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Ítalo: "Eu queria que minha avó estivesse viva para ver o que me tornei"

ADRIANO WILKSON

Do UOL, em Ichinomiya (Japão)

27/07/2021 04h59

"Eu queria que minha avó estivesse viva para ver o que eu me tornei e consegui fazer. Ver o que consegui fazer pelos meus pais, por aqueles que estão ao meu redor e não sei, não tenho palavras, só agradecer realmente." Foi com estas palavras que o surfista Ítalo Ferreira traduziu a emoção após conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na estreia da modalidade nas Olimpíadas.

A avó sempre foi uma referência forte na vida de Ítalo, que chorou emocionado após a conquista feita na madrugada desta terça-feira (27).

Quando se tornou campeão mundial, em 2019 —superando o compatriota Gabriel Medina na final—, o potiguar ainda sofria pela perda recente de dona Mariquinha, com quem dividia a casa e as celebrações. Foi na avó, inclusive, que ele se inspirou a cada onda para conquistar aquele primeiro grande título.

"Minha avó era bem fechada, mas, quando eu conquistava alguma coisa, ela dizia: 'Você fez bonito, meu filho'. Era sempre essa frase. "A primeira coisa que eu fazia quando chegava em casa era ir até ela e gritar 'vó, o troféu!'. Dessa vez, vou fazer a mesma coisa, porque é a ela que dedico essa conquista. Só que, agora, vou ter que gritar muito, muito alto pra ela conseguir ouvir", disse o surfista ao UOL Esporte, em entrevista exclusiva realizada há dois anos.

Se na infância o agora campeão olímpico usava uma tampa de isopor como prancha, hoje ele teve o privilégio de levar 15 das melhores para buscar a inédita medalha. Com o dinheiro que ganhou até ser campeão mundial, comprou uma casa nova para os pais, além de uma pousada e um restaurante "para que pudessem ter fonte de renda própria" —antes, seu pai vendia peixe e sua mãe era professora numa escola em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte.