detido por assediar a repórter Jessica Dias, Thiago José diz que o cliente é inocente. O defensor aponta que o flamenguista quis participar "com felicidade" do link ao vivo da equipe da ESPN. Benevides está preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona central do Rio de Janeiro.

"O meu cliente não cometeu um crime. Aquele beijo foi um beijo fraternal. Um beijo de torcedor, um beijo de admirador, de uma pessoa que admira a equipe da ESPN. O meu cliente acompanha o trabalho da reportagem ESPN. Então naquele momento de interação, ele sentiu o momento de ele participar, mas participar com felicidade, sem agredir, sem causar problemas ou gerar danos. Sem conduta dolosa. Meu cliente é inocente. Aquele beijo foi um beijo simples, sem intenção de maldade. O meu cliente é uma pessoa boa", disse o advogado em vídeo enviado ao UOL Esporte.

Marcelo passou por um julgamento no Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estádio e, após audiência de custódia, teve prisão preventiva decretada. Agora, o torcedor aguarda audiência de custódia que poderá ser entre hoje e amanhã. Importunação sexual é crime inafiançável.

Jéssica Dias, repórter da ESPN, foi assediada por Marcelo antes da partida da equipe carioca contra o Vélez, pela Libertadores. Hoje, jornalista deu detalhes dos acontecimentos que vieram antes de sua entrada ao vivo e do beijo na bochecha dado pelo torcedor do Flamengo.

"Foi só um beijinho no rosto. Não. Não foi. Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os 'pedidos de desculpa' com alisamentos nos ombros e um beijo no local. Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição, existe uma logística que exige concentração. Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera o chamou a atenção dele", começou escrevendo a repórter, que continuou:

"O último ato foi o beijo no rosto. Que poderia ter sido na boca e não mudaria nada. Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime. Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar 3h em uma delegacia. Eu só queria trabalhar", disse.

Após o assédio, o torcedor, de acordo com Jéssica Dias, foi 'contido' pelos cinegrafistas Pedro e Bandeira, que faziam a reportagem junto da jornalista. O caso foi parar na delegacia, onde Jéssica registrou o caso, prestou depoimento e depois foi para casa. O Flamengo, por meio de suas redes sociais, manifestou repúdio à ação de Marcelo, que vestia a camisa do clube.

O torcedor estava acompanhado de seu filho, que tem 17 anos. No final de seu desabafo, Jéssica pediu para que o jovem e sua família não sejam culpados pelo ocorrido. Ela também relatou que o mesmo pediu desculpas pela atitude do pai. Por fim, agradeceu às mensagens de carinho e afirmou que vai ficar um tempo 'afastada' porque vai se casar no final de semana.

Em nota oficial, a ESPN afirmou que tomou providências necessárias e está apoiando a profissional. "A repórter Jéssica Dias foi hoje vítima de importunação sexual na porta do Maracanã, onde trabalhava na cobertura de Flamengo e Velez pela Copa Libertaodes. A Disney repreende qualquer tipo de violência, seja física ou verbal, e estamos prestando todo apoio à profissional e tomando as providências necessárias para que atitudes intolerantes como essas não sejam impunes. Seguimos à disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento", diz o comunicado.