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Medina: "Nunca experimentei drogas. Acho que o esporte tem que ser limpo"

Gabriel Medina quer medalha na Olimpíada junto com tricampeonato - Arquivo Pessoal
Gabriel Medina quer medalha na Olimpíada junto com tricampeonato Imagem: Arquivo Pessoal

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

30/11/2020 04h00

Gabriel Medina tem treinado todos os dias —coisa que, desde o começo da pandemia de coronavírus, não conseguia fazer. Em dezembro, ele estreia no Pipe Masters, no Havaí, depois de um ano de incertezas. Ao UOL Esporte, o surfista conta que, em Maresias (SP), onde mora, as praias estão ainda mais cheias do que antes da recomendação de isolamento.

Além do mundial, Medina quer medalha nas Olimpíadas de Tóquio, no primeiro ano em que o surfe estará entre as modalidades dos jogos. Diz sentir que, por ser bicampeão do mundo, a pressão é maior do que a colocada sobre o também brasileiro Ítalo Ferreira —e que sente os efeitos dessa pressão desde que venceu um mundial pela primeira vez.

"Mas isso que é legal no esporte, eu gosto dessa rotina de pressão; gosto de buscar meu melhor, de me preparar para qualquer situação. Sei que as pessoas sempre vão torcer pelo novato, por quem está chegando e não tem muita experiência. Mas tenho uma torcida gigante ao meu lado, e isso me motiva cada vez mais", afirma.

Para isso, reforçou os treinos desde que as medidas de isolamento foram afrouxadas. Antes, conta, treinava apenas a parte física, em casa.

"Hoje, passo uma hora e meia, duas horas, na academia. O mar tem tido pouca onda, então não tenho surfado muito. Assim que chegar ao Havaí, volto a treinar intensamente. Nenhuma preparação é melhor do que estar na água surfando".

A favor do esporte limpo

Gabriel Medina falou ao UOL Esporte durante o anúncio de sua nova patrocinadora, a empresa de depilação "Espaçolaser". Entre os temas da breve conversa, o surfista comentou as mudanças nas regras da Agência Mundial Antidoping para a Olimpíada.

A agência passou a classificar drogas como maconha, ecstasy, heroína e cocaína como "substâncias de abuso", com menor penalização. Ao ser questionado, como atleta olímpico, sobre a mudança, o atleta se diz leigo no assunto. "Nunca experimentei droga, nunca tomei nada. Sou a favor de o esporte estar sempre o mais limpo possível".

A marca também patrocina a irmã do atleta, Sophia Medina, de 15 anos. Durante o evento, o surfista teceu elogios à caçula e ainda se comparou a ela quando começou no esporte.

"É muito legal acompanhar, de perto, a evolução da minha irmã. Me choca a dedicação que ela tem ao surfe, me lembra a mim mesmo, quando eu era moleque. Entrava no mar cedo, saía para almoçar e ficava até escurecer. E ela vem nessa mesma pegada".

Sobre o mundial, o surfista afirma que a mudança de rota para o começo da competição é novidade: habituado a decidir títulos no Havaí, o Estado abrigará a primeira etapa da competição.

A final será, então, na Califórnia —o que, para ele, não é dos lugares mais confortáveis para se competir. "Não acho que a Califórnia tem ondas ideais para definir uma competição, mas estou me preparando: para ser o melhor do mundo, é preciso se adaptar a qualquer situação".

Apesar de animado para começar os treinos no Havaí —Medina chegou ao Estado na quinta-feira (26)—, o surfista diz que as ondas são muito disputadas por lá.

"Em três horas de água, pego duas ou três ondas. É muita gente —os atletas e os locais. Em Maresias, nesse mesmo tempo, pego umas 60 ondas. Mas faz parte, no outro dia tento de novo e é isso. A gente sempre dá um jeito".