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Falastrão e meteórico, 'Novo McGregor' desponta como sensação do UFC

Paddy Pimblett e seu cabelo tigelinha na comemoração de sua segunda vitória no UFC, no último sábado (19) - Reuters/Peter Cziborra
Paddy Pimblett e seu cabelo tigelinha na comemoração de sua segunda vitória no UFC, no último sábado (19) Imagem: Reuters/Peter Cziborra

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

22/03/2022 04h00

Paddy Pimblett ainda está longe de ser um nome de peso do UFC, mas a repercussão do que faz já supera e muito seu card no MMA. O inglês linguarudo e encrenqueiro é chamado por muitos de o "novo Conor McGregor" e parece confortável nesse papel: no último sábado (19) venceu mais uma luta, bateu boca com um desafeto e atraiu até Dana White para o meio da adulação.

Ele estreou entre os pesos-leve do UFC em setembro, na primeira luta de sua carreira fora do Reino Unido, e nocauteou o brasileiro Luigi Vendramini em Las Vegas. No último sábado, a vítima foi o mexicano Rodrigo Vargas, finalizado em um mata-leão para delírio da torcida em Londres. Nas duas lutas Paddy ganhou o prêmio de performance da noite.

As vitórias são impressionantes, mas talvez tivessem passado despercebidas se não fossem acompanhadas de uma estratégia precisa de comunicação. O inglês ganhou muitos fãs com seu jeito expansivo e as entrevistas apimentadas, como quando cutucou Charles do Bronx e Dustin Poirier de uma só vez. No sábado mesmo Paddy deu mais um exemplo de seus modos maluquinhos: após ter seu perfil bloqueado no Instagram, fez um desafio impensável na comemoração da vitória sobre Vargas.

"Quero lutar com Mark Zuckerberg! Vou socar sua cabeça. Estou cansado de você, cara", disse no microfone do UFC, ainda no octógono, com o sotaque marcado do norte da Inglaterra —nada mais McGregor do que isso. Aos 27 anos, Pimblett não chega a ser uma revelação, mas está virando uma sensação meteórica das artes marciais.

Ele também já elegeu um desafeto na categoria. Na semana passada, discutiu e trocou empurrões com o lutador Ilia Topuria, e o entrevero deu resultado: após vencer sua luta, o georgiano lhe desafiou no octógono do mesmo UFC Fight Night 204, mas Paddy avisou que só enfrenta um Top 15 da categoria se Dana White "acrescentar alguns zeros" em seu contrato. Enquanto isso, esnobou: "leões não se preocupam com ovelhas".

Dana não parece avesso a lhe dar o aumento. "Passei a semana inteira cansado de ouvir 'espere até você ver a entrada dele', e ele venceu de forma espetacular. Quando estava em perigo, deu a volta por cima e venceu. Toda essa conversa em volta dele, toda essa merda... este garoto é para valer. Ele tem muito hype por trás dele e mostrou a todo mundo que ele é o cara", elogiou o manda-chuva do UFC.

Quem é Paddy "The Baddy"

Patrick Pimblett nasceu em 1º de março de 1995, em Liverpool, cidade que alimentou seu fanatismo pelo clube de futebol homônimo. Desde cedo, cultivou o cabelo tigelinha que hoje destoa completamente do estereótipo de lutador, passou a se interessar pelas lutas na adolescência e virou profissional em 2012, antes mesmo de completar 18 anos.

De cara, ele enfileirou quatro vitórias seguidas, fez sua primeira luta principal em um evento Full Contact Contender, em 2015, e foi ganhando espaço no Cage Warriors. Chegou a conquistar o cinturão dos pesos-pena no Cage, mas foi destronado na luta seguinte e depois perdeu em sua segunda chance, na sequência mais difícil da carreira.

Nesta época, Paddy já havia recusado uma oferta do UFC, porque o Cage pagava melhor. "Eu teria sido estúpido se tivesse saído", chegou a dizer, mas a segunda chance bateu na porta em meio à pandemia de covid-19, e desta vez o inglês aceitou. Ele tem 18 vitórias e três derrotas no MMA.

O lutador ainda mantém um canal no YouTube com mais de 100 mil inscritos, no qual publica vídeos de sua rotina: são treinos na academia e bastidores de eventos no UFC, claro, mas também podcasts com famosos e idas ao estádio para jogos do Liverpool, time do qual é fanático.